Uma rede de sabedoria (3)

Jeremy Walker
Jeremy Walker

Mídias sociais para a glória de Deus

Até agora, tivemos a introdução e os dois primeiros princípios. Hoje, veremos o mais desenvolvido dos princípios, que diz respeito ao poder das palavras. Enquanto as aplicações são específicas para as mídias sociais, eu espero que os princípios sejam transferidos para quaisquer formas de comunicação.

3. Lembre-se do poder das palavras

  • A boca do justo é manancial de vida, mas na boca dos perversos mora a violência. (Pv 10.11)
  • Alguém há cuja tagarelice é como pontas de espada, mas a língua dos sábios é medicina. (Pv 12.28)
  • A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira. A língua dos sábios adorna o conhecimento, mas a boca dos insensatos derrama a estultícia. (Pv 15.1-2)
  • A língua serena é árvore de vida, mas a perversa quebranta o espírito. (Pv 15.4)
  • O homem se alegra em dar resposta adequada, e a palavra, a seu tempo, quão boa é! (Pv 15.23)
  • Os lábios justos são o contentamento do rei, e ele ama o que fala coisas retas. (Pv 16.13)
  • O furor do rei são uns mensageiros de morte, mas o homem sábio o apazigua. (Pv 16.24)
  • Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo. (Pv 25.11)
  • Como água fria para o sedento, tais são as boas-novas vindas de um país remoto. (Pv 25.25)
  • Abre a boca a favor do mudo, pelo direito de todos os que se acham desamparados. Abre a boca, julga retamente e faze justiça aos pobres e aos necessitados. (Pv 31.8-9)
  • A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto. (Pv 18.21)
  • O vento norte traz chuva, e a língua fingida, o rosto irado. (Pv 25.23)

As palavras são as ferramentas mais poderosas que você tem à sua disposição para a construção ou destruição na vida dos homens. Elas podem ser usadas para grande bem ou empregadas para grande mal, um canal de bênçãos ou uma arma de crueldade. Você deve conhecer a velha cantiga: “Paus e pedras podem quebrar meus ossos, mas palavras nunca irão me machucar.”¹ Isso é completamente sem sentido. Quando você foi ferido da forma mais profunda, não foram as palavras que foram empregadas para causar o dano, dano que perdura? Palavras perversas quebram o espírito e esmagam a alma. Negligência para com as palavras é a marca do tolo. Seja nas atualizações de status ou comentários do Facebook, tweets, posts de blog e seus comentários, conversas de salas de bate-papo, mensagens instantâneas ou de texto, discursos ou canções, o homem piedoso tem por objetivo usar as palavras para o bem, de forma saudável.

a. Note a conexão com o coração

  • A língua dos sábios derrama o conhecimento, mas o coração dos insensatos não procede assim. (Pv 15.7)
  • O coração do sábio é mestre de sua boca e aumenta a persuasão nos seus lábios. (Pv 16.23)
  • Filho meu, se o teu coração for sábio, alegrar-se-á também o meu; exultará o meu íntimo, quando os teus lábios falarem coisas retas. (Pv 23.15-16)
  • Como vaso de barro coberto de escórias de prata, assim são os lábios amorosos e o coração maligno. (Pv 26.23)

Mateus 12.34 diz que: “a boca fala do que está cheio o coração” e, nós devemos adicionar, os dedos digitam e teclam ou a caneta escreve. Outras pessoas podem e vão obter uma leitura acurada do nosso caráter a partir de nossas interações online.  As fotos ou posts que você comenta e os comentários que você faz servirão como uma janela da sua alma. Elas irão ver suas prioridades, seus apetites e suas inclinações postas a nu. É por esse motivo que, talvez, não somente empregadores precisam checar os perfis online dos empregados em potencial, mas os pastores deveriam considerar os perfis dos membros potenciais. Esse é um caminho – não um caminho infalível – de avaliar o espírito que há em um homem, levando em consideração que os lábios amorosos podem esconder um coração maligno.

