Você sabe do que eu estou falando – a mesa cobiçada. A mesa exclusiva. Talvez tenha havido um tempo em sua vida (espero que não tenha sido depois da época de ensino fundamental ou ensino médio) em que você media o seu status de acordo com se você se sentava ou não com a turminha popular. Não que a comida fosse diferente na mesa deles. Talvez você se perguntasse sobre o que as pessoas populares conversavam. Eu imagino que às vezes a qualidade das conversas devia estar num nível superior. Eles têm a oportunidade de converser sobre festas exclusivas que promovem sua própria superioridade. Mas isso é completamente irrelevante. Talvez possamos dar ao pessoal do grupo popular o crédito de terem um estilo mais na moda. No mínimo, essa cobiçada mesa tem uma aparência legal. Eles já dominam isso como se fosse uma arte.
Talvez – ainda que você não tenha sentado na mesa dos populares –, você tenha se orgulhado pelo fato de que pelo menos você não sentou na outra mesa – a dos rejeitados, cheia de desajustados. Bom, essa era a mesa onde Jesus geralmente tomava assento. Em The Ongoing Feast (A Celebração Contínua), Arthur Just Jr., citando R. Karris, diz: “…no Evangelho de Lucas Jesus foi crucificado pela forma como ele comia” (128). A pessoa com quem você comia era uma questão bem mais importante para a sociedade de Jerusalém do que é para nós hoje. Ia além de uma posição social, era até mesmo uma questão de honra. Para se sentar com os justos, havia uma “descrição detalhada bem rigorosa daqueles que eram considerados Israelitas etnicamente puros de acordo com as linhagens de descendência baseadas nas genealogias de Esdras, Neemias, e das Crônicas. O propósito disto era determinar quem era digno de fazer parte da companhia deles ao redor da mesa. Aquele que não era digno de mutualismo seria considerado pecador, e as categorias de pecadores eram longas e detalhadas” (132).
Imagine então o alvoroço quando Jesus é visto jantando com Levi, o coletor de impostos. Jesus era muito inclusivo com as suas companhias à mesa. “E chegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para o ouvir. E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores e come com eles” (Lucas 15.1-2). Parece que se Jesus não estava comendo e bebendo com pecadores, ele estava falando sobre comer e beber por meio de parábolas. Comida e comunhão à mesa são temas centrais em Lucas. Isso porque realmente há um significado nas pessoas com quem nós nos sentamos para comer.
Vemos nas Escrituras que Jesus atribui muito mais a uma refeição do que um simples reabastecimento. “Refeições são um símbolo primordial de eleição, perdão, e bênção escatológica…” (140). Quem este cara pensa que ele é? Deus? Sim, Exatamente.
Neste exato momento, a mesa de Cristo é inclusiva. O convite vai a todos os pecadores, desajustados e abatidos. Qual a implicação para nossa atitude em relação àqueles com quem nós comemos? Assim como nos tempos bíblicos, comunhão à mesa agora dá a entender “paz, confiança… (e) o compartilhar das nossas vidas” (133).
Cristo usou a comunhão à mesa como uma de suas principais formas de ensino. Ele comunicou a sua morte, ressurreição e a nova era vindoura. E nós ansiamos pela melhor celebração de todas naquele grande dia quando o nosso Senhor retornar. Esta é a mesa em que devemos desejar estar sentados. E esta mesa é exclusiva. É somente para aqueles que confiaram em Jesus Cristo como a sua justiça. Ele pagou o preço mais alto por este jantar, o seu próprio sangue, tudo isso para nos convidar à mesa.
Até então, somos chamados à comunhão da mesa da ceia do Senhor onde pão e vinho comuns tornam-se um meio de graça para transmitir os benefícios da sua morte e ressurreição. É uma refeição escatológica entre pecadores redimidos que confessam a Cristo. O futuro se torna o presente, a era vindoura está presente nestes últimos dias. As promessas de Deus a respeito da realidade de nova criação são confirmadas nesta refeição.
Talvez você esteja desejando ser convidado para alguma outra refeição, uma outra mesa exclusiva. Deixe-me encorajá-lo com o fato de que o rei está convocando um povo à sua mesa. Assim como quando ele estava caminhando nesta terra, pode parecer a este mundo que estamos sendo convidados por um Salvador rejeitado à uma mesa cheia de rejeitados. Certamente parece estranho que nós agora nos deliciemos no corpo e sangue do nosso Salvador. Mas por causa do seu corpo e sangue, haverá um dia quando seremos convidados para a grande celebração, da qual Cristo é o anfitrião. “Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro” (Ap 19.9). E podem ter certeza de que a comida desta mesa será incrível.