Um conto do Evangelho

David McLemore
David McLemore e sua esposa, Sarah

Eu considero o cérebro como um computador que irá parar de trabalhar quando seus componentes falharem. Não há paraíso ou vida posterior para computadores quebrados; isso é um conto de fadas para pessoas que tem medo do escuro.
Stephen Hawking

Obviamente essa é uma afirmativa falsa. É ignorante, ingênua e, honestamente, claramente estúpida. Mostra uma análise muito pequena do mundo e revela enormes problemas egoístas dentro da própria psique de Hawking – o que eu quero dizer é: ele realmente sabe que o Céu não existe? Como? Mas, se olharmos para a última frase de sua citação “isso [o Céu] é conto de fadas para pessoas que têm medo do escuro”, há nela uma incrível verdade encontrada no evangelho.

A verdade é: o Céu é um conto de fadas e o é para aqueles que têm medo do escuro.

O que Hawking não leva em conta é que, para os pecadores, o evangelho é como um conto de fadas e, para aqueles que Deus graciosamente salvou, nós temos medo do escuro. Não da mesma forma que Hawking diz, é claro, mas temos medo do escuro porque nós vimos a glória da luz. Não estar na luz de Cristo é, portanto, de fato assustador.

João despende esforço e tempo consideráveis debatendo o tema da luz versus escuridão no seu relato da história do evangelho de Jesus.  Nos primeiros nove versos do capítulo 1, ele menciona a luz do mundo sete vezes. Essa luz, Jesus, é a única que “ilumina todos os homens” (v. 9).

Mais tarde, no seu evangelho há menções sobre a escuridão. De forma mais significativa, talvez, no episódio de Nicodemos, no capítulo 3, quando Jesus proclama que você tem que nascer de novo e depois Nicodemos vem a testá-lo; e de novo do capítulo 13, quando Jesus diz a Judas que ele iria traí-lo – “E era noite” (v.30). João sabia a diferença entre luz e trevas.

Mateus, Marcos e Lucas também sabiam que a escuridão não era boa (Mateus 27.45, Marcos 15.33, Lucas 23.44). Cada uma desses relatos tem alguma variação da expressão “da sexta hora à nona hora, houve trevas”. Essas trevas, ocorrendo no meio do dia, enquanto Jesus está na cruz, é completamente assustador. Esse momento não é glorioso àquelas testemunhas. Esse momento não é de esperança, não é bom. Esse momento não é apenas o fim da vida desse homem, mas para alguns é o fim de toda a esperança e talvez mesmo da salvação. Mas, a história não termina ali. Hawking está certo sobre uma coisa, a morte existe, todo mundo sabe disso. Mas ele está errado sobre permanecermos mortos. Existe a ressurreição. Jesus, como nosso precursor, já experimentou a ressurreição e está no Céu neste exato momento em seu corpo glorificado.

É onde o conto de fadas começa. Como funciona o conto de fadas? Bem, para Disney, funciona assim:

  1. Há uma mulher frágil e humilde. Ela é dedicada à família, trabalha pesado e é negligenciada.
  2. Há um príncipe, ou um tipo de herói, para quem todos olham. Todos o honram e admiram.
  3. Em algum momento essa humilde moça atrai o olhar do corajoso príncipe.
  4. Há um inimigo que pretende destruir a moça, o príncipe, ou ambos.
  5. No final, o príncipe eventualmente destrói o inimigo e resgata sua frágil e humilde dama de sua aflição e a coloca como princesa no trono ao lado dele.

É uma história de “Era uma vez…” e “e foram felizes para sempre”. Para aqueles em Cristo, é o mesmo, com algumas importantes exceções que fazem do conto de fadas cristão o mais glorioso entre contos de fadas.

Exceção #1: Da perspectiva de Deus, nós somos frágeis e humildes. Da nossa perspectiva, somos fortes e poderosos. Com freqüência, não nos dedicamos às nossas famílias, somos preguiçosos e nunca somos negligenciados porque, se nós somos, nos certificamos de que alguém saiba que fomos negligenciados. De muitas maneiras, somos o oposto da moça frágil e humilde. Mas Filipenses 2 diz que Jesus era o frágil e humilde . Tão frágil e humilde que ele “humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz!” (2.8). Então, o evangelho, ao contrário da Disney, mostra Cristo como aquele que é frágil e humilde.

Exceção#2: Então se Jesus é o frágil e humilde, quem é o príncipe? Bem, Jesus é. Ele é o príncipe ignorado com tanta freqüência, desonrado e não admirado na forma adequada. Nós, ao contrário, nos fazemos príncipe do mundo. Nós olhamos para nós mesmos; nos preocupamos com conforto e conveniências. Envergonhamos o verdadeiro príncipe com as nossas vidas.

Exceção #3: Em algum momento, esse príncipe nos faz voltar nossos olhos para ele.

[tweet link=”http://iprodigo.com/?p=5481″]No evangelho, Jesus olha o inimigo nos olhos e o ama. Ele destrói o inimigo dentro de nós e nos transforma.[/tweet]

Exceção#4: Talvez esta seja a mais chocante diferença de todas. A verdade é que há um inimigo; ele apenas não é quem você pensa que é. Em uma reviravolta dramática, olhamos para o evangelho para ver que o verdadeiro inimigo não é qualquer coisa ou qualquer um fora de nós, mas está dentro de nós. Nós somos o inimigo. Claro que Satanás é o inimigo de Deus, mas ele só pode trabalhar com o mal que tem à sua disposição – ele não pode criar nada. Então, nós vemos que o verdadeiro inimigo está em nós e que Satanás apenas nos impele. Se não vigiado, o inimigo destruirá, mas Deus, em sua graça, não deixará isso acontecer àqueles que Ele escolheu. No evangelho, Jesus olha o inimigo nos olhos e o ama. Ele destrói o inimigo dentro de nós e nos transforma. Ele nos ama apesar do mal! Claro, como um verdadeiro conto de fadas deve ser, ele destrói Satanás também, porque ele está além da salvação.

Exceção #5: Essa não é, na verdade, uma exceção de todo. De fato, é a única que a Disney entendeu corretamente. Há uma razão pela qual nós amamos contos de fadas. Há uma razão pela qual a Disney pode fazer um filme que encanta crianças e ao mesmo tempo maravilha os adultos. O conto de fadas é verdadeiro para os que estão em Cristo! O príncipe eventualmente destruirá o inimigo! O príncipe toma sua noiva e a coloca no trono! A história é real! O evangelho, é claro, é digno de mais do que um mero rótulo de conto de fadas, mas se estamos falando de conto de fadas, vamos olhar para Jesus como o príncipe irrevogável. O príncipe humilde que resgata estúpidos, pecadores, ingratos e os coloca junto a ele na eternidade, onde se tornarão inteligentes, não pecarão mais e louvarão seu nome para sempre.

Então Stephen Hawking está certo – quase. O Céu é um conto de fadas para aqueles que têm medo do escuro, apenas não do jeito que ele disse. É um conto do evangelho em que o príncipe humilde nos salva, enquanto inimigos, das trevas e nos traz para sua luz. É glorioso em todo sentido da palavra.

Traduzido por Carla Ventura | iPródigo.com | Original aqui