Em Lucas 12.22-34, Jesus fala com as pessoas que viviam em uma cultura de subsistência. Sua providência diária de comida e água não era certa, e Jesus ainda lhes disse para não se preocuparem com o eles haveriam de comer ou beber. De fato, ele empilhou razões para se desapegar do dinheiro e das coisas que o dinheiro compra, mesmo quando a sobrevivência está em jogo. Ele deu para as pessoas algo melhor para se preocupar. Ele ofereceu um tesouro melhor, que dura mais que comida e bebida, algo indestrutível e seguro – o seu reino. Se as palavras de Jesus foram verdade para os agricultores, pescadores e donas-de-casa da Palestina – então elas são verdade para nós que vivemos em uma relativa abundância. Mas nós continuamos a nos preocupar, não é mesmo?
A segunda parte desse sermão continua na discussão de que temos muito para nos preocupar e então prossegue para listar as razões de Jesus para não nos preocuparmos.
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Uma das coisas que faz do dinheiro uma razão para nos preocuparmos é que ele possui um componente de obsessão. Ele está sempre lá. Ele te dá “boa noite”, e te acorda no meio da noite para dizer “olá”. Ele te cumprimenta pela manhã, dizendo “oi, estou aqui, pense em mim”. Ele te importuna na volta do trabalho para casa: “só para te lembrar que eu ainda estou aqui”. Preocupações financeiras mexem com a nossa cabeça. Dela tiramos exemplos para todas as outras preocupações que operam da mesma forma. O que você vê em comum em todas as coisas com as quais nos preocupamos – cada uma delas – é que são incertezas. São todas meio nebulosas. Eu vou conseguir aquilo? Talvez sim, talvez não. Se eu conseguir, posso perder depois? Talvez sim, talvez não. Nós nos preocupamos com coisas inerentemente incertas. Você tem boas razões para se preocupar, pois nunca tem certeza. O dinheiro é um bom ponto de partida – mas talvez haja outras coisas que te afligem.
Quais são os carrapatos que sugam sua mente? Eu gostaria que você personalizasse isso. Quais são as duas, três, seis ou doze coisas que tendem a te perseguir? O que te faz se preocupar?
Talvez não seja a questão financeira, talvez sejam outras coisas além dela.
- “Meus amigos são verdadeiros?”
- “E se não me escolherem para o time? E se eu esquecer as falas da peça? E se outra pessoa for escolhida para essa comissão? E se…?”
- “Será que um dia encontrarei um marido/ uma esposa?”
- “Se eu encontrar, será que ele/ela será fiel a mim?”
- “Eu sirvo para casamento?”
- “Será que sou estéril?”
- “Se eu tiver filhos, como vou educá-los?”
- “E a minha saúde? Alguns dos meus amigos morreram de câncer. É muito doloroso. Será que vou morrer assim? Será que terei forças para enfrentar esse tipo de luta? E se eu tiver Alzheimer? O que fazer com o medo de terminar minha vida sem reconhecer as pessoas que eu amo?”
E por aí vai: saúde, dinheiro, relacionamentos, conquistas… Todas essas coisas podem tomar o controle da sua vida. Você se preocupa, fica ansioso, paralisa de medo. O fato é: tudo isso é nebuloso. Você tem boas razões para se preocupar com essas coisas. Nenhuma delas é garantida. Você pode ficar doente. O Mercado financeiro pode quebrar. Você pode ficar desempregado. Seus filhos podem ser fracassados. Você pode acabar solteiro. Você pode falhar em algo e ser excluído. Tudo isso é incerto, por natureza. Há todas as razões do mundo para se preocupar com isso. Peço que você seja bem específico ao responder a si mesmo: com o que você se preocupa?
Mas há uma segunda pergunta que você deve ser específico ao responder. No fim das contas, por que você se preocupa? Por que você treme quando pensa nessas coisas, para início de conversa? Por que você fica obcecado? Por que rói as unhas? Por que você fica nervoso, ansioso, com medo e até pânico (ou qualquer outra forma com que você manifeste sua ansiedade)?
