Neste ano de 2009, tive a oportunidade de participar de alguns eventos evangelísticos juntamente com crianças, adultos e idosos da minha igreja local. Os eventos eram parte do programa da classe de Escola Dominical para a qual eu dou aula. Qunado, no início do ano, dissemos aos alunos que teríamos eventos desse tipo, a reação foi bastante diversa. Houve aqueles que celebraram a iniciativa, mas houve também os que não gostaram muito da idéia.
Uma coisa, porém, foi unânime, a pergunta que todos faziam: “quando foi a última vez que eu fiz isso?”
O número de cristãos que eu conheço que realmente evangelizam (ou que compartilham sua fé com seus amigos) é muito pequeno. Portanto, quero levantar a questão: quais são as barreiras que impedem a evangelização?
1- Pobre entendimento do evangelho
O evangelho pode ser mal entendido até mesmo pelos cristãos. Muitas igrejas evangélicas dão pouca ênfase sobre o real significado de Evangelho. Esse triste fato, por conseguinte, gera igrejas repletas de membros com pouco ou nenhum interesse em evangelização – que seria a proclamação do evangelho que eles pouco conhecem.
Para muitos, o evangelho é só a forma mais rápida de escapar do inferno. Evangelizar tornou-se tentar tirar as pessoas do inferno. Essa forma de compreender o evangelho deixa os membros fracos na fé, pois nunca sabem qual relevância essa fé tem para a sociedade e tampouco se o evangelho serve mesmo para todas as pessoas ou se ele é algo que funcionou bem para ela em particular.
Depois de uma campanha de evangelização há, geralmente, pouco ou nenhum acompanhamento junto às pessoas que receberam a palavra do evangelho. Nenhum discipulado ou ensino doutrinário é sequer ensaiado. Para ilustrar esta afirmação, existe um senso comum de que o novo convertido é mais fervoroso e, infelizmente, à medida que se caminha em conhecer a doutrina, mais frio alguém se torna. Há, não nos enganemos, muito esforço empreendido hoje em nossas igrejas para que as pessoas continuem rasas e fracas na fé.
Para combater este problema é necessário voltarmos a exaltar a obra redentora de Jesus e sua suficiência para nossas vidas. Precisamos ficar conscientes do real problema do pecado e da necessidade de arrependimento. Precisamos estar certos de que o homem é totalmente incapaz de qualquer boa obra e, assim, parar de confiar no poder da psicologia e da sociologia e nos voltarmos definitivamente para a real necessidade que temos de ouvir o evangelho todos os dias.
As mais belas palavras que alguém pode ouvir são as palavras de salvação. Porém, se alguma coisa estiver concorrendo contra a supremacia do evangelho, que diminua a sua suficiência para a salvação completa do homem, que diminua a beleza da palavra da salvação, ali haverá pouco prazer na obra de evangelização.
2- Pouca preocupação com a glorificação do nome de Deus
A evangelização não é apenas um problema de falta de conhecimento, mas também de prioridades equivocadas. Não conseguimos motivar as pessoas em nossas congregações para que evangelizem, pois nem sempre elas pensam que têm motivo para evangelizar. Muitas vezes estão sem tempo, sem dinheiro, sem alegria suficiente, sem paciência e sem coragem.
O que está em jogo nessas horas é a glória de Deus. Não me refiro a uma evangelização com hora marcada para começar e terminar, nem com a direção do pastor ou do líder, mas – principalmente – à evangelização diária. É comum que passemos pelos dias sem sequer falarmos de Deus e de como Ele criou o mundo, amou o homem e se entregou na cruz e ressuscitou para nos salvar.
“Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” [Mt 22.21], disse Jesus. Nesta pequena frase, Cristo nos ensina a sempre cumprirmos nossas obrigações de forma que glorifique a Deus. Ele é digno de toda a nossa adoração e, mais do que isso, tudo é dele. Portanto, se alguém se preocupar em dar primeiro o que é devido a Deus, assim tudo o que ele der a César estará de acordo com a vontade de Deus e será para a sua glória. Podemos trabalhar e viver neste mundo sem perdermos a perspectiva de que devemos anunciar as boas notícias da salvação, pois assim glorificamos a Deus.
3- Falta de amor pelas pessoas
Como já foi dito, a deficiência em definir as prioridades com base nos critérios do evangelho reflete diretamente sobre a desorganização das nossas agendas. Não é de se espantar que haja tão poucas pessoas engajadas na evangelização já que esta é uma tarefa que requer altruísmo.
O amor ao próximo é distintivo da fé cristã. De acordo com Paulo em Romanos 5.8, Jesus é a maior prova e o melhor exemplo do verdadeiro amor. João repete em suas cartas a necessidade de nos amarmos uns aos outros, pois ninguém pode dizer que ama a Deus sem amar o seu próximo. Mesmo assim, é fácil presenciarmos cultos em que nem sequer uma vez é mencionada palavra amor.
O amor do Pai pelos eleitos é que moveu o coração de Jesus, que se submeteu à humilhação do Gólgota para nos salvar. Esse mesmo amor é que providenciou a vinda do Espírito Santo sobre a Igreja, para consolá-la e dirigir-lhe os passos. É por esse mesmo amor que a Palavra chegou até nós trazendo vida e perdão. Portanto, já que a pregação é loucura para os que se perdem, e já que Cristo Jesus sofreu por causa desta mensagem louca de amor, se quisermos glorificar a Deus, devemos ter o coração cheio de amor e de compaixão.
Que Deus nos abençoe nesta obra.
Gustavo Vilela