Na cabeceira de uma mulher da sua igreja, há um romance cristão e uma Bíblia. Isso é errado? No Kindle de uma adolescente do grupo de jovens, há uma ficção bestseller de “jovens adultos” . Isso te preocuparia?
Um novo livro da Universidade de Boston dos pesquisadores Ogi Ogas e Sai Gaddam, Um Bilhão de Maus Pensamentos, oferece uma visão perturbadora de como as ferramentas de busca da Internet revelam muito sobre os desejos sexuais e emocionais do homem e da mulher, e como eles se diferem. A pesquisa afirma o que, de certa forma, todos já sabem: homens são visualmente comprometidos, atraídos por uma certa inovação jovem e sexual, e são, portanto, vulneráveis à pornografia visual.
A pesquisa analisa ainda o que a indústria de romances nos diz sobre o que significa ser uma mulher (pelo menos em um mundo caído como o nosso). Mulheres são muito menos propensas a ser atraídas pela pornografia visual (embora isso tenha acontecido mais do que pode se imaginar), mas são completamente propensas a se envolverem tanto com as ficções românticas da Internet, como em algum romance à moda antiga.
As histórias românticas seguem, de acordo com as pesquisas, um padrão típico. O herói quase nunca é, como dizem, um operário humilde, um burocrata, ou alguém com ocupações tradicionalmente femininas (cabeleireiro, professor do jardim de infância, etc.). Ele é competente, confiante e, geralmente, rico. Ele é, em suma, um macho alfa.
Mas, eles argumentam, esse macho alfa é tipicamente um personagem bruto que aprende a ser domado pela gentileza, em especial pela gentileza dela. Assim, você encontra não apenas o forte e silencioso cowboy com um interior maleável, mas também ultimamente temos visto vampiros, lobisomens e vikings.
E tudo isso se move em direção ao clímax do romance: o “Viveram-Felizes-Para-Sempre”.
“As histórias românticas raramente possuem uma continuação,” o livro conclui. “Uma vez que o herói e a heroína estão ligados pelo amor ou pelo matrimônio, eles tiveram o seu Viveram-Felizes-Para-Sempre, presumivelmente com um pequeno grupo de crianças e um lar feliz. Outras aventuras adicionais violariam a fantasia feminina do amor verdadeiro, comprometido e eterno”.
“Ainda que hajam muitos romances modernos em série, uma vez que um casal alcança o seu Viveram-felizes-para-sempre em um livro, eles voltam a tona apenas como amados personagens coadjuvantes em futuros livros, em algum livro subsequente em que o foco estaria em um novo herói ou heroína.”
Naturalmente, como eles fazem com a pornografia, esses estudiosos explicam tudo sobre esse protótipo feminino de desejo como uma necessidade Darwinista da mulher que procura um companheiro que possa ser simultaneamente monogâmico e protetor de sua descendência. Esse desejo evoluído é suprido por um homem forte que desabafa seus sentimentos de devoção, e seu comprometimento para o resto da vida é conquistado no exato momento em que se alcança o Viveram-felizes-para-sempre.
Embora eu não compartilhe todos as pressuposições desses estudiosos, eu acho que eles estão no rumo certo sobre o fascínio pelas histórias de amor atualmente comercializadas. Pornografia e histórias de amor não são (ou pelo menos não são sempre) moralmente equivalentes, mas eles “atuam” da mesma forma.
Ambas são baseadas em uma ilusão. A pornografia é baseada na ilusão de um encontro perfeito, em que o parceiro está sempre excitado, sem o “trabalho e esforço” da intimidade no relacionamento. Frequentemente, as historias de amor ou seus filmes equivalentes, fazem a mesma coisa com as necessidades emocionais da mulher que a pornografia faz com as necessidades eróticas do homem.
Em ambos os casos, o que o “mercado” oferece é a identificação. Homens querem a ilusão de mulheres que parecem mulheres mas são, em relação à resposta sexual, assim como homens. Mulheres querem a ilusão de homens que são homens “de verdade”, mas, nos termos do conceito romântico, são como mulheres. É o amor por si mesmo, não o “mistério” do outro, do oposto.
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Ainda bem, nós ainda não temos um mercado para pornografia “cristã”(mas espere um pouco, alguém irá achar um jeito). Mas nós temos um mercado para romances “cristãos”. Alguns desses que são classificados como tais não são realmente “historias românticas”. São complicadas análises da condição humana, especialmente relacionamentos entre homens e mulheres, do ponto de vista cristão.
Muitos desses gêneros, entretanto, são simplesmente uma cristianização de um hábito que não pretende aumentar a intimidade, mas criar um escape para uma ilusão artificial disso. Reconheço portanto que não há sexualidade explícita aqui. O herói e a heroína não dormem juntos, eles oram juntos. Mas é justamente esse o ponto.
Quantas mulheres de meia idade decepcionadas de nossas congregações estão lendo esses romances para comparar os “fortes líderes espirituais” descritos nesses livros e certos trastes inúteis sentados no sofá ao lado delas?
Isso não é para comparar moralmente “historias românticas” com o desespero de almas destruídas pela pornografia. Mas vale a pena perguntar: “O que estou consumindo está me levando à felicidade com o meu cônjuge (ou futuro cônjuge) ou para longe disso? Isso está me levando a buscar uma união de uma só carne ou uma personificação dos meus próprios desejos? É esse o “mistério” ou apenas uma miragem?
Traduzido por Marianna Brandão | iPródigo.com | Original aqui