Os Quatro P’s nos Negócios

Kevin DeYoung
Kevin DeYoung

Embora muitos leitores deste blog estejam em um ministério em tempo integral, a maioria dos cristãos não está. Muitos cristãos habitam o mundo dos negócios, uma área que pastores frequentemente censuram ou entendem mal. Há dilemas enfrentados no mundo dos negócios que seguem despercebidos por outros cristãos. Recentemente eu preguei um sermão sobre ética nos negócios baseado em Provérbios e toquei em algumas dessas questões.

Eu estruturei meu sermão em torno das quatro prioridades dos negócios. Eu não me recordo onde eu encontrei primeiramente esses quatro P’s, mas eles foram úteis para mim na articulação de uma visão concisa para a ética dos negócios.

Aqui estão os quatro P’s em ordem crescente de importância.

Proventos

Um provento [lucro] é o que você obtém quando vende um produto (bens ou serviços) por um valor maior do que o custo de produção. Produtos não têm valor intrínseco. A Beckett Monthly [N.T.: publicação americana especializada em itens colecionáveis] pode dizer que um cartão de baseball vale $100, mas isso não vale nada realmente a menos que alguém prefira ter o cartão em vez de $100. Não há nada errado em ter lucro.

Se o método é honesto e você é honesto, proventos mostram que você está fornecendo a pessoas bens ou serviços que eles acham valiosos. Em muitos casos, você, na realidade, ajuda os outros da mesma forma que busca ajuda para si mesmo. Nem todo interesse próprio é egoísta.

Nós sabemos que produzir proventos não é pecado porque a mulher em Provérbios 31 era elogiada por obter lucros (Prov. 31:16-18,24). De fato, Provérbios compreende a natureza humana, que as pessoas são motivadas pela promessa do lucro material (Prov. 16:26). Ser recompensado pelo trabalho é o meio por que Deus concebeu o mundo. Frustrar essa concepção é cuspir ao vento.

Todo negócio que dura encontrará uma forma de produzir proventos. Essa é uma procura boa, desde que não seja a finalidade. Há outras prioridade para o cristão que são mais importantes do que o lucro.

Produtos

Um cristão visa glorificar a Deus em tudo (1 Cor. 10:31). Isso significa que empresários cristãos devem projetar bens e serviços de que ele possam se orgulhar. Não significa que os cristãos somente façam produtos top de linha. Significa, no entanto, que os cristãos devem procurar proporcionar às pessoas bens e serviços que contribuam para a prosperidade humana, seja um buquê de flores, um cereal matinal ou um item  de investimento.

Nós não devemos focar estreitamente em torno da expressão “prosperidade humana”. É certo que há alguns produtos que não valem a pena (p.e. pornografia), mas em um mundo de diversidade há muitas formas de “dar às pessoas o que elas querem” sem dar a elas a versão idólatra daquilo que querem. Só porque você odeia televisão não significa que não haja lugar para os cristãos nesse meio.

Pessoas

Aqui está o ponto mais importante quando se trata de um empresário cristão: não olhar apenas para suas finanças. “Melhor ter pouco com retidão do que muito com injustiça”(Prov. 16:8). Isso pode significar que você não fecha um acordo que te beneficiaria porque você está certo que isso prejudicaria seu cliente. Ou isso pode significar que você faz negócios em  um lugar ruim da sua cidade porque aquela vizinhança precisa disso, mesmo se você não ganhe muito dinheiro lá.

Há milhares de caminhos que o empresário cristão pode seguir para fazer das pessoas uma prioridade. Por exemplo, Provérbios diz para o rico não se agarrar a todos os seus grãos na escassez (Prov. 11:24-26). Você pode imaginar a tentação de segurar todo o seu excedente até os preços subam mais ainda. Mas Deus espera que nós coloquemos o bem estar das pessoas acima do bem estar das nossas margens de lucro. Por outro lado, Provérbios 26:10 encoraja os empregadores a contratarem sabiamente. Isso é também uma forma e cuidar das pessoas. Empregadores têm a responsabilidade de tomas decisões sábias, gerenciar bem e contratar com inteligência. Se eles são estúpidos que contratam estúpidos, o público sofrerá, bem como os outros empregados.

Princípios

Empresários cristãos devem ser fieis aos princípios bíblicos acima dos demais. Eu vejo pelo menos três princípios em Provérbios.

Primeiro, nós devemos obedecer à lei: O ímpio aceita às escondidas o suborno para desviar o curso da justiça” (Prov. 17:23). Não há nada mais importante para a prosperidade da economia geral do que o respeito pela propriedade privada e pelo Estado de Direito. Esses são os tijolos do capital social e a forma que Deus espera que gerenciemos nossos negócios.

Segundo, não prometa o que você não pode ou não está disposto a dar. Provérbios frequentemente adverte contra colocar-se como fiador de alguém. (6.1-5; 11.15; 17.18; 20.16; 22.26-27; 27.13). A Bíblia nunca fala bem sobre ser fiador. É melhor dar o dinheiro se você o tem, ou simplesmente evitar os tropeços de garantir um empréstimo. O problema está em prometer mais do que conseguirá cumprir.

Terceiro, sempre fale a verdade. “O Senhor repudia balanças desonestas, mas os pesos exatos lhe dão prazer” (Prov. 11:1; veja também 16:11; 20:10,23). Cristãos não mentem, nem mesmo em propagandas. Também não criamos truques para iludir. Não traímos e nem escondemos os fatos que os consumidores têm o direito de saber. Perceba também que os compradores podem mentir, dizendo “’Não vale isso! Não vale isso!’, mas quando se vai, gaba-se do bom negócio” (Prov. 20:14). Não importa qual seja nosso papel na transação, devemos sempre falar a verdade.

Conclusão

Os quatro pontos podem ser resumidos em duas regras gerais:

  1. Ame ao próximo como a si mesmo. Coloque-se no lugar do consumidor (ou comprador) e pense como você gostaria de ser tratado.
  2. Olhe para Jesus. Ele não apenas provê graça para andar no caminho da sabedoria, Ele também é o exemplo perfeito de colocar as pessoas antes do lucro e de honrar o princípios de Deus antes dos próprios desejos.

Traduzido por Carla Ventura | iPródigo.com | Original aqui