Desintoxicação Sexual (1)


por Tim Challies
por Tim Challies

Introdução

Não é fácil ser um jovem rapaz hoje em dia. Talvez nunca tenha sido fácil, mas atualmente os desafios que os jovens que querem se manter santos enfrentam parecem ser mais difíceis do que nunca. Você vive em um tempo em que a cultura parece estar toda entregue ao sexo. Ele está sempre ao seu redor e você mal consegue evitar sua sedução.
Onde quer que você vá, você é encarado pelas tentações e, se você for igual à maioria dos garotos, já começou a ceder a elas. Talvez você tenha acabado de começar a olhar pornografia, talvez você já esteja nisso há vários anos. Talvez você esteja lutando contra a masturbação, desejando não se dar este prazer, mas talvez tenha descoberto que é muito mais difícil parar do que você um dia imaginou. Talvez você tenha descoberto que, mais do que nunca, o sexo está enchendo a sua mente e impactando o seu coração.

Essa série de posts é especialmente designada para homens jovens – aqueles que ainda não são casados, mas que esperam casar-se no futuro. Talvez você não esteja namorando ou talvez você já tenha encontrado a mulher dos seus sonhos e já esteja perto de casar-se e construir uma vida juntos. Talvez a mulher dos seus sonhos pareça estar ainda muito longe. Não importa sua situação, eu quero usar estes posts para ajudá-lo a descobrir o plano de Deus para o sexo e para a sexualidade. Eu quero ajudá-lo a encontrar as mentiras em que você acreditou sobre o sexo e quero ajudá-lo a substituí-las pela verdade, que vem diretamente de Deus, que criou o sexo para nós.

“Pornificando” o leito conjugal

Eu sempre agradeço a Deus por ter crescido nos anos que antecederam a entrada da internet em todas as casas. Não estou certo se eu teria lidado muito bem com isso. Não é que eu seja antigo, mas os meus trinta e três anos significam que eu nasci e cresci em um mundo pré-internet. É difícil quantificar – ou mesmo qualificar – como o mundo mudou desde que a web ligou todos nós juntos nessa estranha e elaborada rede de bits e bytes. Há dificilmente uma área da vida que permanece intocada por ela. Nós não temos aquele mesmo velho mundo mais (+) a Internet. Temos um mundo totalmente novo. Mesmo as coisas de carne e osso, como o sexo foram radicalmente alteradas neste mundo digital.
Adolescentes nos anos 90 (quando eu estava crescendo) não eram muito diferentes das adolescentes de hoje.

Queríamos as mesmas coisas, apenas tínhamos que batalhar um pouco mais para obter algumas delas. Se quiséssemos ver pornografia (e nós queríamos, é claro), o processo geralmente envolvia pelo menos duas crianças que trabalhavam em conjunto, uma das quais distraía um comerciante, enquanto o outro iria tentar roubar uma revista da prateleira na parte de trás da loja. Ela teria que pegar uma revista da prateleira, escondê-la dentro das calças e sair da loja sem ser notado. Era perigoso, envolvia altos riscos. Se desse errado, poderia facilmente envolver um encontro realmente desagradável entre seus pais e a polícia. Os tempos mudaram.

Hoje, como você sabe, um cara só precisa ligar o seu computador e, em dois ou três cliques do mouse, ele pode ter acesso ilimitado a quantidades ilimitadas de pornografia. Hoje é realmente muito mais difícil evitar a pornografia do que encontrá-la. Seria literalmente impossível uma pessoa assistir a toda pornografia que está sendo criada hoje. Não haveria bastantes horas no dia ou dias no ano. Nem perto disso. Nem preciso dizer que os adolescentes – meninos, em particular, – são rápidos para aproveitar essa festa pornográfica. Mesmo meninos pré-adolescentes estão sendo atraídos para o mundo da pornografia. Desde o primeiro despertar da sexualidade de um menino, ele está sendo inundados com imagens pornográficas. Estas não são simples imagens de mulheres nuas como seria duas gerações atrás, mas são imagens muito fortes, que muitas vezes mostram o que é vil e degradante. A sexualidade de uma geração inteira de crianças está sendo formada não por conversas com seus pais, não pelo tipo de livro que me foi dado quando jovem, mas por profissionais da indústria de pornografia, que farão qualquer coisa – qualquer coisa! – para alimentar o desejo por uma depravação maior.

Esta é a verdadeira natureza do pecado, não é? O pecado é progressivo por natureza. Se você dá uma polegada, ele logo pede para tirar uma milha. O pecado nunca está satisfeito, mas sempre procura e deseja mais.

Você já foi assustado pelo seu pecado? Talvez tenha havido um momento em que você viu como um pecado em particular estava tomando mais de você. Talvez você tenha pensado que estava no controle de seu pecado, mas de repente descobriu que, quase em um instante, ela tinha aumentado para o próximo nível. Você já não estava no controle, o pecado tinha passado a ditar o caminho e você estava mais e mais conformado com o passeio, obedecendo aos impulsos da carne. Este é um lugar horrível para estar e eu acredito que todo mundo já experimentou isso uma vez ou outra.

Eu sei sem qualquer dúvida que muitos, muitos homens jovens (e de meia-idade e idosos) podem testemunhar do poder da pornografia em dominar a pessoa. O primeiro vislumbre da pornografia pode ser fugaz – intrigante, mas de curta duração. Um corpo nu é tudo o que olho precisa ver e fornece todo o “combustível” por um tempo. Mas em pouco tempo o coração anseia por mais. O que antes era satisfatório agora é chato, o que antes era bruto de repente é desejável. Ao longo do caminho, a percepção geral de uma pessoa sobre o sexo é alterada. Já não é a simples relação sexual entre um homem e uma mulher. Em vez disso, torna-se uma série de atos, mesmo os atos que são, de alguma forma, desconfortáveis ou degradantes. Pornografia ensina que o sexo é tudo, menos íntima relação de pessoa para pessoa, contato entre corpo e alma dos cônjuges desejosos. E, como se costuma dizer, a vida logo imita a “arte”. Jovens contraem matrimônio com suas mentes cheias de imagens pornográficas e os seus corações cheios do desejo de realizar fantasias pornográficas.