b. Contribua com moderação, lenta e discretamente

  • Filho meu, atende a minha sabedoria; à minha inteligência inclina os ouvidos para que conserves a discrição, e os teus lábios guardem o conhecimento. (Pv 5.1-2)
  • No muito falar não falta transgressão, mas o que modera os lábios é prudente. (Pv 10.19)
  • O mexeriqueiro descobre o segredo, mas o fiel de espírito o encobre. (Pv 11.13)
  • Como jóia de ouro em focinho de porco, assim é a mulher formosa que não tem discrição. (Pv 11.22)
  • A ira do insensato num instante se conhece, mas o prudente oculta a afronta. (Pv 12.16)
  • O homem prudente oculta o conhecimento, mas o coração dos insensatos proclama a estultícia. (Pv 12.23)
  • O que guarda a boca conserva a sua alma, mas o que muito abre os lábios a si mesmo se arruína. (Pv 13.3)
  • O simples dá crédito a toda palavra, mas o prudente atenta para os seus passos. (Pv 14.15)
  • O longânimo é grande em entendimento, mas o de ânimo precipitado exalta a loucura. (Pv 14.29)
  • O coração do justo medita o que há de responder, mas a boca dos perversos transborda maldades.(Pv 15.28)
  • Melhor é o longânimo do que o herói da guerra, e o que domina o seu espírito, do que o que toma uma cidade. (Pv 16.32)
  • Quem retém as palavras possui o conhecimento, e o sereno de espírito é homem de inteligência. (Pv 17.27)
  • O insensato não tem prazer no entendimento, senão em externar o seu interior. (Pv 18.2)
  • Responder antes de ouvir é estultícia e vergonha. (Pv 18.13)
  • A discrição do homem o torna longânimo, e sua glória é perdoar as injúrias.(Pv 19.11)
  • O que guarda a boca e a língua guarda a sua alma das angústias. (Pv 21.23)
  • Não respondas ao insensato segundo a sua estultícia, para que não te faças semelhante a ele. Ao insensato responde segundo a sua estultícia, para que não seja ele sábio aos seus próprios olhos. (Pv 26.4-5)
  • Como o que atira pedra preciosa num montão de ruínas, assim é o que dá honra ao insensato. (Pv 26.8)
  • O insensato expande toda a sua ira, mas o sábio afinal lha reprime. (Pv 29.11)
  • visto um homem precipitado nas suas palavras? Maior esperança há para o insensato do que para ele. (Pv 29.20)

Mídias sociais demandam e, geralmente, recebem espontaneidade e imediatismo, especialmente em suas formas mais breves, instigando várias e rápidas contribuições. O ambiente nos chama a comunicarmos sem uma reflexão genuína. Novamente, a forma como a tela distancia nossa audiência pode nos trair: você anunciaria para uma platéia de dezenas, centenas ou milhares algumas das coisas que você publica online?

Nós não nos atentamos a isso enquanto estamos curvados sobre nossos smartphones ou despencados em frente às nossas telas. Provérbios nos lembra que devemos ser conscientemente cuidadosos acerca do número, velocidade e efeito pretendido das nossas palavras. Talvez nós gostemos da ideia de sermos os primeiros a responder, rápidos na cena do último acidente, despejando ideias acerca de situações que ninguém mais sequer percebeu que aconteceram. Se diminuir o ritmo significa que nosso nome não será proeminente, então que seja. Considere também como até mesmo o funcionamento dos comentários pode nos impulsionar para uma certa direção: pequenos teclados e expressões compactadas nos impedem de perceber as nuances e o desenvolvimento na discussão e interação.

Quantas vezes não revelamos nossa ignorância ao comentarmos sobre algo que nós não conhecemos simplesmente porque nos foram dadas a oportunidade e motivação para fazer isso? Bloggers e comentaristas, frequentemente, falam sobre assuntos sobre os quais eles não possuem destreza ou competência. As mídias sociais podem se tornar uma diarréia verbal involuntária. Esteja consciente de duas audiências: Deus e aqueles que vão ou podem vir a ler as suas palavras. Elas honram a Deus? O que elas pareceriam se você as dissesse para a face de alguém? Para a humanidade, exclua tudo o que a tonalidade vocal e a linguagem corporal podem comunicar e considere o que suas palavras comunicam. Dispor de tempo, considerar nossas reações, pesar nossas expressões, estarmos conscientes da nossa ignorância, falar o que é necessário, guardar o que não precisa ser revelado sobre nós mesmos ou os outros, será o caminho mais sábio e, provavelmente, irá angariar uma reputação mais valorosa no longo prazo.

