Como discipular um transexual – 4

Bob Thune
por Bob Thune

Este post é continuação desse (parte 1), desse (parte 2) e desse (parte 3). Leia-os antes.

Ryan começou a conversa deixando claro que, no total, ele discordou com tudo o que ele ouviu no CD. “As estatísticas de Mike (o cara do CD) estavam erradas, ele não tinha feito uma pesquisa satisfatória sobre assuntos gays, talvez ele nem tenha sido gay de verdade”, e assim por diante. Se eu estivesse tentando apenas consertar o comportamento de Ryan, eu teria sido mais pronto a defender Mike ou entrado num debate com ele sobre o homossexualismo. Mas estes não eram meus interesses. Neste ponto, eu não estava tentando convencer Ryan que seu estilo de vida era errado, eu estava tentando tocar em questões mais profundas em seu coração.

“Beleza, então você discordou com um monte de coisas no CD. E você me chamou aqui pra discutir sobre isso? Ou você me chamou aqui pra falar sobre as coisas nas quais você realmente pensou?” Com essas poucas palavras, eu mudei o foco da conversa por completo.

No discipulado, nós normalmente conversamos sobre as coisas erradas. Gastamos muito tempo conversando sobre “pecados de estimação” e coisas superficiais, quando na realidade a batalha deve ser travada no coração. Você pode conversar sobre o comportamento e sobre circunstâncias externas o dia inteiro, mas a menos que você tire os ídolos do coração, estará apenas colocando um Band-Aid no problema. Podemos dizer, como Jesus disse, que “a boca fala do que o coração está cheio” (Lucas 6.45). Ou podemos dizer como Tim Keller disse: “A raiz de todo pecado é a quebra do primeiro mandamento”. A verdadeira pergunta não é o que você está fazendo, mas qual deus você está adorando. Por isso que o que os seus discípulos querem é mais importante do que o que eles sabem.

Enquanto conversávamos, comecei a discernir que o ídolo dominante do coração de Ryan era o orgulho. Ele queria poder, aceitação, ser amado, controle. Ele encontrou isso na identidade sexual. Antes da transexualidade, ele disse que se sentia fraco, sem importância, escondido. Agora, ele tinha uma identidade. Ele era socialmente poderoso. Quando se vestia como uma mulher, ele colocava os outros na defensiva. Ele podia julgar aqueles de discordassem com seu estilo de vida como sendo pessoas preconceituosas, intolerantes, sem amor. Ele estava no controle. Agora que eu estava vendo o que ele amava e adorava, eu podia mover a conversa numa direção que tratasse a doença e não o sintoma.

Então, como se resolve o problema da idolatria? Bem, a resposta correta, claro, é se afastar dos ídolos e se achegar a Cristo. Esse é o objetivo final: arrependimento e fé. Mas aqui tem um problema: Nós adoramos os ídolos porque os amamos. Nós imploramos a eles. Eles são mais importantes do que a vida. Então, somente dizer “Arrependa-se e creia!” pode soar vazio. Esmagar nossos ídolos requer esforço em trazer à superfície nossas vontades mais profundas da alma.

Ryan começou a falar com Amy e comigo sobre coisas no CD com que ele concordou Mike havia dito que na época em que era gay, ele sempre quis ser normal, ter uma esposa e filhos. Ryan se identificou com esse desejo. Mas pensava que isso nunca seria possível, porque ele era gay e transexual. Mas no fundo, o desejo, a vontade estava lá.

“De onde você acha que essa vontade vem?” Perguntei.

“Eu não sei.”

“Posso oferecer uma resposta?”

“Claro.”

“Entenda que eu vou falar sobre isso a partir de uma perspective bíblica, porque essa é a minha visão de mundo.”

“Sim, eu sei. Continue”, ele disse.

“Eu penso que o fato de você desejar se casar e ter filhos mostra que Deus implantou certos instintos em sua alma. Se você tivesse nascido gay, e se não existisse Deus, não faria sentido você desejar ter uma esposa e filhos. A existência desse desejo testifica que você foi feito à imagem de Deus, como a bíblia diz, e que a sexualidade é algo profundamente ligado à identidade que Deus te deu como ser humano. Isso que dizer que é possível que você mude.”

“Não, não é. Eu não quero mudar. Eu sou transexual. Eu tenho sido assim desde que eu me lembro.”

“Então, porque você quer uma esposa, filhos e uma vida normal?” Perguntei.

“Sinceramente, não sei.”

“Eu acho que tem muito mais coisa aí do que você quer pensar.”

Ryan ficou pensando por uns momentos. “O que você acha que me custaria essa mudança?” ele perguntou.

“Eu penso que você tem um ídolo chamado orgulho, a quem você está adorando hoje. Você é o seu próprio deus. Vai custar uma ação da graça do verdadeiro Deus para mudar você. Você então chegará ao ponto em que entenderá que Jesus é confiável e você vai querer que ele governe seu coração ao invés de você mesmo. Entendo que isso levará um certo tempo.”

Ryan respondeu, “Bob, deixe eu te dizer por que eu não confio em Jesus.”

Traduzido por Gustavo Vilela | iPródigo.com | Original aqui