Minha geração é a geração “autêntica”. Nós gostamos da nossa manteiga de amendoim orgânica, da nossa carne criada livre em pastos abertos, do nosso café de comércio local, das nossas bandas obscuras e das nossas fotos “vintage”. Nós gostávamos de Coldplay quando ninguém sabia quem eles eram, mas agora eles são muito mainstream. Nós não gostamos de grandes e esmagadoras corporações como Wal Mart e Costco. Nós desejamos autenticidade, originalidade e sentimento. Nós desejamos expressões próprias. Nós desejamos franqueza, honestidade e transparência.
Esse desejo por originalidade e autenticidade é o que leva tantos homens e mulheres jovens à conclusão de que a igreja é para perdedores. Afinal de contas, a igreja está cheia de hipócritas farisaicos, legalistas, pretensiosos. Não existe comunidade vibrante, não existe fé profunda, não existe abertura quanto ao pecado. Não existe transparência de vida. Tudo está indo muito bem, obrigado. Nada para ver aqui, esses não são os droids que você estava procurando, siga em frente. O que nós, cristãos “autênticos”, certamente sabemos que não é a verdade.
E talvez haja alguma verdade nesse argumento. Algumas vezes, nossas igrejas podem ser muito superficiais, e sorridentes, e “pare com essa cara fechada porque Deus é bom!”. Algumas vezes, nós distribuímos versículos bíblicos mais como pílulas de vitaminas do que como a Palavra viva de Deus. Algumas vezes, nós recorremos aos clichês banais e estereotipados. Mas a realidade é que toda igreja é cheia de hipócritas (e, sim, isso inclui eu e você).
Um hipócrita é alguém que diz uma coisa e age de maneira contrária. Um homem que prega contra a imoralidade sexual e então dorme com sua amante é um hipócrita. Uma mulher que abraça a beleza de um espírito manso e depois maltrata fisicamente seus filhos é uma hipócrita. Mas também o é um homem que, de todo o coração, declara a soberania de Deus e então peca regularmente em ansiedade (esse seria eu). Também é um homem que prega sobre ser servo e depois peca em egoísmo em casa (eu novamente!). Também é um homem que aconselha outros a orarem apaixonadamente e depois encontra-se orando distraídas e incrédulas orações (terceira falta para mim!). Também é um homem que ordena que suas crianças sejam pacientes, e então peca em impaciência (eu poderia continuar nesse caminho…). Todos nós somos hipócritas de uma forma ou de outra.
A grande batalha da vida cristã é acabar com a discrepância entre o que acreditamos e como vivemos. Todo cristão é um hipócrita em lento processo de cura. Todo cristão está aprendendo lentamente a viver à luz de sua verdadeira identidade em Jesus Cristo. Não existe uma igreja livre de hipócritas. Toda igreja verdadeira é composta de hipócritas que não confiam em sua própria autenticidade, e sim no Deus-homem completamente autêntico e santo Jesus Cristo.
Nós devemos nos esforçar para sermos humildes, transparentes e abertos em relação às nossas lutas? Com certeza. Deus sempre concede graça ao humilde. Mas, mais do que isso, vamos ser abertos e transparentes em relação à nossa absoluta confiança em Jesus Cristo, o Único que salva hipócritas como eu e você. Ser autêntico e aberto em relação às nossas lutas e pecados não é inerentemente valioso. Abrir nossas vidas não é inerentemente mais santo. Nossa abertura é valiosa somente se ela aponta ultimamente para Jesus Cristo, o único que nos resgata dos nossos pecados. Nossa transparência só é valiosa se ela nos força a nos apoiarmos mais profundamente em Cristo, a Rocha Firme.
Agora, se você me der licença, eu vou comer um pouco de Cheetos sabor presunto enquanto escuto Nickelback.