Últimas notícias: Nós vivemos no mundo.
Vivemos em um mundo secular onde Deus é ignorado, a imoralidade é encorajada, a ganância não tem fim e a mídia está corrompida. Mas não temos como escapar. É aqui que trabalhamos e nos divertimos, nos casamos e criamos filhos, vamos à escola e aprendemos.
Com isso em mente, há uma grande questão que muitos cristãos estão se fazendo atualmente: Como um cristão deveria se relacionar com a sua cultura?
Devemos nos isolar nos guetos cristãos? Ou devemos estudar a cultura – estar em contato com o melhor que a TV e o cinema podem oferecer, ler os livros mais vendidos e conhecer as novidades musicais?
Pessoalmente, não estou certo de como responder exatamente essas questões, ou aonde estabelecer os limites. Eu sei que devemos refletir sobre esse assunto, cuidadosa e biblicamente. E eu sei que todos nós iremos responde-las, com boas intenções, de formas diferentes.
Mas eu imagino que essa questão – “Como um cristão deve se relacionar com a cultura” – seja a questão errada. Esse pode ser um ponto de partida errado para nós, cristãos imersos na cultura. Eis o porquê: eu não tenho certeza de como devo me relacionar com a cultura, mas sei, com certeza, como devo me relacionar com as pessoas que estão longe de Cristo, no que diz respeito à salvação. Antes de nos questionarmos como nós devemos nos relacionar com a nossa cultura, devemos questionar como e porque Cristo veio à cultura. Cristo, e sua obra, devem definir as questões que fazemos em relação à cultura.
Quando conversamos sobre se relacionar com aqueles que não conhecem Cristo, eu penso que devemos começar assim: Jesus veio ao mundo para buscar e salvar os perdidos. Ele veio não para ser servido, mas para servir e entregar sua vida em resgate de muitos. Ele foi santo e imaculado, e foi chamado de amigo dos pecadores. Chamou os doze para segui-lo e para serem transformados em pescadores de homens.
Eu posso não saber de todos os detalhes de como me relacionar com a cultura, mas disso eu sei – Jesus me enviou ao mundo com a mesma missão dele. Ele me chamou para ser um pescador de homens. Ele quer que eu seja amigo dos pecadores. Isso não diz respeito a filmes, livros e músicas. Diz respeito a pessoas. Isso é a vida cotidiana.
Como podemos então estar no mundo e não ser parte dele? O que podemos aprender com Jesus para nos ajudar nisso? Vamos ver alguns princípios das Escrituras e da experiência que irão nos ajudar a entender e nos mostrar o caminho para nos relacionarmos com os perdidos.
Primeiro, eu me relaciono com o mundo de forma redentiva. Eu sou um pescador de homens, para anunciar a salvação. Isso não significa que devo enxergar as pessoas apenas como projetos de evangelismo. Eu não devo conhecer um amigo do trabalho, compartilhar o evangelho, descobrir que ele não está interessado e descartá-lo. Evangelismo não é uma linha de produção de montagem.
Se eu vivo de forma redentiva, eu estou amando as pessoas ao meu redor, tratando-as com respeito e amizade verdadeira e sempre buscando e orando por sua salvação. Eu estou em uma missão – e essa missão me impede de ser conivente com o pecado enquanto sou amigo dos pecadores.
Segundo, há obstáculos ao se relacionar com os perdidos. Ter medo das pessoas é normal. Sentir vontade de pecar por ter esse medo, também. Eu posso acabar não sendo sábio e ceder à atração casual pelo sexo oposto. Posso acabar passando muito tempo com os perdidos e perder o contato e a amizade com as pessoas que se preocupam com a minha alma. O mundo não é um lugar neutro. As pessoas que não conhecem Cristo querem que outros se juntem a eles em seus pecados. Eu preciso de sabedoria e discernimento, e isso significa que eu preciso de ajuda dos outros.
Terceiro, conhecer pessoas é diferente de ir ao cinema. Eu penso que toda essa discussão sobre estar consciente da cultura serve para desviar o foco de conhecer profundamente as pessoas. Eu sou chamado para amá-las e serví-las por Cristo.Sou chamado para ajudá-las quando elas tem problemas no casamento, com os filhos, e quando estão sofrendo com os efeitos de seus pecados. Eu sou chamado para me relacionar com elas naquilo que temos em comum. E nós temos muito em comum. Somos todos feitos à imagem de Deus. Conhecemos o amor e o ódio, a tristeza e a alegria, e a beleza da música e da criação. Eu não preciso focar apenas a cultura atual, desde que esteja me relacionando com pessoas reais.
Isso significa que eu devo conhecer indivíduos. Eu nunca conheci pessoas estatisticamente comuns. Eu só conheço meus amigos, vizinhos, colegas de trabalho e de escola. Eu preciso conhecer seus questionamentos, suas histórias, seu passado, suas objeções ao Evangelho. Devo tratá-las com muito respeito.
Eu sempre me perguntei porque os pecadores seguiam Jesus. Ele não tinha pecado. Eles eram pecadores. Eles eram desprezados por muitos – mas queriam estar com ele. Eu penso que uma das respostas é que, pela forma como ele era claro a respeito de salvação e pecado, ele as tratava com tanta dignidade e respeito que eles eram atraídos por ele.
Quarto, devo entender a cultura para servir as pessoas que eu conheço. Dois homens me influenciaram muito nesse ponto: Francis Schaeffer e Tim Keller. Ambos foram/são homens claramente conscientes da cultura e muito sofisticados em seu relacionamento com ela. Mas ambos são evangelistas. Eles conhecem as pessoas. São o tipo de homem que lêem os livros mais populares e criam laços com pessoas de verdade. São o tipo de homem que iriam ver o último lançamento do cinema, ouviriam a mensagem do diretor e imediatamente buscariam enxergar como ela se relaciona consigo e com seus amigos que não são cristãos. E isso é possível através do discernimento. Eles encontraram formas de entender as pessoas através da observação da cultura. Para eles, conhecer a cultura não é um exercício acadêmico – é servir as pessoas. E isso deveria ser verdade para nós.
Somos chamados para sermos amigos dos pecadores. Podemos ser mais eficazes quando conhecemos o mundo em que vivem e o que molda seus valores. Então nós acompanhamos a cultura. Mas tudo isso para que o Salvador possa buscar e salvar os perdidos através de nós.
Traduzido por Filipe Schulz | iPródigo