Há algum tempo, eu e minha esposa herdamos um monte de livros infantis de alguns amigos. No meio da pilha estava um livro chamado Todo Mundo Faz Cocô. A intenção do livro era mostrar às crianças pequenas que não é estranho ou assustador usar o troninho. Um livro muito bonitinho. Também cheio de defecação. Esta não é uma leitura para corações fracos ou estômagos cheios, mas seus filhos provavelmente rirão durante o livro todo.
Na noite de ontem, tive de ir ao Wal-Mart. Quando estava entrando na loja, uma mulher e suas duas filhas estavam saindo. Eu escutei que elas cantavam algo juntas, e meu coração saltou quando considerei que talvez, apenas talvez, essa mulher estivesse cantando uma música de catecismo com suas filhas (eu tenho uma grande imaginação!). Eu fiquei, claro, desapontado quando me aproximei para descobri que essa mulher não estava imprimindo em suas filhas a importância de conhecer o Senhor ou recitar a Escritura. Na verdade, elas estavam cantando uma música da Katy Perry:
Cuz I am a champion / And you’re gonna hear me roar! [Porque eu sou uma campeã / E você vai me ouvir rugir!]
Eu sei o que você está pensando: “defecação”, a música da Katy Perry… essa é a parte em que o Adam vai juntar tudo. Você já consegue enxergar a conexão. Bem, espere um pouquinho.
Essa mulher e seus filhos estavam cantando um hino do girl power [poder feminino]. Uma ode à independência. Uma viagem açucarada e de punho erguido pela estrada da música pop. Enquanto passava por elas, eu me repreendia pela minha viagem imaginária inicial que deu luz a esse momento de decepção. Cinismo é uma defesa infalível contra o desapontamento, e eu me deixei cair nele. Eu já tinha decidido não cometer o mesmo erro duas vezes. Mas o que me atingiu, quase imediatamente, foi a percepção de que Todo Mundo Catequiza. Essa mulher estava realmente catequizando suas filhas.
“E ensinai-as [as palavras de Deus] a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te” (Dt 11.19)
Eu não tenho a intenção de julgar essa mulher. Eu desperdiço meu tempo com meus filhos o tempo todo, fazendo coisas idiotas e triviais, e tornando-os eruditos em Star Wars. Eu não sou o exemplo que gostaria de ser em como educar os filhos no caminho do Senhor. Como muitos dos meus colegas de seminário, eu não fui criado com catecismos formais. Meu ponto não é dizer: “Seja um bom pai! Pare de ser tão ruim!”. Meu ponto é que precisamos estar consciente de que não escolhemos se vamos catequizar nossos filhos ou não.
Frequentemente, converso com pessoas que dizem que não querem catequizar seus filhos com algo parecido com o Breve Catecismo de Westminster simplesmente porque não aprenderam desse jeito. Alguns afirmam que um método de ensino formal nesse estilo não é atraente. Há outras razões também, claro, mas a questão é que todo mundo catequiza seus filhos. Todo mundo ensina a seus filhos o que é mais importante, seja com suas vidas, com suas palavras, ou com as músicas que cantam enquanto saem do Wal-Mart. Como pais, devemos nos tornar mais autoconscientes e intencionais.
A questão, então, não é se você, como pai, catequizará seus filhos; todo mundo catequiza! A questão é, com o que você os catequizará?