Continuamente lavado pelo Evangelho

Daniel R. Hyde

“Disse mais o Senhor a Moisés: Farás também uma bacia de bronze com o seu suporte de bronze,  para lavar. Pô-la-ás entre a tenda da congregação e o altar e deitarás água nela. Nela, Arão e seus filhos lavarão as mãos e os pés. Quando entrarem na tenda da congregação, lavar-se-ão com água, para que não morram; ou quando se chegarem ao altar para ministrar, para acender a oferta queimada ao Senhor. Lavarão, pois, as mãos e os pés, para que não morram; e isto lhes será por estatuto perpétuo, a ele e à sua posteridade, através de suas gerações” (Êxodo 30.17-20).

Assim que você nasceu, o sangue e o vérnix no seu corpo foram lavados por uma enfermeira ou mesmo por sua mãe ou seu pai. Você já tomou banho alguma vez depois que nasceu? Claro que já. Nossos corpos, continuamente, se tornam sujos, o que exige uma nova limpeza. O mesmo acontece conosco espiritualmente. Mesmo depois de nascermos novamente pelo Espírito de Deus (João 3.1-8), continuamos a pecar. Temos que ser lavados a primeira vez por Jesus, mas Ele também continua a nos lavar de nossos pecados.

A bacia de bronze com água não foi colocada no meio do pátio do tabernáculo para uma lavagem inicial, feita de uma vez por todas, que depois a tornou uma relíquia inútil. Ela deveria ser usada continuamente. Deus exigiu que os sacerdotes se lavassem “quando entrarem na tenda da congregação (…), ou quando se chegarem ao altar para ministrar” (Êxodo 30.20). Quantas vezes isso acontecia? Tantas quanto o número de vezes que eles entrassem na tenda, oferecessem um sacrifício ou fizessem uma oração. Eles precisavam se lavar todas as vezes, sem exceção, o que significa que precisavam fazê-lo todos os dias.

Essa é uma grande lição para nós hoje. Vivemos em um tempo em que o evangelho da salvação tem sido divorciado da vida cristã comum e diária. Com métodos modernos de cruzadas evangelísticas e cultos de adoração do tipo seeker-sensitive¹ nos quais o foco está no não-cristão, a maioria dos cristãos atualmente pensa que o “evangelho” é algo que contamos aos não-cristãos para que eles sejam salvos. Tivemos que ouvi-lo tempos atrás para sermos salvos e agora os não-cristãos precisam ouvir para serem salvos. Mas aprendemos algo diferente a partir dessa passagem de Êxodo 30. Aprendemos que o povo de Deus, que é descrito tanto no Antigo quanto no Novo Testamento como “um reino de sacerdotes” (Êxodo 19.6, 1 Pedro 2.9), deve constantemente ouvir as boas novas do evangelho e constantemente aplicar a limpeza dele aos seus corações.

Assim como os sacerdotes tinham de ser lavados novamente a cada dia, nós precisamos ser lavados continuamente pelas boas novas de que o sangue e o Espírito de Jesus nos limparam e continuam a nos limpar de nossos pecados. O Apóstolo João disse aos cristãos do passado: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e ele é a propiciação pelos nossos pecados” (1 João 2.1-2a).

 



¹ N. do T.: igrejas preocupadas em atender as necessidades “sentidas” pelas pessoas, especialmente os visitantes, ao invés de ter como objetivo principal pregar fielmente as Escrituras.