c. Fale sincera e honestamente

  • Não te furtes a fazer o bem a quem de direito, estando na tua mão o poder de fazê-lo. (Pv 3.27)
  • Seis coisas o SENHOR aborrece, e a sétima a sua alma abomina: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que trama projetos iníquos, pés que se apressam a correr para o mal, testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre irmãos. (Pv 6.16-19)
  • O que diz a verdade manifesta a justiça, mas a testemunha falsa, a fraude. Alguém há cuja tagarelice é como pontas de espada, mas a língua dos sábios é medicina. O lábio veraz permanece para sempre, mas a língua mentirosa, apenas um momento. Há fraude no coração dos que maquinam mal, mas alegria têm os que aconselham a paz. Nenhum agravo sobrevirá ao justo, mas os perversos, o mal os apanhará em cheio. Os lábios mentirosos são abomináveis ao SENHOR, mas os que agem fielmente são o seu prazer. (Pv 12.17-22)
  • O perverso de coração jamais achará o bem; e o que tem a língua dobre vem a cair no mal. (Pv 17.20).
  • A falsa testemunha não fica impune, e o que profere mentiras não escapa. Ao generoso, muitos o adulam, e todos são amigos do que dá presentes. (Pv 19.5, 9)
  • Aquele que aborrece dissimula com os lábios, mas no íntimo encobre o engano; quando te falar suavemente, não te fies nele, porque sete abominações há no seu coração. Ainda que o seu ódio se encobre com engano, a sua malícia se descobrirá publicamente. (Pv 26.24-26)
  • O que repreende ao homem achará, depois, mais favor do que aquele que lisonjeia com a língua. (Pv 28.23)
  • O homem que lisonjeia a seu próximo arma-lhe uma rede aos passos. (Pv 29.5)
  • Quem teme ao homem arma ciladas, mas o que confia no SENHOR está seguro. (Pv 29.25)

Fale sinceramente sobre o que é bom assim como sobre o que é mal. A maioria das pessoas reage mais vigorosamente ao que elas não gostam, comentando e se envolvendo quando estão aborrecidas e, talvez, tendo por base nada de saudável e vantajoso. Considere encorajar o que é bom e proveitoso onde é apropriado. Ao mesmo tempo, tenha em mente que fraude e bajulação são abundantes nas mídias sociais, em parte, porque você pode facilmente colocar uma brecha entre o que você realmente é e como você quer ser percebido. Até o seu perfil pode ser mais ou menos como um exercício consciente de retoque de perfil, apresentando a pessoa que você gostaria de ser ou gostaria de aparentar ser ao invés do que você realmente é.

Nós devemos colocar esse princípio no contexto: algo pode ser verdadeiro, mas não precisa ser dito. Se você pode ou deve falar, então, fale a verdade, mesmo se para repreender pecado ou insensatez. (Por favor, tenha em mente que o espaço cibernético não é, quase certamente, o melhor local para se realizar esse lamentável mas necessário encargo.) O Senhor odeia a mentira e condena a adulação. Elogios insensatos não servem para ninguém. Por exemplo, a aparente inabilidade de alguns de ver uma foto de seu amigo sem despejar uma enxurrada de congratulações vãs acerca da suposta beleza ou compostura desse amigo deve ser controlada. Isso vai além de encorajamento, especialmente se a foto foi postada tendo em vista a extração desse tipo de resposta. Palavras evasivas e silêncio também podem ser desonestos.

