Muitos livros e filmes exploraram o fascinante apelo da viagem no tempo. Geralmente, um cientista maluco constrói algum tipo de máquina ou porção que permite a ele ou a outra pessoa viajar para frente ou para trás no tempo. E, é claro, quando eles voltam ao presente, o que eles descobriram sobre o passado ou futuro tem um impacto enorme em como eles veem e o que eles fazem no presente.
Viagem no Tempo Espiritual
Embora isso permaneça uma fantasia, algo mais para uma ficção-científica do que uma não-ficção, a Bíblia nos encoraja a viajarmos espiritualmente no tempo. O crente usa sua fé para se transportar para o futuro, uma experiência espiritual que tem um impacto santificador significativo no presente (2 Pedro 3.11). E, em Romanos 6, o fiel usa a fé para voltar no tempo, novamente com impacto significativo no presente.
Essa viagem espiritual no tempo não é um opcional extra, algo para cristãos ambiciosos, mas algo para todo cristão tentar. Na verdade, você nunca fará um progresso duradouro quanto à santidade se você não voltar no tempo para a Cruz do Calvário e o túmulo vazio.
Deixe-me colocar isso da maneira mais franca e clara o possível: A santidade do cristão depende primordialmente da sua capacidade de viajar no tempo pela fé.
Sim, há outras estratégias úteis para a busca da santidade, incluindo o uso diligente dos meios da graça, disciplinas espirituais, lembrar-se dos avisos acerca da desobediência e as promessas de recompensa espiritual pela obediência. Entretanto, a melhor ajuda para a santidade, sem a qual nenhuma dessas outras opções terá um efeito duradouro, é aprender a voltar no tempo pela fé para a Cruz do Calvário e o túmulo vazio.
Então, vamos entrar na máquina da fé e voltar aproximadamente 1970 anos. Quando sairmos, o que veremos?
Morto para o pecado
Em uma cruz no Monte do Calvário, vemos uma figura central tépida e sem vida. Vemos Cristo morto. Mais do que isso: vemos Cristo morto para o pecado (Rm 6.10).
“Morto para o pecado? O que isso significa?” Não significa que Jesus parou de pecar – que Ele estava vivo para o pecado, vivendo em pecado e agora está morto para o pecado, não mais vivendo nele.
Então, o que significa?
Bem, quando uma pessoa morre, sua conexão como tudo nesse mundo cessa. Por exemplo, ela é separada de sua família e amigos. Nesse sentido, ela agora está morta para sua família. Ela não tem conexão ou relação com eles.
Similarmente, “Cristo morreu para o pecado” significa que Ele não tem mais relação ou conexão com a culpa e penalidade do pecado – isso está rompido e consumado. Como Paulo disse: “Porquanto quem morreu está justificado do pecado.” “Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus.” (v. 7, 10).
Anteriormente à sua morte, o santo Jesus estava em uma constante relação agonizante com a culpa e punição do pecado. Mas, por Sua morte, essa conexão, essa relação, foi decisiva, enfática, efetivamente e para sempre rompida. A culpa do pecado e a punição da morte não têm mais nenhuma relação ou direitos sobre Ele (v. 9).
Que visão maravilhosa! Cristo não somente morto, mas morto para o pecado!
Olhe atentamente
Mas olhe mais atentamente, fiel cristão. Exercite os olhos da fé um pouco mais e você verá algo mais, ou melhor, alguém mais por lá.
Quem é? É você!
“Foi crucificado com ele o nosso velho homem… Já morremos com Cristo” (v. 6, 8). A união do crente com Cristo em Sua morte é um fato. Mas, se vamos conquistar algum benefício do fato, precisamos fazer uma “avaliação” (v. 11). Isso envolve acreditar que a morte de Cristo para o pecado é idêntica à nossa.
Assim como Cristo morreu para o pecado, exatamente da mesma forma que Cristo morreu para o pecado, nós nos reconhecemos como mortos para o pecado. Em virtude da nossa união com Cristo, fomos decisiva, enfática, efetivamente e para sempre rompidos da culpa do pecado e da morte como punição. Elas não têm mais nenhuma relação ou direitos sobre nós (v. 9).
Quanta conexão ou relação tem a culpa do pecado e a punição da morte com Cristo? Tanta conexão quanto tem com o crente. Nenhuma! Zero! Nothing! Zilch!
Vivo para Deus
Mas avance rapidamente três dias comigo e veja o túmulo vazio. Lá, você vê um Cristo que ressurgiu dos mortos e que está agora vivendo para Deus (v. 10). Novamente, isso não quer dizer que, antes de sua ressurreição, Ele não estava vivendo para Deus. Não, Ele era perfeito em todo aspecto. Entretanto, isso indica que sua vida com Deus, sua comunhão com Deus, sua conexão com Deus estava prejudicada, atrapalhada e reduzida devido à sua relação com a culpa e punição do pecado. Mas, uma vez que Ele foi separado desses impedimentos, retomou a vida que Ele usufruía em perfeita e ininterrupta companhia amável de Seu Pai, que Ele usufruiu desde toda eternidade até vir a esse mundo como o portador do pecado.
É uma bela visão, não é mesmo? Cristo vivendo. Mais do que isso, vivendo em e com Seu Pai como Ele não havia feito antes em Sua natureza humana. “Mas, quanto a viver, vive para Deus.” (v. 10). Nenhuma culpa ou punição para impedir, ou obstruir, ou distanciar.
Olhe atentamente
Mas olhe atentamente e você se verá novamente lá. “Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos.” É por isso que Paulo não apenas diz “Também vós considerai-vos mortos para o pecado”, mas também “Vivos para Deus, em Cristo Jesus” (v.11).
Note atentamente, não é “Esteja morto para o pecado e vivo para Deus!” O crente já está morto para o pecado e vivo para Deus. É “Esteja convencido e persuadido disso.” Faça desse fato parte da sua fé.
E, na medida em que você consegue reconhecer isso, na medida em que você está convencido disso, você terá esperança de obedecer os imperativos dos versos 12-13. Uma viagem ao passado bem sucedida resultará em santificação bem sucedida no presente.
Libertar os escravos
Infelizmente, muitos cristãos são como os antigos escravos após a declaração da emancipação. Mesmo décadas após a aprovação da lei e dos escravos estarem legalmente livres de qualquer responsabilidade ou relação com seus amos, eles se encontravam ainda se sentindo submetidos a eles, atrelados a eles em suas mentes e corações e os temendo, tudo isso atrapalhando o aproveitamento de suas vidas presentes. Talvez, se eles pudessem voltar no tempo e testemunhar a assinatura da declaração, poderiam ter vivido de forma mais livre e alegre.
De modo semelhante, alguns cristãos continuam a viver com um senso paralisante de culpa e com um terror de Deus como o juiz e a morte como pena. Mas há uma solução. Pela fé, nós podemos voltar no tempo e ver que nós morremos para o pecado e somos agora vivos para Deus através de nosso Senhor Jesus Cristo. Que maravilhosa diferença isso deve fazer nas nossas vidas presentes!