Não, não é o “P”! Quer dizer a última letra com que potenciais calvinistas concordam. Estou falando sobre o infame “L”, que significa Expiação Limitada. Estou juntando uma lista crescente de amigos que têm aprendido a se alegrar na queda radical do homem, na escolha soberana de Deus, no chamado eficaz do Espírito, e na preservação de seu povo. Em outras palavras, conheço um monte de calvinistas de quatro pontos. Eu iria chamar esse post de “Expiação Limitada para iniciantes”, mas me pareceu espertinho demais. Além disso, não quero que essas pessoas pensem que estou as chamando de iniciantes.
O que queria fazer aqui era uma série de argumentos dirigidos a fim de provocar a reflexão e não responder exaustivamente esse assunto de uma forma tediosa.
Reflexão #1:
Expiação limitada não é sobre quão valioso é o sangue de Jesus. Pelo contrário, é uma declaração sobre a intenção do Filho de vir e entregar sua vida “de minha própria vontade”. Qual era a intenção de Jesus, em outras palavras? J.I. Packer define expiação limitada dessa forma: “a morte de Cristo realmente afastou os pecados de todos os eleitos de Deus e garantiu que eles seriam trazidos à fé pela regeneração, e guardados em fé para a glória, e que isso é o que ela pretendia alcançar”.
Reflexão #2:
Se você crê que o Pai elegeu somente alguns, que o Espírito atrai somente alguns, então, ao negar a Expiação Limitada, você coloca o Filho contra o Pai em seu propósito, porque você tem o Pai escolhendo alguns, o Espírito atraindo alguns, e o Filho expiando por todos, com a intenção de salvar a todos. Isso cria um dilema trinitariano onde eu não gostaria de estar. Pelo contrário, vamos dizer que o Pai escolhe seu eleito, o Espírito atrai seu eleito e o Filho remove o pecado do eleito, dando a eles Sua própria justiça em seu lugar. Esse é o propósito unânime de Deus na salvação e que o traz grande glória.
Reflexão #3:
Se Jesus realmente expiou os pecados daqueles no inferno, não somente devemos acusar Deus de dupla punição (castigando o mesmo pecado duas vezes), mas temos uma situação em que o pecado de alguém foi removido. Mas então, por qual pecado essa pessoa sofre no inferno? Tenho ouvido muitos argumentarem que elas são punidas por sua incredulidade. Entretanto, John Owen celebremente argumentou que se Cristo morreu por todos os pecados do pecador, então ele deve ter morrido pelo pecado da incredulidade. Se, então, Owen argumenta, o pecado da incredulidade foi expiado, não há base para punição no inferno. E, se alguém argumenta que todos os pecados, exceto a incredulidade, são expiados, então não é o calvinista quem limita a expiação, mas a pessoa que afirma que Cristo não morreu por todos os pecados de alguém.
Reflexão #4:
Existem muitos versos que ensinam que aquele que crê será salvo, mas eles não contradizem a Expiação Limitada. Da mesma forma, existem muitos versos que exaltam a morte de Cristo “pelo mundo”. Cada um desses versos pode ser individualmente respondido. D.A. Carson argumenta que “tanto arminianos quanto calvinistas deveriam afirmar corretamente que Cristo morreu por todos, no sentido de que a morte de Cristo foi suficiente para todos e que a Escritura retrata Deus convidando, ordenando e desejando a salvação de todos, movido por amor”. E assim fazemos. Afirmamos que Cristo morreu pelo mundo, mas cuidadosamente definimos o que queremos dizer com isso, como todos deveriam fazer. (Incidentalmente, recomendo o artigo de Carson, que expande isso um pouco mais).
Reflexão #5:
Existem muitos versos que ensina a intenção particular de Cristo em entregar sua vida. Isso inclui Cristo falando sobre pretender salvar “Seu rebanho”: João 10.11,15; “Sua Igreja”, Atos 20.28, Efésios 5.25-27; “Seu povo”, Mt 1.21; e “os eleitos” Rm 8.32-25. Além disso, a Bíblia fala de Cristo vindo para salvar alguns: João 6.37-40, Rm 5.8-10, Gl 2.20, Gl 3.13-14, 1 Jo 4.9-10, Ap 1.4-6, Ap 5.9-10. Também vemos a intenção particular de Jesus de não apenas dar sua vida por suas ovelhas na oração sacerdotal em João 17.9: “Eu rogo por eles. Não estou rogando pelo mundo, mas por aqueles que me deste”*. Se Jesus estava tentando salvar toda pessoa que já viveu ou viveria, então essa seria uma oração muito curiosa, na verdade. Como Packer coloca: “É concebível que ele se recusasse a orar por alguém por quem ele pretendia morrer? A Redenção Definida é a única visão que se harmoniza com esses dados”.
* Muito obrigado a Louis Berkhof e J.I. Packer pelas referências bíblicas.
Traduzido por Josaías Jr | iPródigo | Original aqui