Cinco formas de glorificar a Deus com seu sofrimento

Clint Archer
Clint Archer

Se Quando você precisa confortar um amigo cristão na perda de um ente querido, é necessário estar preparado com um kit espiritual de primeiros-socorros com versículos para ajudar a iniciar a cura.

Esta lista não é exaustiva. São os cinco pontos que considero úteis para apoiar alguém que quer honrar a Deus em seu sofrimento.

1. Resista à tentação de ficar com raiva de Deus.

É natural que os enlutados tenham um sentimento de indignação, até mesmo raiva, com a perda de um ente querido. Isso, creio eu, é a resposta normal de nossa alma à maldição. Reconhecemos dentro de nós que a morte não é natural e clamamos por justiça e para que a morte simplesmente pare sua devastação. O problema é que a maioria das pessoas são teologicamente mal preparadas para o ataque dessas emoções.

A raiva pode estar mal direcionada naquele momento. Pessoas que sofrem com as dores das recentes feridas da perda podem estar tentadas a equivocadamente dirigir sua indignação contra Deus. Muitas vezes, elas dirão algo como: “Eu estou tão zangado com Deus agora que não posso sequer orar”.

Eu digo “tentadas” porque raiva de Deus é sempre um pecado.

Tiago 1.20: “Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus”

Deus nunca peca e ele nunca faz nada de injusto. A raiva é uma resposta correta a um ataque à glória de Deus (como quando Jesus purificou o Templo). Mas, estar com raiva de Deus é apontar suas armas a um amigo em vez do inimigo. Em um momento de trauma emocional, às vezes, os crentes precisam ser lembrados de resistir à tentação de pensar erroneamente sobre seu Salvador amoroso.

2. Descanse na soberania de Deus.

Quando a morte chega de uma forma especialmente inesperada – por exemplo, em um acidente súbito, ou nos casos em que uma criança é subitamente levada – há sempre uma sensação de que isso não deveria acontecer. Ficamos atônitos pela emboscada do destino. Essa sensação de ser pego de surpresa às vezes pode levar-nos a sentir como se Deus também foi surpreendido. Uma vez que Ele não nos avisou ou deu um tempo de preparação, como quando somos diagnosticados com uma doença terminal e é dado um prognóstico de tempo, podemos sentir como se a perda fosse acidental.

Mas a Bíblia nos garante que Deus é absolutamente soberano sobre a vida e a morte. Ele nunca é pego de surpresa, Ele nunca é surpreendido em eventos. Deus ordena tudo nos mínimos detalhes. Esta é a verdade que nos traz paz e descanso para um coração que está cambaleando sob o vertiginoso golpe de perda repentina.

Mateus 10.29-31: “Não se vendem dois pardais por um asse? E nem um deles cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai. E, quanto a vós outros, até os cabelos todos da cabeça estão contados. Não temais, pois! Bem mais valeis vós do que muitos pardais”.

Esta é uma realidade preciosa e profunda que precisa ser impressa no coração em luto.

3. Perceba que é bom se lamentar.

Nesses dias de Prozac e incontáveis antidepressivos oferecidos por uma comunidade médica ansiosa, é preciso lembrar que a dor sentida no luto é normal. Dor não é uma condição que tem de ser tratada. Dor não é uma doença que tem de ser curada. O luto é o tratamento, o sofrimento é a cura!

Deus nos equipou com a emoção da tristeza, da mesma forma que Ele nos deu dor física. Ele quer que a gente sinta quando as coisas estão erradas, para que possamos fazer algo a respeito. Quando você sente uma picada na sua pele, você observa e encontra uma abelha kamikase injetando veneno em você. Você não toma um analgésico para esquecer a abelha. Você trata a picada.

Quando seu amigo Lázaro morreu, “Jesus chorou” (João 11.35). Ele era conhecido como um “homem de dores e que sabe o que é padecer” (Isaías 53.3). Jesus não evitava a tristeza, porque não é errado se lamentar.

Atenuar a dor só prolonga o período de recuperação. Digo às pessoas que aconselho nessas horas difíceis, para chorar com o coração, se é o que elas sentem. Às vezes, você só precisa de uma caixa de lencinhos, um balde de sorvete, um quarto escuro e Enya tocando ao fundo, para que você chore de verdade. A catarse é um dom de Deus. E a maioria das pessoas iria testemunhar que quanto mais se permite chorar, menos frequentes e menos intensas as depressões tornam-se, até que, eventualmente, elas acontecem raramente.

4. Alegre-se na esperança da reunião.

Essa é uma alegria que só pode ser apreciada pelos cristãos que perderam entes queridos que estejam em Cristo. Uma das doces alegrias do céu não é só ver o nosso Salvador cara a cara, mas também estarmos reunidos com os nossos irmãos e irmãs em Cristo que atravessaram o Rio Jordão antes de nós.

1 Tessalonicenses 4.13-14: “Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança. Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem”.

Nós vemos o rei Davi confortado por esta verdade quando seu filho recém-nascido morreu. Ele confiantemente afirmou que “Eu irei a ele, porém ele não voltará para mim” (2 Samuel 12.20-23).

Este é o lado positivo que deve chamar a atenção dos nossos amigos quando estiverem ofuscados pelas nuvens de tempestade do luto.

5. Aproxime-se dos outros.

Embora pareça insensível pedir a um enlutado que pense nos outros, em vez de si mesmo, é uma oportunidade única para os feridos serem curados ao ministrar a outros que também sofrem.

2 Coríntios 1.3-5: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus cristo, o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação! É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos comtemplados por Deus. Porque, assim como os sofrimentos de Cristo se manifestam em grande medida a nosso favor, assim também a nossa consolação transborda por meio de Cristo”.

Há um sentido em que as únicas pessoas que podem confortar aqueles que perderam um filho, ou pai, ou melhor amigo, são aqueles que andaram pelo mesmo caminho flagrante pelo vale árido da morte. Todo mundo oferece banalidades que soam de forma trivial no ouvido do enlutado. Mas o conforto que decorre de empatia genuína é um elixir de cura no que, de outra forma, seria um momento muito solitário.

Uma coisa que eu tenho certeza que todos os cristãos concordam é: sem Cristo em nossas vidas, a morte seria impossível de enfrentar. Eu amo o triunfante lembrete do apóstolo Paulo:

“E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: ‘Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?’ O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Graças a Deus que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.” ( 1 Coríntios 15.54-57)