Estive considerando alguns princípios para fidelidade no Evangelho que podemos coletar de 2 Coríntios 4.3-6. Até agora temos coletado três princípios. Vimos em 2 Co 4.3 que nosso propósito não é divertir os bodes, mas chamar as ovelhas, e assim medimos nosso sucesso pela fidelidade e não por números. Vimos em 2 Co 4.4 que o problema mais fundamental do mundo é que eles não conseguem ver a glória de Cristo, e isso que deve ser o foco da missão da Igreja. Por esse motivo, vimos em 2 Co 4.5 que a nossa proclamação não deve ser sobre nós mesmos, mas deve ser sobre o Evangelho do Senhorio de Cristo. Depois disso, postei uma grande porção de uma dissertação de Duane Liftin sobre a loucura da pregação, e quanta confusão metodológica no Evangelicalismo deriva de uma falha em perceber que o pregador Cristão é um arauto, e não um orador. Liftin faz um ótimo trabalho de examinar qual é qual.
Depois disso tudo, finalmente chegamos ao quarto princípio no nosso estudo de 2 Coríntios 4:3-6. Vimos o propósito, problema, e proclamação. Finalmente, precisamos saber a prescrição.
Porque Deus, que disse: Das trevas resplanderá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo. 2 Coríntios 4.6
Lembre da situação da humanidade. Todos pecaram e ficam aquém do padrão de Deus de justiça e, assim, são incapazes de desfrutar um relacionamento com o seu Criador. E porque eles não podem fazer nada para salvá-los, Deus enviou Cristo para viver e morrer em nome deles, assim, se eles creem nEle, Ele pagou pelo pecado deles e imputa a Sua justiça na conta deles. Sendo declarado justo perante Deus, o homem pode desfrutar um relacionamento restaurado com seu glorioso Criador pelo qual ele foi feito. E, apesar disso, a tragédia é que as suas mentes estão cegas. Logo, quando eles ouvem tal notícia maravilhosa, não podem vê-la pelo que ela é. Eles não veem glória nisso. É simplesmente loucura, e assim eles continuam a descrer e a resistir.
Mas agora, Paulo diz, em magnífico amor, o próprio Deus – o mesmo que disse, “Das trevas resplandecerá a luz” – brilha nos corações dos Seus escolhidos para dar a Luz do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo. Deus supera nossa resistência para o Evangelho ao nos dar a luz necessária para ver as coisas como elas realmente são. A prescrição, ou a cura, para a cegueira espiritual do homem é o trabalho soberano de regeneração de Deus.
Três níveis de profundidade redentora
Porém, existe um paralelismo acontecendo entre os versículos 4 e 6, e compará-los ilumina algumas realidades preciosas.
No versículo 4, temos: a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus.
E no verso 6: iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo.
Nível 1: Luz
O primeiro nível é aquele que mencionei brevemente: o nível da “luz”. Esse é o milagre da regeneração pelo qual Deus soberanamente transmite luz espiritual a uma mente cega, ou, para usar outra metáfora, pelo qual Ele soberanamente transmite vida espiritual para o coração morto. Paulo compara esse ato de Deus à criação do mundo. Ele diz: “o Deus que disse ‘Das trevas resplandecerá luz’” é quem resplandeceu em nossos corações. No princípio, Deus disse, ‘Haja luz,’ e houve luz.
Assim como Deus criou o mundo do nada, assim Ele criou vida espiritual em nós do nada (Rm 4.17). Não havia nada dentro de nós para ser trabalhado – nenhum potencial, nenhuma faísca de bondade, nenhuma fé prevista. Ao compararmos o ato regenerativo de Deus com a criação do mundo, Paulo está ensinando que o novo nascimento é tanto um ato soberano de Deus, quanto a criação original do universo. E se houver alguma dúvida, deixe-me lhe perguntar: Quão ativa ou cooperativa foi a criação em sua criação?
Não foi. Nada existia, e então se fez. Por isso, a metáfora de nascer de novo é tão apropriada: assim como um bebê em nada contribui para o seu primeiro nascimento, assim também aqueles que são nascidos de novo do alto não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus (Jo 1.13).
Então, o primeiro nível do trabalho redentor de Deus é a regeneração. Deus resplandece Luz onde havia trevas.
Nível 2: Conhecimento do Evangelho
Perceba o segundo nível: Deus resplandece luz do conhecimento, ou, como o versículo 4 diz, a luz do evangelho.
De novo, estes são paralelos. Podemos entender o segundo nível como: “o conhecimento do Evangelho”. O que isso significa é que é a Luz da regeneração que leva o pecador – que antes era cego e não via glória e nenhuma beleza no evangelho – a contemplar a mensagem do que Cristo fez na história para fornecer salvação para pecadores culpados, e a vê-lo como a maior notícia que eles poderiam imaginar.
Antes dessa luz brilhar, a história dos anúncios angelicais, o nascimento virgem, a vida perfeita, os milagres, a traição, o julgamento injusto, a terrível cruxificação e morte, e a ressureição de Jesus – tudo isso é apenas uma história, como um conto de fadas. No entanto, agora a luz resplandeceu, e os olhos dos seus corações estão abertos, e eles olham para a velha, velha história, e é lindo!
Nível dois é o conhecimento do Evangelho.
E é nesse ponto onde muitos cristãos – até muitos ortodoxos, evangélicos conservadores – simplesmente param. Eles não vão além disso. Mas há um terceiro nível do trabalho redentor de Deus que vamos aprofundar mais tarde. Não perca.