Pouco tempo atrás, li um artigo escrito por uma mulher que se considerava uma feminista. Ela insistiu que gostava de dormir com homens e às vezes considerava em dormir com uma sucessão contínua de homens. No entanto, ela compartilhou o que para ela era uma preocupação crescente. Cada vez mais, segundo ela, os homens com quem dormia não tinham nenhum real interesse nela. Eles simplesmente queriam que ela agisse como uma atriz pornô em seu benefício. Eles estavam usando-a para fazer pouco mais do que representar as suas pornografias. Não houve ternura, desejo de intimidade compartilhada, e certamente nenhum amor. Eles simplesmente usaram seu corpo como um meio para um fim imediato. Isso, ela viu, foi muito rapidamente se tornando uma nova regra. Ela estava desgostosa por isso, mas percebeu que sua visão feminista não deu nenhum recurso real, nenhuma forma eficaz de explicar o seu desgosto, seu desconforto. O que parecia claro é que uma geração de homens, se afogando em uma fossa de pornografia, tem um novo conjunto de expectativas para o que eles querem das mulheres. Eles querem mulheres para subjugar a fim de agir como estrelas pornôs. As mulheres vão sendo utilizadas, sentindo-se pouco mais do que prostitutas.

No best-seller SuperFreakonomics, Steven Levitt e Stephen Dubner gastam quase um capítulo inteiro investigando a economia da prostituição. Fazem muitas observações interessantes, uma das quais se baseia em comparações dos preços relativos entre os atos sexuais no passado e atos sexuais hoje. Parece que a natureza tabu de certos atos sempre trouxe consigo certo bônus. “Tabu” é um alvo em movimento. O que era proibido no passado e, portanto, era caro, é hoje tão popular que o preço caiu substancialmente. Algo que foi o ato mais caro está hoje entre os menos caros. Atos que antes eram tabu devido à sua natureza extremamente íntima ou vulgar e degradante são aceitas como legítimas formas de expressão sexual em qualquer relacionamento. O que por qualquer outro padrão seria considerado “normal” é agora muito indesejável, muito chato. Portanto, foi substituído pelo que é invasor e degradante.

Pornografia é inerentemente violenta, intrinsecamente desamor. É uma perversão da sexualidade, não uma verdadeira forma dela, e algo que ensina a violência e degradação em detrimento do prazer mútuo e intimidade. É sobre conquistas. É o oposto da intenção de Deus para o sexo. A pornografia desvincula o amor do sexo, deixando o sexo como a satisfação imediata dos desejos mais básicos. Ela vive para além das regras e da ética e da moralidade. Ela existe muito além do amor. E ainda inúmeros jovens, mesmo jovens cristãos, estão vindo para o casamento trazendo consigo toda essa bagagem pornográfica. Depois de ter visto milhares de atos sexuais num cenário pornográfico, eles pesam sobre suas esposas a expectativa de ter uma atriz pornô. O jovem marido supõe ou demanda que sua mulher esteja disposta a fazer qualquer coisa, e que ela vai fazer tudo isso com a devida alegria e encorajamento, e que ela será tão disposta e desejosa e qualificada como as mulheres que ele viu numa tela.

Minha grande preocupação com os jovens de hoje (que é realmente mais uma preocupação para as mulheres que serão em breve as suas jovens esposas) é que talvez inadvertidamente, ou talvez intencionalmente pornifiquem o leito conjugal. Eles podem trazer impureza ao puro, egoísmo ao altruísmo. Tendo-se entregue à pornografia, tiveram toda a sua percepção da sexualidade alterada, moldada por pornografia profissional. Eles poderão em breve impor sobre suas jovens noivas a expectativa impossível de uma estrela pornô. Com a grande maioria dos jovens tendo sido expostos à pornografia (pelo menos 90% de acordo com estudos recentes), e com uma grande percentagem deles tendo sido viciados nela, e com muitos a apreciá-la mesmo depois que entram no casamento, eles precisam ter sua compreensão e suas expectativas redefinidas de acordo com Aquele que criou o sexo.

Quando uma pessoa se torna viciada em drogas, ela tem que passar por um processo chamado de desintoxicação. No processo de desintoxicação o corpo da pessoa é limpo da droga de que se tornou dependente. É um processo difícil em que se abandona as velhas realidades e se abraça um novo padrão.

Muitos jovens precisam de uma espécie de desintoxicação sexual antes que eles estejam preparados para ser o tipo de marido puro, amoroso, atencioso, sacrificial que Deus os chama a ser. Neste livrinho curto, voltado especificamente para jovens que são solteiros, ou noivos, ou à procura de encontrar essa mulher especial, no futuro próximo, espero poder ajudá-los a reorientar a sua compreensão do sexo, tanto no quadro geral quanto no ato em si, de acordo com o plano de Deus para este grande dom. Eu vou ajudá-lo a se desintoxicar de todo o lixo que você viu, de todas as mentiras em que você acreditou.

Traduzido por Gustavo Vilela | iPródigo

Notas:

Esta série foi originalmente publicada por Tim Challies em seis partes (a primeira aqui) e mais tarde foi compilada em dois e-books, disponíveis em formato PDF neste link.

Aqui no iPródigo, a série – que será postada semanalmente, se o Senhor o permitir,-  foi traduzida do e-book para rapazes solteiros.