Mais e mais comentaristas dizem que já passamos do ponto crítico em relação ao casamento homossexual nos Estados Unidos. Quase que diariamente um político ou uma celebridade encara um microfone e declaram seu apoio à causa. Parece que o paradigma mudou, que os valores estão invertidos.
Se o casamento homossexual é politicamente uma realidade indiscutível, eu não sei. O que me preocupa, atualmente, é a tentação entre os cristãos de seguirem a corrente. A premissa é de que a nação não compartilha mais de nossa mesma moralidade e nós não podemos impor nossa visão aos outros ou ultrapassar a linha que divide Estado e Igreja. Além do mais, nós não queremos que nenhuma política impertinente entre no nosso caminho de pregar o evangelho, certo? Então nós também devemos simplesmente engolir essa realidade. E dessa maneira, o pensamento continua.
O quanto os verdadeiros cristãos devem ativamente combater a ideia do casamento homossexual é uma questão de sabedoria. Mas com certeza nós não devemos apoiar isso, e eu adoraria convencê-lo, é uma questão de princípios bíblicos. Votar a favor disso, legislar em favor disso, governar em favor disso, dizer aos seus amigos que você acha isso aceitável – tudo isso é pecado. Apoiá-lo publica ou privadamente é “dar sua aprovação àqueles praticam” as coisas que Deus prometeu julgar – exatamente aquilo que nos é dito para não fazer em Romanos 1.32.
Além disso, o casamento homossexual estabelece uma definição de humanidade que é menos humana e uma definição de amor que é menor que amor. E não é a liberdade da religião o que os defensores do casamento homossexual querem, eles desejam a repressão de uma religião em favor da outra.
Cristãos, de forma alguma, devem seguir a corrente. Eles precisam amar aqueles que defendem o casamento homossexual mais do que amam a si mesmos precisamente recusando-se a endossar essa prática.
Eu estou dizendo isso para o bem de vocês que são crentes, que afirmam a autoridade das Escrituras, que acreditam que a prática homossexual é errada e que acreditam no julgamento final. Não pretendo aqui convencer ninguém que não compartilhe dessas convicções.
Meu objetivo nisso tudo é encorajar a igreja a ser igreja. Para que serve o sal se não tiver sabor? Ou para que serve a candeia se estiver escondida debaixo de uma vasilha? Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus.
Entendimento mais profundo de humanidade
Acredito que Voddie Baucham está extremamente correto ao dizer que “homossexual não é o novo negro”, e que não devemos formalmente equiparar orientação sexual com etnia ou sexo como componente essencial da identidade pessoal. É surpreendente para mim que batalhas legais recentes simplesmente presumem isso sem antes analisar de forma clara.
Há diversas premissas por trás da ideia de que uma pessoa com atrações homossexuais pode dizer “Eu sou homossexual” da mesma forma que alguém pode dizer “Eu sou homem” ou “Eu sou negro”. Primeiro, assume-se que desejos homossexuais estão enraizados na biologia e, portanto, é parte natural do indivíduo. Segundo, assume-se que nossos desejos naturais são basicamente bons, até o ponto em que não machucam os outros. Terceiro, assume-se que saciar esse desejo bom e natural é parte de ser um ser humano completo.
Toda essa discussão sobre “igualdade” depende dessas premissas básicas acerca do que significa ser um humano.
Casamento, então, torna-se um importante prêmio a ser conquistado pelas pessoas com atrações homossexuais porque, sendo uma das mais antigas e mais humanas instituições, casar-se publicamente legitima esses desejos profundos. Todo mundo que participa de um casamento – desde o pai que caminha com a noiva pelo centro do salão, os amigos presentes, o pastor liderando a cerimônia, o estado que certifica a união – participa em uma afirmação positiva e formal da união do casal. É difícil pensar numa maneira melhor de afirmar o desejo homossexual como bom e parte integrante de ser um humano completo do que o poder da celebração de uma cerimônia de casamento.
Não se engane: a questão fundamental em jogo no debate sobre o casamento homossexual não são os direitos de visitação, direitos de adoção, direitos de herança ou toda discussão sobre “união estável” ou “união civil”. Todas essas são questões derivadas. A questão é fundamentalmente sobre serem publicamente e completamente reconhecidos como humanos.
Cristãos com uma mentalidade bíblica, claro, não tem problema em reconhecer pessoas com atrações homossexuais como completamente humanos. Há membros na minha igreja que experimentam atrações homossexuais. Nós adoramos com eles, nós passamos férias com eles, nós os amamos. Todavia, o que o cristianismo não faz é ratificar que satisfazer todos os desejos naturais é o que torna um ser humano completo.