A resposta mais fácil é apontar o dedo para a resposta anterior sobre o que te leva a ficar preocupado e achar que isso responde a pergunta. “Estou preocupado porque não sei se conseguirei emprego. Estou preocupado porque não sei se tenho uma poupança suficiente para me aposentar. Estou preocupado porque tenho um histórico familiar de câncer.” Mas Jesus não faz isso. Ele explica nossas preocupações não ao apontar para a incerteza da vida, mas apontando para algo em nós. Por toda a passagem que estamos estudando Ele diz “vocês se preocupam por conta de algo em vocês, não por causa das coisas que te preocupam?”. É isso que ele coloca na mesa durante o diálogo anterior à passagem: “Preserve sua vida de toda a forma de ganância”.
“Eu quero a minha parte devida” era uma forma de ganância. A ganância que cobiça te fará nervoso e manipulador. Você pode chegar ao ponto de interromper Jesus quando ele está falando!
“Estou bem. Tenho tudo que eu preciso!”. Esse é outro tipo de ganância. A ganância da satisfação pode te pegar em relação ao dinheiro ou qualquer outra coisa da vida. Você acaba não se preocupando com o que realmente importa simplesmente porque consegue dormir tranquilamente à noite.
Na passagem que estamos estudando, quando Jesus está conversando com seus discípulos, seus amigos, sobre não ficar ansioso, ele fala de uma terceira forma de ganância. “E se eu não tiver o suficiente? E seu eu ainda não tenho o que eu realmente preciso?”. É a ganância ansiosa. Eu quero algo que talvez eu não consiga ter, então me preocupo.
Mais tarde, na mesma passage, Jesus retrata essa mesma situação de uma forma diferente: “homens de pouca fé!”. O que ele quer dizer com isso não é que você não tenha fé. Lembre-se, ele está falando com Seus discípulos. Pense nessa metáfora: é como uma lanterna com as pilhas acabando. Ela ainda produz luz, mas a luz é fraca e falha. A fé está como que morrendo. Não há muita energia restante nas baterias. Perdemos Deus de vista porque o que nós queremos (e nos preocupamos) é só aquilo que enxergamos. O que Jesus está fazendo aqui é nos ajudar a enxergar melhor as coisas. “Onde eu tenho falhado? Por que eu me preocupo? O que me deixa ansioso? Por que estou temeroso?” Quando a fé começa a falhar, a ganância e as preocupações tomam conta da sua vida. Quando a ganância ansiosa aparece, ela mata a fé.
O meio da passagem nos dá outro ângulo do porquê de nos preocuparmos. “Qual de vocês é capaz de adicionar uma mera hora à sua vida?” Se você não consegue fazer uma coisa tão pequena, por que está se preocupando com o resto?”. Pessoas preocupadas agem como se pudessem controlar o incontrolável. Isso é algo central no problema da preocupação. A ilusão de que podemos controlar as coisas. “Se eu pudesse garantir a minha aposentadoria, eu poderia controlar o futuro”. “Se meus pais me dessem 10 reais a mais de mesada, eu não estaria sem dinheiro no Sábado quando meus amigos vão ao cinema, já que eu gastei meu dinheiro comprando doces no começo da semana”. “Se eu pudesse acertar na minha dieta, eu não terei câncer”. “Se eu descobrir a técnica certa de educação de filhos, eu consigo garantir que meus filhos crescerão bem”. Controle. A preocupação assume a possibilidade de controle – sobre o incontrolável. A ilusão do controle habita no centro da sua ansiedade. Você encontrará isso em você e nas pessoas que Deus te dá para você ajudar. Ansiedade e controle são dois lados da moeda. Nós queremos controlar algo. Como não podemos controlá-lo, nós nos preocupamos.
O comentário final de Jesus nos dá mais uma pista do porquê de nós nos preocuparmos. O ansioso está acumulando “tesouros” no lugar errado. Se o que você mais valoriza pode ser levado ou destruído, então você se dispõe a se preocupar. Dinheiro? Saúde? Uma amizade particular? O sonho do casamento? Sucesso nos esportes ou nos negócios? O future dos seus filhos? Mesmo quando você se sente bem, quando tudo parece estar dando certo, você está construindo sua casa sobre a areia. Seu tesouro é vulnerável. E sempre que o que te é precioso é ameaçado, você temerá. Com certeza. Onde você guarda seu tesouro? Nas coisas nebulosas ou nas certezas?
