Lares arruinados são criados por pessoas arruinadas. Por isso, antes de oferecermos o bálsamo de Gileade para aqueles que vivem em lares arruinados, precisamos ser perfeitamente claros em mostrar como eles chegaram lá. Apesar de todas as pressões que atacam a família, todas as fascinações do mundo e todas as tentações de Satanás, é a carne, nossa própria natureza pecaminosa, que destrói nossos lares. Somos tão iludidos sobre quem realmente somos, entretanto, que perdemos de vista o quão autodestrutivos somos. Achamos que somos as vítimas, quando a dura verdade é que somos os vilões.
A sabedoria nos diz, por exemplo, que a mulher sábia edifica sua casa, mas a mulher insensata com suas próprias mãos derruba a sua (Pv 14). Esposas, chamadas para serem protetoras no lar (Tito 2), muito frequentemente se tornam destruidoras de lares. De maneira semelhante, Provérbios também destaca pelo menos um modo dos homens destruírem suas próprias vidas. Loucura, como um mulher carnal, acena para nós, oferecendo todos seus prazeres. Mas, a Bíblia nos diz, a sua casa é caminho para a sepultura e desce para as câmaras da morte (Pv 7.27).
Não fazemos isso de propósito, é claro. Ninguém planeja alegremente destruir seu próprio lar. Nenhum homem, quando começa a permitir seus olhos vaguearem, decide que quer destruir não somente sua própria vida como também a vida de sua esposa e filhos também. Ninguém, conscientemente, joga uma bomba dentro de casa quando começa a olhar fotos na Internet. O que estamos fazendo, na verdade, é dizer que Deus é mentiroso.
Ele nos diz, afinal de contas, não apenas o que devemos fazer e o que não devemos fazer; Ele também nos diz os frutos de nossas ações. Ele nos diz que, à medida que amamos nossas esposas e filhos, nos regozijaremos com eles à mesa, nossos filhos serão como rebentos de oliveira (Sl 128). Ele também nos diz que homens infiéis odeiam a si mesmos, que nosso pecado nos encontrará, e que quando semeamos o vento, certamente colheremos a tempestade. Deus nos diz e mostra o caminho em direção a benção e alegria, e orgulhosamente trilhamos nossos próprios caminhos. Então, ficamos imaginando porque estamos destruídos e ensanguentados depois de cair de um penhasco.
Nossos lares, entretanto, só podem começar a ser curados de sua ruína à medida que aceitamos e entendemos nossa própria ruína. Quando encaramos a realidade de nosso pecado, quando confessamos o tipo de pessoas que somos, Deus em Sua bondade se aproxima. Ele, afinal de contas, dá graça aos humildes. Essa graça não virá provavelmente na forma de erradicação de todas as nossas tentações. Ela deve vir, porém, para nos ajudar a ver o que elas realmente são – convites para a morte.
Elas podem também tomar uma forma totalmente diferente. Quando reconhecemos nosso pecado, percebemos que não podemos confiar em nós mesmos. Quando deixados a nossa mercê, escolhemos por nós mesmo e, em fazendo isso, escolhemos de forma tola. Essa é a razão de Deus ter ordenado a igreja a nos chamar a fidelidade. Através da correta pregação da Palavra, somos lembrados da Sua sabedoria. Através do correto exercício dos sacramentos, somos lembrados não apenas de nossa pecaminosidade, mas de Sua fidelidade. Não apenas olhamos para trás para nosso Esposo morrendo por nós no Calvário, Seu corpo moído e seu sangue derramado, mas olhamos para frente, para as bodas de casamento do Cordeiro. Entramos na eternidade e provamos que Ele é bom.
Disciplina eclesiástica, entretando, é outra graça vinda da mão de Deus para nos ajudar a não destruir nossos lares. Os presbíteros da igreja são chamados para falar em nossos lares arruinados, para chamar maridos infiéis ao arrependimento, para admoestar esposas extraviadas a voltarem para casa. É tarefas deles lembrar toda a congregação que aqueles que praticam essas coisas de nenhum modo herdarão o reino de Deus (Gl 5). É o papel deles exercer o poder das chaves.
Infelizmente, é muito comum as igrejas falharem com as famílias nesse aspecto. Eles cobrem levemente as feridas e deixam os arruinados arruinados porque não disciplinam quando deveriam. Eles temem os homens, seja na forma de perda de reputação ou de repercussões civis. Frequentemente, aqueles que são chamados para pastorear o rebanho provam ser mercenários que desviam o olhar quando lobos aparecem e destroem os lares. Ser “legal” é muito mais fácil que ser os primeiros socorristas quando lares estão sendo destruídos. É mais seguro fugir do problema do que correr em direção a ele.
Nosso chamado, porém, é deixar de lado nossas preocupações e buscar em primeiro lugar o reino de Deus e Sua justiça. Ele é o verdadeiro Pastor. Ele guarda a porta do reino. E somos chamados para cumprir Suas ordens, não importa o custo. Meninas estão olhando para nós, homens, para serem resgatadas de pais infiéis. Meninos estão aprendendo que homens fogem quando os tempos são difíceis, primeiro observando seus pais infiéis, e depois vendo seus presbíteros infiéis. Maridos são deixados sem ninguém e sem apoio para corrigir esposas obstinadas. E esposas não têm homens para cuidar delas. Tudo porque a igreja está arruinada. Arrependa-se, e busque Seu reino, Sua justiça.