d. Evite envolvimento vazio ou amargo

  • Seis coisas o SENHOR aborrece, e a sétima a sua alma abomina: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que trama projetos iníquos, pés que se apressam a correr para o mal, testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre irmãos. (Pv 6.16-19)
  • O homem iracundo suscita contendas, mas o longânimo apazigua a luta. (Pv 15.18)
  • Como o abrir-se da represa, assim é o começo da contenda; desiste, pois, antes que haja rixas. (Pv 17.14)
  • O que ama a contenda ama o pecado; o que faz alta a sua porta facilita a própria queda. (Pv 17.19)
  • Os lábios do insensato entram na contenda, e por açoites brada a sua boca. (Pv 18.6)
  • Honroso é para o homem o desviar-se de contendas, mas todo insensato se mete em rixas. (Pv 20.3)
  • Não digas: Vingar-me-ei do mal; espera pelo SENHOR, e ele te livrará. (Pv 20.22)
  • Não fales aos ouvidos do insensato, porque desprezará a sabedoria das tuas palavras. (Pv 23.9)
  • Como cidade derribada, que não tem muros, assim é o homem que não tem domínio próprio. (Pv 25.28)
  • Quem se mete em questão alheia é como aquele que toma pelas orelhas um cão que passa. (Pv 26.17)
  • Como o carvão é para a brasa, e a lenha, para o fogo, assim é o homem contencioso para acender rixas. (Pv 26.21)
  • Pesada é a pedra, e a areia é uma carga; mas a ira do insensato é mais pesada do que uma e outra. Cruel é o furor, e impetuosa, a ira, mas quem pode resistir à inveja? Melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto. (Pv 27.3-5)
  • O cobiçoso levanta contendas, mas o que confia no SENHOR prosperará. (Pv 28.25)
  • Os homens escarnecedores alvoroçam a cidade, mas os sábios desviam a ira. (Pv 29.8)
  • O iracundo levanta contendas, e o furioso multiplica as transgressões. (Pv 29.22)

Seja um pacificador onde quer que você esteja. Se você deve se envolver, faça isso bondosamente e sinceramente, como você gostaria que os outros se envolvessem com você. Não procure e participe de brigas: como ao segurar um cachorro pelas orelhas, uma vez que você agarra, não pode mais soltar. Alguns amam incitar conflitos, se deleitando ao colocar combustível no fogo. Algumas abordagens online se parecem com um tiroteio verbal em movimento.

Especialmente no mundo dos blogs, há certos ministérios que parecem envolver a ideia de que todos os demais estão completamente errados, que eles possuem todas as coisas corretas e são os (normalmente autodenominados) guardiões da ortodoxia ou da ortopraxia. Parece haver muitas pessoas com a reputação de críticos mais ou menos incisivos a manter, muitos indivíduos buscando por certo tipo de discussão para se envolver, muitos tolos participando das disputas de outros homens, muitos concorrentes procurando por uma briga ou atiçando problemas.

Há tanta disposição para discussões: há alguns ambientes onde não é preciso mais de três passos para alguém começar uma briga: alguém elogia uma pessoa (ou a desafia), a pessoa questiona o elogio (ou desafio), a primeira pessoa (ou uma outra) defende a declaração inicial e, então, todos se lançam para um lado ou para o outro. É enfadonho, não menos quando se dá entre pessoas que deveriam saber mais. Antagonismo pode surgir a partir dos assuntos mais inócuos.

e. Afaste-se da difamação e da fofoca

  • O ódio excita contendas, mas o amor cobre todas as transgressões. (Pv 10.12)
  • O que retém o ódio é de lábios falsos, e o que difama é insensato. (Pv 10.18)
  • O homem depravado cava o mal, e nos seus lábios há como que fogo ardente. O homem perverso espalha contendas, e o difamador separa os maiores amigos. (Pv 16.27-28)
  • O mexeriqueiro revela o segredo; portanto, não te metas com quem muito abre os lábios. (Pv 20.19)
  • Sem lenha, o fogo se apaga; e, não havendo maldizente, cessa a contenda. (Pv 26.20)
  • As palavras do maldizente são comida fina, que desce para o mais interior do ventre. (Pv 26.22)

Até os sites mais inocentes podem ser usados para destruir o caráter de alguém ou estragar reputações. Levantar e propagar histórias – até mesmo as verdadeiras, onde e quando você não tem o direito de se intrometer ­– não trará honra para o Senhor. Deus abomina tais coisas. Pense na quantidade de “notícias” em alguns sites que são nada além de fofoca; algumas vezes, simples difamação, tanto no mundo quanto na igreja: quem disse o que sobre quem, quem está se ligando a quem, qual é o boato acerca do que está acontecendo atrás de tais cenários em tal e tal lugar.

Novamente, leve em consideração o que precisa ser conhecido e o que precisa ser dito. Considere não falar ou esperar para falar quando você não tiver certeza. Se o assunto está pendendo na balança, pergunte-se com honestidade se você sabe exatamente ou não e se você é responsável por falar antes de você abrir a boca ou pressionar o botão apropriado. Se você puder, deixe o fogo se apagar.

# 4 a seguir….


¹ N. Do T.: Cantiga infantil inglesa utilizada para indicar que um insulto foi percebido mas ignorado. Do original: “Sticks and stones may break my bones, but words can never harm me.”