Jesus desconstrói nossa preocupação. Então por que nos preocupamos? O que você deseja com ganância? Que objetivos de vida te tiram o foco de Deus? Que desejos te fazem querer controlar o seu mundo? Abra mão dessas coisas, e a alternativa que Jesus oferece será muito, muito preciosa para você.
Você tem muitas razões para NÃO se preocupar!
Jesus não tem interesse em só ficar falando sobre o que há de errado conosco. Ele sempre vai na direção do que é melhor. Ele faz referência às tentações que você enfrenta durante a ansiedade, e à algumas das coisas que te tiram do rumo, e a como sua fé falha quando você cai na ganância. Mas essa passagem é sobre te dar muitas e sólidas razões para não se preocupar. Claro, há muitas razões para se preocupar, porque muitas coisas são incertas. Mas você tem muito mais razões para não se preocupar!
Algumas coisas são certas!
É aqui que Jesus quer chegar e aonde ele planeja te levar. É uma grande e encorajadora história que ele está contando. Jesus é direto com seus discípulos. Ele empilha razões, informando, acalentando e encorajando-os. Eu desejo que você seja persuadido da mesma forma. “Não se preocupe” não é uma utopia moral no horizonte! Jesus te dá razões sólidas para viver sem temor – mesmo quando você está enfrentando justamente as coisas que são incertas e incontroláveis. Eu fiz uma lista de sete promessas a partir do que Jesus diz – sete razões para não se preocupar.
Novamente, eu quero que você leve isso para o lado pessoa. Qual dessas você acha mais confortante? Qual delas você acha mais necessária e útil, ao ponto de dizer “Se eu me lembrar de _______________, eu serei uma pessoa melhor essa semana”? Qual delas faz mais diferença pra você? “Se eu pelo menos pudesse me lembrar de ___________, eu me preocuparia menos com dinheiro, saúde, amizades, etc. Qual dessas boas razões você mais precisa?
Jesus começa dizendo “Sua vida é muito mais do que comer ou ter o que vestir”. Há muito mais que te define do que o que você tem ou não tem. Jesus fala da história do homem rico e tolo: “por essa razão”, ele diz. A vida daquele homem não era definida pela grande quantidade de dinheiro que ele tinha. O dinheiro não dava a ele identidade, significado, segurança ou vida. Assim, Jesus acrescenta, “se é assim, então sua vida não pode ser destruída porque você está apertado nas finanças”. O que você tem ou não tem não define a história da sua vida. Sua vida vai muito além da comida e das roupas.
[tweet link=”http://iprodigo.com/?p=7705″]Sua vida é muito mais do que comer ou ter o que vestir. Há muito mais que te define do que o que você tem ou não tem[/tweet]
Você provavelmente conhece pessoas, como eu conheço, que obviamente estão vivendo por todo tipo de coisa vazia e tola. Você já conheceu alguma moça de 23 anos que estava vivendo por conta de sua beleza? Você provavelmente pensa “Essa é a coisa mais idiota do mundo! Se você vive pela beleza, o máximo que você vai conseguir é envelhecer e ficar enrugada. Por favor! Viver assim é começar uma luta sabendo que vai perder!”
E se você vive para sua saúde, para esportes ou para aventura? Inevitavelmente, você terá lesões nos joelhos após os 35. Seus reflexos ficarão lentos. Você ficará velho. O sistema começa a falhar. E, mais cedo ou mais tarde, você vai morrer. “Seu tolo! A vida não é mais que saúde, esportes e férias?”.
É assim com tudo que vivemos – e nos preocupamos. Se você vive pelo dinheiro, está apostando em um perdedor. Seu carro vai para o ferro velho, mas você gasta tudo que tem nele. Ele vai acabar quebrando e te dando razões para se preocupar além das que você já tem. Sua vida é muito maior que isso. Há coisas melhores para viver e gastar suas energias. Isso é certo. Eu garanto que há algo muito mais importante na sua vida do que as coisas com as quais você se preocupa. Caminhe pela sua lista de preocupações, item a item. Para cada um deles, Jesus promete: “Sua vida vale mais do que ____________”. Há algo muito maior que isso. Essa é a primeira promessa. Jesus não nos dá muitos detalhes sobre o que é mais importante (veremos isso mais para frente), mas Ele promote que a vida é muito mais do que as suas preocupações.