David Bowie. Alan Rickman. Ronnie Corbett. Victoria Wood. Prince. A lista de estrelas do ceifador parece não dar sinais de cansaço em 2016. De acordo com a estatística de um programa da BBC, é provável que isso continue a acontecer, com a primeira geração de celebridades de massa criadas pela TV e pela música popular chegando aos seus 60 e 70 anos.
A reação pública à morte de celebridades pode ter iniciado com o extravasamento provocado pela súbita e violenta morte da Princesa Diana aos 36 anos, em 1997. Mesmo aqueles entre nós que não entendiam bem o fenômeno foram pegos por ele. Nos anos seguintes, o luto nas mídias sociais pode ter substituído as multidões alinhadas nas ruas com flores, mas a profundidade do sentimento continua real.
Ainda assim, é um fenômeno estranho. Afinal, o que há para lamentar por uma pessoa que você não conhece?
Primeiro, há sempre a tristeza genuína no fim de uma vida. Qualquer vida. Este é um lembrete do mundo caído e desordenado em que vivemos, onde a morte tem o controle. Isso é particularmente verdadeiro para aqueles que morrem antes de seus setenta. Assim, é correto lamentarmos a morte de uma celebridade tanto quanto lamentamos a morte de um refugiado anônimo.
Segundo, eu me pergunto se, para muitos de nós, esse luto é composto por um reconhecimento duro de nossa própria mortalidade. Celebridades podem se tornar Dorian Grays, mostrando uma aparência pública jovem que esconde seu envelhecimento ou sua doença. É somente na morte que somos confrontados com a mortalidade deles. E, assim, com a nossa. Se os artistas que ouvimos quando éramos adolescentes agora têm 60 ou 70 anos, quão velhos nos tornamos? Se os amados apresentadores de TV de nossa infância estão morrendo, quão rápido virá a nossa vez?
Terceiro, há um senso real de perda pela obra que a pessoa produziu. Artistas – seja na música, na literatura, na comédia ou na pintura – nos ensinam a ser humanos. Eles têm uma profunda influência sobre nós e inevitavelmente ficaremos tristes quando suas obras chegam ao fim.
Assim, há luto e há um senso de perda. Muito frequentemente parece que a maneira correta de honrar alguém em sua morte será compartilhar nosso luto e senso de perda com os outros. Essas são pessoas que conhecíamos publicamente e, assim, gostaríamos de marcar publicamente o falecimento delas também.
Porém, não devemos confundir a tristeza e senso de perda que sentimos com a morte de uma celebridade com o tipo de luto que segue a morte de alguém que realmente conhecíamos e amávamos. Por mais que possamos ter sido profundamente influenciados pela obra de alguém, não os conhecíamos. Nós não os amávamos, mas a obra que eles produziram.
Sempre que estivermos entristecidos pela morte de uma celebridade, precisamos nos lembrar daqueles que estão chorando por eles como um parente, um cônjuge ou um amigo. O luto deles é profundo e importante de um jeito que o nosso não é. Da mesma forma, não devemos ofuscar a tristeza daqueles que lamentam por alguém que nunca foi famoso. A perda de um ente querido é mais profunda neles que nossa dor por qualquer celebridade.
Assim, vamos ser cuidadosos e sábios em nossas reações às mortes de figuras públicas. Não vamos nos transformar nos maiores dos lamentadores. Não utilizemos a mesma linguagem que usaríamos em uma situação de luto pessoal. Vamos reconhecer nossa tristeza e usá-la como uma oportunidade para refletir sobre nossa mortalidade. Lembremo-nos que a morte é real e urgente, e tomemos isso como um lembrete para proclamar as boas novas do Senhor Jesus. Preguemos como homens e mulheres que estão a morrer.