Ajuntai tesouros (isto é, pessoas) no céu

Muitos estão começando seus planos de leitura da Bíblia em um ano. Essa é uma prática que eu recomendo fortemente. Mas aqui está uma outra prática que tem sido imensamente benéfica para mim ao ler a palavra de Deus.

Ao ler os vários mandamentos que Cristo deixou para seus discípulos no decorrer de seu ministério público na terra, eu medito a respeito de como ele mesmo cumpriu o mandamento que deu. Manter isso em mente pode trazer um novo e excitante entendimento das Escrituras.

Por exemplo, no Sermão do Monte, Cristo deu o seguinte mandamento:

Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração. (Mateus 6.19-21)

Cristãos devem ajuntar para si tesouros no céu. Cristo, o autor da nossa fé (Hebreus 12.2), cumpriu esse mandamento? Se sim, como ele o fez?

Me parece que Cristo manteve esse mandamento principalmente ao nos ajudar para ele no céu (João 10.10). Nós somos seu povo santo (Deuteronômio 7.6). Ele nos ressuscitou para que nos assentemos com ele (Colossenses 3.1; Efésios 2.6). Assim, como em todas as coisas, ele e o Pai tem o mesmo propósito e vontade, a saber, ajuntar um povo (isso é, um tesouro) para si mesmos no céu: “… a riqueza da glória da herança [de Deus] nos santos” (Efésios 1.18).

Há numerosas formas em que podemos cumprir esse mandamento. Embora Cristo seja o agente da salvação, a aplicação da salvação aos pecadores normalmente envolve agentes humanos (Romanos 10.14). Assim, em certo sentido, nós também podemos ajuntar para nós tesouros no céu ao entregar a Palavra da vida para o mundo descrente (Filipenses 2.16).

Esposas podem ajuntar para si tesouros no céu de acordo com o mandamento de Pedro em 1 Pedro 3.1-2, “Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso próprio marido, para que, se ele ainda não obedece à palavra, seja ganho, sem palavra alguma, por meio do procedimento de sua esposa, ao observar o vosso honesto comportamento cheio de temor.”

Pastores podem ajuntar tesouros para si no céu de acordo com o mandamento de Paulo a Timóteo em 1 Timóteo 4.16, “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes.”

Crentes podem viver vidas piedosas de forma que os descrentes são levados ao reino (1 Pedro 2.12; Mateus 5.16).

Pais tem um papel a cumprir na salvação de seus filhos (Efésios 6.4; 2 Timóteo 3.15).

Assim, podemos entender Mateus 6.19-21 de uma forma que evita que nos tornemos egoístas a respeito dos tesouros no céu. Nossos tesouros no céu incluem o povo de Deus, assim como o tesouro de Cristo é sua noiva. Mas, surpreendentemente, nós temos um papel a cumprir no “ajuntamento” de tesouros/pessoas no céu.

Eu já ouvi muitas vezes o porquê de evangelizarmos. “As pessoas estão indo para o inferno”. Verdade. “Deus não é adorado”. De fato. Mas também podemos dizer que temos uma obrigação, como Cristo teve, de ajuntar tesouros para nós (isso é, almas) no céu, o que é uma grande parte de nosso galardão. O céu será uma grande família de pessoas que são o tesouro não só de Cristo, mas nosso também. Em nosso evangelismo, temos dito às pessoas que queremos passar a eternidade com eles no céu?

A vida inteira de Cristo foi uma atividade missionária. Adão era parte do tesouro de Deus. Adão pecou. Mas Adão continuou sendo parte do tesouro de Deus. Como Deus iria ajuntar Adão para si no céu? Por meio de Cristo. Cristo se compraz em Adão no céu porque o Pai deseja se regozijar em Adão no céu. Adão, assim como cada santo redimido, é um laço de amor entre o Pai e o Filho.

Também nos é dito que onde nosso tesouro está, ali também estará nosso coração (Mateus 6.21). Onde está o coração de Cristo no céu? Nos pecadores na terra e nos redimidos no céu, porque somos seu tesouro – aqueles que ele leva pessoalmente ao Pai.

Assim, gosto de pensar que quando Cristo deixou esse mandamento aos seus discípulos, ele sabia precisamente que estava ajuntando-os para si no céu, pois seu coração neles.