O ladrão da cruz: o que havia de tão grande em sua fé?

Há muitos atos de fé extraordinária na Bíblia. Aquele que mais me impressiona diz respeito ao ladrão na cruz. Nós poderíamos seguir a abordagem de que ele não tinha nada a perder, então resolveu apostar em Jesus. Mas isso não faz absolutamente nenhum sentido no texto e no contexto.

Na conversa, nós temos uma realização específica das primeiras palavras de Cristo na cruz. Mal Cristo tinha falado as palavras “Pai, perdoa-os”, o Pai já respondera aquela oração ao transformar um criminoso outrora maldizente em um santo glorificando a Cristo. Enquanto o criminoso prestes a se converter não fosse responsável direto pela morte de Cristo, ainda assim ele se uniu àqueles que eram, e indiretamente foi citado quando Cristo pediu a Deus que “os” perdoasse.

Cristo, aquele que não tinha pecado, foi contando com ou entre os transgressores (Is 53.12; Lc 22.37), todos os quais têm um problema maior que os pecados cotidianos que eles cometem. Eles odeiam Cristo, o Deus-homem. Aquele que tem um mestre além do Senhor Jesus o odeia (Lc 16.13; Gl 4.8). Que aqueles dois criminosos o abominavam é claramente manifesto durante a crucificação: “E o mesmo lhe lançaram também em rosto os salteadores que com ele estavam crucificados” (Mt 27.44).

Quando o criminoso que foi convertido estava fazendo o seu pior contra Cristo, Cristo estava fazendo seu melhor por esse criminoso.

A conversão desse criminoso foi bastante extraordinária e testifica do poder da oração de Cristo e da graça de Deus. Por quê?

A fé do criminoso não surgiu em um momento como quando Cristo transformou a água em vinho, ou realizou milagres como andar sobre a água, abrir os olhos de um cego ou trazer Lázaro dos mortos. Não! O criminoso creu no Messias enquanto ele estava pendurado como um maldito num madeiro. O criminoso confiou e ousadamente defendeu aquele cujos discípulos tinham abandonado. Jesus estava em seu ponto mais baixo quando o criminoso pediu para ser lembrado no reino de Cristo.

Quando ele estava na cruz, alguém gritou, como João Batista fez, “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1.29)? Mas foi essencialmente isso que o ladrão fez. Não surpreende muito, então, que Cristo lhe prometesse um lugar em seu reino: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.” (Lc 23.43).

O criminoso reconheceu que ele era culpado; ele reconheceu que Cristo não era (“ este nenhum mal fez”); ele temia Deus; mas, aqui está a chave: o criminoso não queria meramente estar em um lugar melhor. Ele queria estar com Cristo em um lugar melhor: “Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino” (Lc 23.42). O criminoso creu “contra toda esperança”.

Céu é um lugar melhor porque é onde Cristo está. Todo mundo quer ir para o céu, mas ninguém quer ir para o céu de Cristo. Não é o caso desse criminoso: ele viu, com seus olhos, Cristo em seu pior, mas com os olhos da fé, ele creu que Cristo logo estaria no seu melhor, e assim depositou sua fé em um rei em agonia.

Cristo está sempre – sempre! – – disposto a salvar mesmo o mais miserável dos pecadores. Um reconhecimento da culpa (Lc 23.40) e uma confiança nele e não em nós mesmos (Lc 23.42) sempre levarão à verdade mais encorajadora que um pecador pode receber: o Salvador recebe essas pessoas em seu paraíso!

“Um é salvo, e não podemos nos desesperar; o outro se perde e não podemos nos ufanar” (Spurgeon).