Eu já tive um emprego que eu odiava. Dia após dias eu sentava em um escritório sem janelas no subsolo, cercado de computadores quentes e barulhentos. Dia após dia nada acontecia. Eu não tinha grandes projetos para me inspirar, nenhum grande objetivo para trabalhar por, nenhuma missão a cumprir. Era uma existência apagada e entediante lá embaixo, esperando que algo empolgante acontecesse. Mas nada nunca acontecia, pelo menos até o dia em que me demitiram. Eu odiava aquele trabalho. Eu odiava ir para aquele escritório. O eventual olho da rua, apesar de intimidador e humilhante, foi também uma espécie de alívio, por pelo menos ser uma promessa de um fim àqueles dias.
Tenho pensado muitas vezes naquele emprego conforme os anos foram passando. Às vezes é no contexto de períodos em que o emprego que eu tenho agora, e que eu amo, parece chato e insignificante, quando o pastoreio envolve mais papelada do que pessoas. Às vezes é conversando com Aileen, minha esposa, que frequentemente luta contra a natureza monótona do trabalho que ela faz ao cuidar da casa e da família. Às vezes é quando converso com pessoas que sentem que suas habilidades excedem às oportunidades ou que acreditam que o treinamento que tiveram deveria os levar além das tarefas que consumem todas suas horas de trabalho.
Então penso naquele emprego de administração de redes, na murmuração e no desencorajamento, e ao refletir nessa nostalgia, sinto minha parcela de culpa nisso tudo. O que eu vejo mais do que qualquer outra coisa, e o que me preocupa mais do que qualquer outra coisa, é minha completa falta de alegria naquilo que estava fazendo. Eu acredito piamente que aquele emprego era o meu chamado, minha vocação, naquele período da minha vida, e mesmo assim eu o fazia sem qualquer paixão, sem qualquer motivação. Eu trabalhava sem qualquer alegria. Eu falhei em meu chamado naquela época e naquele lugar. Eu mereci ser mandado embora!
Mas o emprego não era o problema. Eu era o problema, porque me recusava a atribuir qualquer significância ao trabalho que estava fazendo. O trabalho era chato, ordinário, tedioso e inexpressivo porque eu permiti que assim fosse. Eu não estava pensando de forma cristã sobre aquele emprego ou sobre o trabalho que eu deveria desempenhar lá. Minha falta de alegria em realizar minhas tarefas era um resultado direto da falta de significância que eu atribuí a elas.
E isso é o que eu deveria ter enxergado e ainda preciso sempre relembrar: o trabalho não é significativo apenas quando eu uso toda a minha capacidade. O trabalho não é significativo apenas quando oferece desafios inesperados ou oportunidades especiais. O trabalho não é significativo apenas quando é mensurável em reais e centavos ou em reconhecimento e elogios. O trabalho tem um significado intrínseco porque me dá a oportunidade de fazer algo com alegria – com alegria no Senhor. Eu posso realizar meu trabalho de forma que glorifica a Deus ou de forma que o desonra. Qualquer coisa que eu possa fazer para a glória de Deus tem significado. Tem muito significado!
Como eu faço meu trabalho para a glória de Deus? Eu aceito a tarefa, não importa o quão comum ou insignificante possa parecer. Eu faço quando sou mandado fazer, faço até o fim e faço com alegria. Quando eu faço assim, estou glorificando a Deus.
Eu penso em Jesus, o carpinteiro. O Filho de Deus criou a humanidade, criou a terra, criou o cosmos e, na maior parte de sua vida na terra, criou móveis para o lar. Mas eu não acho que ele murmurava por conta disso. Eu penso que ele o fazia para a glória de Deus.
Eu penso em Paulo, o grande intelectual, o acadêmico brilhante, o pastor e plantador de igrejas, que estava contente em costurar tendas. Eu não creio que ele murmurava sobre isso também. Ele o fazia para a glória de Deus.
Eu penso nesse mesmo apóstolo escrevendo para os escravos em Colosso e dizendo a eles que “tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens, cientes de que recebereis do Senhor a recompensa da herança. A Cristo, o Senhor, é que estais servindo”. Por definição, essas pessoas não eram pagas e eram desrespeitadas, mas ainda assim Paulo podia dizer a eles que seus trabalhos eram cheios de significado porque davam a eles a oportunidade de servir e glorificar a Deus.
Todo dia e todo momento eu tenho uma escolha diante de mim: vou realizar meu trabalho de forma que glorifica a Deus? Ou vou fazer meu trabalho de forma que o desonra e desagrada? Perante essas questões, eu sei que meu trabalho é importante. Não importa qual seja meu trabalho, ele é importante. E é importante porque meu trabalho é um meio de glorificar meu Deus. “E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai”.