Um amigo meu vai viajar com seu filho para um retiro para conversar sobre o “a mamãe, o papai e a sementinha”. O filho dele, só um pouco mais velho que os meus, está quase entrando na puberdade. O pai vai passar um tempo a sós com ele e conversar sobre o que vai acontecer com ele em um ano ou dois e como lidar com essas mudanças como um cristão. Enquanto conversava com meu amigo sobre esses planos para o retiro, refletia sobre o porquê desse paradigma não continuar em nossas igrejas pelo resto da vida cristã.
A puberdade é uma fase estranha. A maioria das pessoas, homens e mulheres, vão se lembrar desse período nebuloso de suas vidas com uma mistura de vergonha e embaraço. A voz muda. Os hormônios despertam. O corpo parece adquirir uma consciência própria e passa por turbulentas e estranhas mudanças. Quase todos nós bloqueamos esse período da lembrança após passarmos por ele, mas a puberdade é bem assustadora.
Com a puberdade, a maioria das pessoas hoje em dia tem, pelo menos, alguma noção do que esperar. Uma mãe cristã vai conversar com a sua filha sobre o que é a menstruação e o que fazer quando “aquilo” acontece. Um pai cristão vai conversar com seu filho sobre desejo sexual, mesmo quando seu filho é jovem o suficiente para pensar nisso como algo tão repulsivo quanto uma cena do filme “Alien”.
Pais fazem isso porque eles sabem que a puberdade é, literalmente, uma crise. É um momento importante que traz tentações e testes muito particulares. Mas não é a única crise do tipo. Cada etapa da vida traz consigo algo comparável. Os pais podem desmistificar, até certo ponto, a puberdade, porque eles passaram por ela. Eles conhecem o terreno e podem falar francamente sobre o que vai acontecer. Assim, eles podem falar “confie em mim, um monte de coisas estranhas estão para acontecer”.
Por que então que não fazemos a mesma coisa em todos os outros momentos da vida, dentro do ambiente da igreja?
Por que as nossas mulheres mais velhas não falam com as jovens noivas sobre o tipo de isolamento entre o casal que pode acompanhar a chegada das crianças? Por que nossos homens mais velhos não preparam os que tem 30 e pouco para a queda de testosterona que normalmente causa o que chamamos de “crise de meia idade”? Por que as mulheres mais velhas não podem ensinar as mais novas sobre como lidar com as mudanças hormonais que acompanham a menopausa e como passar por isso como uma cristã? Por que os mais velhos de nossas congregações não poderiam alertar as gerações mais novas sobre a tentação da amargura ou da raiva que costuma acompanhar a falta de saúde ou a vida em asilos?
Em algumas congregações, é claro, esse tipo de ajuda entre as gerações ocorre, mas eu suspeito que isso acontece muito raramente. Pergunto-me sobre o que aconteceria se começássemos a ouvir uns aos outros sobre aquelas tentações “comuns aos homens” (1 Coríntios 10.13) em cada etapa da vida. Talvez assim nos pareceríamos mais com o Livro de Provérbios; um pai alertando seu filho sobre o que há de vir (Provérbios 5-7). E talvez assim nos pareceríamos mais com nosso Senhor Jesus, que falou antecipadamente para os discípulos sobre os problemas que viriam (João 14.9) .
Essas conversas serão estranhas; possuem um grande potencial para causar vergonha. Mas elas não serão mais embaraçosas que a “conversa da puberdade”, e essa nós já sabemos como fazer
Traduzido por Filipe Schulz | iPródigo.com | Original aqui