Minha amada esposa e eu estávamos sentados em uma aula para pais na igreja, quando o presidente do conselho de líderes entrou e nos chamou. Na realidade ele perguntou pelos “pais do Calvin Dodson.” Ficamos um pouco envergonhados, achando que nosso pequeno pode ter feito alguma peripécia, ou algo que realmente justificasse precisarmos estar em uma aula para pais. Então nos levantamos e fomos com ele.
Enquanto deixamos a sala e começamos a descer as escadas, ele nos contou que nosso filho de 8 meses tinha sofrido uma convulsão e que a equipe de enfermeiros já havia ligado para o 911. Atordoados, chegamos na enfermaria e encontramos nosso filho (nessa época, era o caçula) sendo atendido por uma enfermeira. Ele estava com os lábios roxos e mal se movia. Foi aterrorizante.
Aquela cena foi o início do que se tornou um processo de aproximadamente 3 anos, incluindo muitas viagens ao Hospital de Crianças em Los Angeles. Dois dos nossos filhos tiveram várias convulsões e noites sem dormir, muitas lágrimas e a temida notícia de que essa condição podia acabar com suas vidas antes de se tornarem adultos.
Tem sido uma provação terrível e ao mesmo tempo uma benção incrível.
Isso parecia impossível de dizer e há três anos atrás talvez eu não acreditaria em mim mesmo. Mas a verdade é que essa provação, o maior sofrimento que enfrentamos, tem sido uma benção sem medida. Tem sido uma benção por causa da maravilhosa igreja que fazemos parte, uma igreja com líderes que preparam seu povo para o sofrimento.
Amigo, se você é um líder de estudo bíblico, professor de escola dominical e especialmente se você é um pastor, eu imploro à você: prepare seu povo para o sofrimento!
Sofrimento é um realidade atual.
Apenas veja as notícias e ficará óbvio que a cultura atual está vivendo o que está escrito em Romanos 1. Para uma sociedade que continua a se rebelar contra Deus, a rejeitar seu ensino e a aumentar sua iniquidade, sofrimento é o resultado inevitável. Nós vivemos em um mundo caído cheio de doenças, conflitos políticos, guerras, tensões raciais e maldade! Como aqueles que pastoreiam o rebanho de Deus, devemos prepará-los para viver nesse mundo. Devemos prepará-los para o sofrimento.
Cristãos devem esperar sofrimento.
Devemos não apenas prepara-los para o sofrimento que é resultado de viver no mundo caído, quanto devemos também prepara-los para o sofrimento próprio que é assegurado para aqueles que seguem a Cristo. Sofrimento é parte da vida cristã. As Escrituras falam repetidamente sobre os sofrimentos que os cristãos devem enfrentar (Romanos 8; 2 Coríntios 1; Filipenses 1:29, 3:8-10; Colossenses 1:24; 2 Tessalonicenses 1:5, Tiago 1). Quase que os livros inteiros de 2 Timóteo e 1 Pedro são dedicados a ajudar cristãos a lidar com o sofrimento. Cristo alertou a igreja de Esmirna que eles enfrentariam grande sofrimento (Apocalipse 2:9-11). As Escrituras deixam isso muito claro: Cristãos irão sofrer. Se nós ensinamos todo o conselho de Deus, devemos ensinar sofrimento ao nosso povo.
Sofrimento produz santificação.
As Escrituras não apenas prometem que cristãos irão sofrer, mas também nos diz que o sofrimento não é sem causa. Na verdade, nós temos que nos regozijar nessas provações sabendo que eles são umas das ferramentas que Deus utiliza para nos fazer “perfeitos e íntegros, em nada deficientes” (Tiago 1:2-4). Que encorajamento incrível esse! Não devemos ensinar nosso povo a evitar o sofrimento ou, principalmente, não devemos ajudá-los a fugir das provações o mais rápido possível. Nós devemos ensiná-los a aprender com suas provações, regozijar na obra santificadora que Deus está realizando através do seus sofrimentos.
Sofrimento aumenta a comunhão.
Um dos benefícios frequentemente negligenciados na igreja como corpo de Cristo é o paradigma encontrado em 1 Coríntios 12:26:
“Se um membro sofre, todos sofrem com ele…”
É difícil superestimar o impacto que o sofrimento pode ter na profundidade da comunhão dentro do corpo de Cristo. Sofrimento provê a igreja uma oportunidade única de crescimento em compaixão, entendimento e amor uns pelos outros. As provações proporcionam uma chance da igreja fielmente suportar o fardo uns dos outros e ser o modelo do amor de Deus pelo o mundo.
Sofrimento produz esperança.
Um dos maiores dons do sofrimento é o contraste que ele fornece com a glória que está por vir. Paulo celebra essa verdade de maneira maravilhosa em Romanos 8:18:
“Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós.”
Amigo, isso é muito mais que uma trivialidade religiosa. Isso é uma verdade gloriosa! A grande esperança para os cristãos, sofrendo por qualquer tipo de provação, é a insondável glória que nos aguarda. Nosso sofrimento deveria apontar para isso. Nossas provações deveriam aumentar nossa expectativa, aumentar nosso desejo pela glória futura.
Chegará o dia em que o peso da maldição sobre este mundo será retirado, quando os redimidos de todas as nações irão adorar juntos livres de perseguição, quando não existirá mais conflitos, discussões políticas ou guerras. Haverá um dia, ainda futuro, quando ninguém estará mendigando comida para sobreviver, nenhuma esposa perderá seu marido para o câncer, garotos não terão mais convulsões. As provações deste dia nos apontam para o porvir com uma crescente expectativa desse glorioso dia.