Rico, jovem e perdido

Jesse Johnson
Jesse Johnson

Lucas 18, Marcos 10 e Mateus 19 nos contam a conhecida história do jovem rico. Essa é a história dos evangelhos que talvez seja mais usada como modelo para o evangelismo, e nos mostra como era a abordagem de Jesus para o evangelismo.

Obviamente, o jovem não foi salvo. Esse fato é essencial para entender como Jesus enxerga o evangelismo “bem sucedido”. Isso não quer dizer que Jesus falhou, mas nos mostra como o objetivo do evangelismo de Jesus era expor as intenções do coração mais do que convencer pessoas a segui-lo. Algo de surpreendente nessa passagem é ver como Jesus diz coisas que inevitavelmente afastariam o jovem. Parece que muitas das exposições do evangelho, hoje em dia, são feitas para encurralar alguém em um beco lógico, onde a razão quem diz que deveriam se comprometer a seguir Cristo (se você quiser fugir do inferno, se quiser viver uma vida feliz, se quiser ter preenchido aquele vazio do seu coração, repita comigo). A razão faz com que as pessoas sigam a Cristo, e Deus requer que as pessoas sigam a Cristo. Mas Jesus não apelou para a razão ou para um argumento lógico quando estava falando com o jovem rico. Pelo contrário, Jesus estruturou esse mandamento de uma forma que leva a pessoa a pensar “Cristo é o que há de mais valioso na minha vida?”. A maioria das nossas exposições do evangelho perguntam “Você quer ir para o inferno? Se não, siga a Cristo”. Jesus perguntou “Você me valoriza acima de tudo no mundo?”

Jesus usou a Lei como ponto de partida na conversa. Mas não usou a Lei para levá-lo ao arrependimento. Lembre-se de que quando Jesus usou a lei, o jovem respondeu que, quanto a Lei, era irrepreensível. Jesus não discutiu com ele. Não disse “então você está dizendo que nunca mentiu, nenhuma vez sequer?”

Pelo contrário, ele deixou de lado toda a discussão sobre a Lei e perguntou ao jovem se ele valorizava Cristo acima das riquezas do mundo. Jesus usou a auto-afirmada obediência à Lei do jovem para levantar um ponto importantíssimo: seguir a Lei não salva ninguém, mas valorizar a Cristo como seu maior tesouro leva a salvação.

As pessoas precisam saber das más notícias, de que são pecadores, antes de conhecerem as boas novas, de que Cristo morreu em expiação substitutiva pelos seus pecados, e ressurgiu da morte. Mas, quando Jesus se encontra com o jovem rico, ele não faz caso da questão da lei. É como se Jesus dissesse para o jovem “Você cumpriu a Lei a vida toda? E daí? Você está perdido porque ama mais sua vida do que a mim”.

Se eu pudesse mudar o evangelismo moderno, seria assim: que parássemos de argumentar com as pessoas até levá-las a uma decisão, e começássemos a chamar as pessoas a negarem suas vidas e seguirem Cristo.

Mesmo que isso signifique que elas nos dêem as costas.