O cristianismo, na verdade, oferece um conceito mais maduro e profundo de humanidade, mais maduro e profundo que a própria pessoa envolvida em um estilo de vida homossexual tem dela mesma.
É mais maduro porque o cristianismo começa com a franca afirmação de que seres humanos pós-queda são completamente corruptos, em todas as áreas da vida. Uma criança afirma que todos os seus desejos são legítimos. Adultos, espero, se conhecem melhor. E um entendimento maduro da natureza caída reconhece que nossa queda afeta completamente tudo, de nossa biologia e fisiologia até nossas ambições e desejos. Atração homossexual é apenas mais uma manifestação dessa realidade. Por isso que Cristo nos ordena a ir e morrer, e porque nós devemos nascer de novo. Devemos ser novas criaturas, um processo que começa na conversão e se completa com a volta de Cristo.
Além do mais, o fato de Jesus ser o Senhor significa que sua autoridade sobre nossas vidas é completa, em todas as facetas de nossa existência. Não temos o direito de estar perante ele e insistir em nossos conceitos de masculinidade, feminilidade, amor, casamento e sexualidade. Ele que define os conceitos, até mesmo quando esses vão contra nossos desejos ou ideias mais profundos de si mesmo.
Enraizado na biologia ou não, existe uma diferença significativa entre gênero, etnia e “orientação”. Orientação consiste primariamente de – é vivida através de – desejo. E o fato de que isso envolve desejo significa que é um objeto de avaliação moral de uma forma que “ser homem” ou “ser asiático” não são.
Aqui está o que frequentemente é esquecido: nem o fato do desejo, nem a possibilidade de base biológica, conferem legitimidade moral. Não confunda “é” com “deve”. Entendemos isso bem quando tratamos, por exemplo, de comportamentos associados a vícios em substâncias ou uma desordem bipolar. O componente biológico dessas doenças certamente clama por compaixão e paciência, mas não torna os comportamentos praticados moralmente legítimos. Assumir que eles são moralmente legítimos significa tratar seres humanos como se eles fossem animais. Ninguém condena moralmente um leopardo por ele agir instintivamente. No entanto, nossos padrões morais para os seres humanos não deveriam envolver algo além do que concordar com a bioquímica do desejo? Somos mais que animais. Somos alma e corpo. Somos criados à imagem de Deus. Legitimar o desejo homossexual simplesmente porque é natural ou biológico, ironicamente, é tratar a pessoa como menos que humana.
Tudo isso para dizer que: o Cristianismo não apenas oferece um conceito mais maduro de humanidade, como também oferece um conceito mais profundo. Ele diz que somos mais do que um composto de nossos desejos, entre os quais alguns são frutos da queda, outros não.
Notavelmente, Jesus diz que nossa humanidade é mais profunda do que sexo e casamento, e certamente mais profunda do que as versões caídas dos mesmos. Ele diz que, na ressurreição, não haverá casamento ou ser dar em casamento. Casamento e sexo, ao que parece, são sombras bidimensionais que apontam para realidades tridimensionais que estão por vir. A humanidade e identidade de alguém não dependem finalmente, de forma alguma, da sombra do casamento. Ousaremos negar a humanidade total de Cristo porque ele não se casou ou teve descendentes? De fato, a humanidade desse segundo Adão não foi plenamente demonstrada pela geração de uma nova humanidade?
Há algo desumano sobre a versão do ser humano oferecida pelo pensamento homossexual. É desumano avaliar moralmente pessoas como se fossem animais, como se seus instintos as definissem.
E há algo de desumano na versão do casamento dada pelo pensamento homossexual. É desumano chamar aquilo que é bom de mau, ou desejos errados de corretos. É desumano equiparar a pessoa com a versão caída dessa pessoa, como se Deus tivesse nos criado para sermos essas versões caídas de nós mesmos. Porém, é exatamente isso que o casamento homossexual nos chama a fazer. Ele nos chama a publicamente afirmar que o mal é bem – a institucionalizar o errado como correto.
O Cristianismo diz que nós não somos integralmente definidos por etnia, sexo, casamento, ou até mesmo por desejos pecaminosos. Somos imagem e embaixadores de Deus, chamados para mostrar ao cosmos como a trina justiça de Deus, Sua santidade e Seu amor são. A mensagem cristã a uma pessoa que tem um estilo de vida homossexual é que cremos que ela é mais humana do que ela mesma acredita.