O grande desafio da Igreja
O envolvimento da igreja com a cultura abrange uma série de questões, controvérsias e decisões – mas nenhuma questão define nossa atual crise cultural tão claramente quanto a homossexualidade. Algumas igrejas e denominações se renderam às exigências do movimento dos direitos homossexuais, e agora aceitam a homossexualidade como um estilo de vida completamente válido.
Outras denominações estão em cima do muro, e sem uma forte resistência conservadora, provavelmente elas irão abandonar a verdade bíblica e abençoar aquilo que a Bíblia condena. Nos últimos anos uma grande linha divisória se tornou evidente – algumas igrejas aprovando a homossexualidade de um lado, e outras teimosamente resistindo à onda cultural do outro lado.
O movimento dos direitos homossexuais entende que a igreja evangélica é um dos últimos movimentos de resistência comprometidos com a moralidade bíblica. Por causa disso, o movimento adotou uma estratégia de isolar a oposição cristã, forçando mudanças através de ação política e pressão cultural.
Podemos contar que os evangélicos se manterão fieis à Bíblia nessa questão? Dificilmente. Pesquisas científicas e observação informal relevam que temos experimentado uma significante perda de convicção entre a juventude e jovens adultos. Nenhuma revolução moral pode ser bem-sucedida sem moldar e mudar as mentes dos jovens e das crianças.
Inevitavelmente, as escolas se tornaram campos de batalha cruciais para a guerra cultural. A cosmovisão cristã tem sido atacada por um sutil currículo que ensina o relativismo moral, reduz mandamentos morais a valores pessoais e promove a homossexualidade como uma opção de estilo de vida legítima e atrativa.
Nossas igrejas devem ensinar os alicerces da moralidade bíblica para os cristãos, caso contrário eles nunca saberão que a Bíblia prescreve um modelo para relacionamentos sexuais. Jovens devem ouvir a verdade sobre o homossexualismo – e ser ensinados a estimar o casamento como a intenção de Deus para relacionamentos humanos que envolvem o sexo.
Os tempos exigem coragem cristã. Nesses dias, coragem significa que pregadores e líderes cristãos precisam definir uma agenda para a confrontação bíblica, e não se esquivar em lidar com toda a gama de assuntos relacionados à homossexualidade. Precisamos falar sobre o que a Bíblia ensinar sobre os sexos – o que significa ser um homem ou uma mulher. Precisamos falar sobre o sexo como dom de Deus e a aliança do casamento. E precisamos falar honestamente sobre o que é a homossexualidade e porque Deus condenou esse pecado como uma abominação aos Seus olhos.
Coragem é bastante raro em muitos círculos cristãos. Isso explica a rendição de tantas denominações, seminários e igrejas à agenda homossexual. Mas nenhuma rendição nessa questão seria possível se a autoridade das Escrituras já não tivesse sido minada. E ainda assim, mesmo que a coragem seja exigida, os tempos convocam para outra virtude cristã também – a compaixão.
O fato trágico é que toda a congregação quase certamente inclui pessoas que lutam com o desejo homossexual ou mesmo estejam envolvidas em atos homossexuais. Fora das paredes da igreja, os homossexuais estão esperando para ver se a igreja cristã tem algo mais a dizer depois de termos declarado que a homossexualidade é um pecado. Igrejas liberais têm redefinido compaixão para que ela signifique que a igreja deve mudar sua mensagem para concordar com as exigências modernas.
Eles argumentam que dizer a um homossexual que ele é um pecador é algo sem compaixão e intolerante. Isso é como dizer que um médico é intolerante porque ele fala a sua paciente que ela tem câncer. Mas na cultura do politicamente correto, esse argumento possui uma poderosa atração. Cristãos bíblicos sabem que compaixão requer falar a verdade e recusar-se a chamar um pecado de algo puro. Esconder ou negar a pecaminosidade do pecado é mentir, e não há compaixão em um engano terrível desse tipo.
A verdadeira compaixão exige falar a verdade em amor – e aí está o problema. Frequentemente nossa coragem é mais evidente do que nossa compaixão. Em muitos casos, as opções parecem reduzidas a estas: igrejas liberais pregando o amor sem a verdade, e igrejas conservadoras pregando a verdade sem amor.
Cristãos evangélicos precisam se fazer algumas perguntas difíceis, mas a mais difícil talvez seja essa: Porque temos sido tão ineficazes em alcançar pessoas presas neste tipo específico de pecado? O Evangelho é para pecadores – tanto para pecadores homossexuais quanto para pecadores heterossexuais. Como Paulo explicou para a igreja de Corinto: “Assim foram alguns de vocês. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus.” (1 Coríntios 5.11).
Creio que estamos falhando no teste da compaixão. Se o primeiro requisito da compaixão é falar a verdade, o segundo requisito certamente deve ser que devemos alcançar os homossexuais com o Evangelho. Isso significa que devemos desenvolver ministérios que cuidem em fazer dessa preocupação algo concreto, e aprender como ajudar os homossexuais a escaparem das poderosas garras desse pecado – assim como ajudamos outros a escaparem de suas prisões pela graça.
Se somos realmente um povo do Evangelho; se realmente amamos os homossexuais como outros pecadores; então precisamos alcançá-los como uma sinceridade que faça esse amor tangível. Não chegaremos nem perto desse requisito enquanto não estivermos prontos a dizer aos homossexuais: “Queremos que você saiba todo o plano de Deus para você, saiba do perdão dos pecados e da misericórdia de Deus, receba a salvação que vem pela fé no Senhor Jesus Cristo, saiba a cura que Deus opera em pecadores salvos pela graça, e se junte a nós como discípulos de Jesus Cristo, vivendo em obediência e crescendo em graça juntos”.
Assim foram alguns de vocês… A igreja não é um lugar no qual pecadores são bem-vindos para permanecer em seus pecados. Ao contrário, é o Corpo de Cristo, composto de pecadores transformados pela graça. Nenhum de nós merece ser aceito no Amado. Tudo é graça, e todos nós viemos do pecado.
Pecamos se chamamos a homossexualidade de alguma outra coisa que não seja pecado. Pecamos também se agimos como se esse pecado não pudesse ser perdoado. Não podemos nos contentar com a verdade sem amor nem o amor sem a verdade. O Evangelho define a questão de uma vez por todas. Essa grande crise moral é uma crise do Evangelho.
O genuíno Corpo de Cristo será revelado por sua compaixão corajosa e coragem compassiva. Veremos isso acontecer apenas quando homens e mulheres libertos da escravidão da homossexualidade pela graça de Deus sintam-se livres para se levantar em nossas igrejas e declarar seus testemunhos – e quando estivermos prontos a recebê-los como discípulos irmãos. Milhões de pessoas machucadas estão esperando para ver se realmente queremos dizer aquilo que pregamos.