Para Glória e Beleza

R.C. Sproul
R.C. Sproul

Uma semana antes do natal, quando estava na terceira série, minha avó me levou até o centro de Pittsburgh para que eu pudesse comprar presentes para toda a minha família e, pela primeira vez na vida, para minha namorada. Eu queria comprar alguma coisa romântica para ela, então escolhi um broche. Pra mim, ele parecia ser feito de ouro, mas na verdade não era. Entretanto, eu poderia ter as iniciais dela gravadas, e a garota que trabalhava na loja gravou e embrulhou o broche pra mim. Era um bom presente, e quando dei para a minha namorada, ela sorriu e ficou impressionada. Aquela experiência foi muito importante pra mim porque, depois de todos esses anos, continuo amando dar joias para aquela namorada, que hoje é minha esposa.

É muito interessante o fato de que pessoas de todas as idades e de todas as civilizações e culturas são fascinadas por joias e metais preciosos, sem nenhum outro motivo a não ser pela sua beleza. Estas coisas são preciosas para nós não porque podemos comê-las ou usá-las como ferramentas, mas porque elas servem como adornos. Pela sua beleza natural, elas aumentam a beleza humana e o trabalho feito por homens.

Quando Deus levou o povo de Israel para fora do Egito e os guiou até o Sinai para receber Sua lei, Ele ordenou a construção do tabernáculo, o primeiro santuário. Deus deu aos Israelitas medidas precisas para cada parte do tabernáculo e instruções sobre o material que deverias ser usado. Mas antes de dar as instruções, Deus mandou os Israelitas levarem um sacrifício ao santuário. Deus pediu que os Israelitas dessem dinheiro para comprar os materiais de construção? Ele pediu que eles doassem lonas e postes de madeira para a tenda? Não, Ele ordenou que eles trouxessem muitos materiais diferentes. Deus disse:

“Fala aos filhos de Israel, que me tragam uma oferta alçada; de todo o homem cujo coração se mover voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alçada. E esta é a oferta alçada que recebereis deles: ouro, e prata, e cobre, e azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino, e pêlos de cabras, e peles de carneiros tintas de vermelho, e peles de texugos, e madeira de acácia, azeite para a luz, especiarias para o óleo da unção, e especiarias para o incenso, pedras de ônix, e pedras de engaste para o éfode e para o peitoral. E me farão um santuário, e habitarei no meio deles” (Êxodo 25.2-8).

É claro que a maioria, se não todos, desses itens não são essenciais para a construção de uma tenda funcional. Obviamente, Deus não queria uma tenda que fosse meramente funcional. Ele mandou que os Israelitas levassem itens que adornariam e embelezariam o tabernáculo.

Depois, Deus deu instruções semelhantemente detalhadas para as roupas que Arão deveria vestir sendo o sacerdote de cargo mais alto. Nessas instruções, Deus diz algo muito interessante. Ele ordena a Moisés: “E farás vestes sagradas a Arão teu irmão, para glória e ornamento” (Êxodo 28.2). Uma simples túnica para Arão não serviria; Deus queria que ele ministrasse em roupas que fossem habilmente tecidas e muito bonitas. Simplesmente assim, o Deus dos céus e da terra estava profundamente preocupado com a apreciação da beleza.

A fé cristã é como um banco de três pernas, mas temos a tendência de fazer nossos bancos com somente uma ou duas pernas. As três pernas por direito pertencem à fé cristã, e os três elementos da fé são: a bondade, a verdade, e a beleza. É óbvio que Deus se preocupa com a bondade, que para Ele é a fonte de tudo que é bom (Gn 1.31; Tg 1.17). Como Seu povo, somos chamados para espelhar e refletir quem Ele é, o que significa ser chamado para refletir o bem. Do mesmo modo, Deus também se preocupa com a verdade, que para Ele, Ele mesmo é a essência (Is 65.16; Jo 14.6). Por isso, precisamos ser pessoas que amam e praticam a verdade. Finalmente, como temos visto, Deus se preocupa com o que é belo. Assim quando lemos e estudamos Bíblia, chegamos à conclusão de que há uma última fonte de beleza ­­–  o caráter de Deus. Assim como o padrão normativo de bondade e verdade é Deus, também o padrão último de beleza é Deus, e Ele está muito interessado na beleza da Sua criação.

Entretanto, nós geralmente falhamos em refletir essa preocupação Dele. Aceitamos o que é útil e funcional em tantos aspectos da vida na igreja, quando deveríamos estar procurando pelo que é verdadeiramente belo.

Quando Deus criou a igreja, Ele queria que ela fosse bela. Isso nos diz que não importa o que façamos na igreja, devemos fazer com boa vontade. A vida da igreja deve ser adornada com beleza, como expressão do nosso desejo de honrar a Deus.

Traduzido e gentilmente cedido por Yuri Pena | iPródigo | original aqui