Querida Igreja*,
Em seu livro, Preaching the Whole Biblie as Christian Scripture [Pregando toda a Bíblia, a Escritura Cristã], Graeme Goldsworthy comentou: “O ato de proclamar, ou pregar, não era dar opinião ou reinterpretar as antigas tradições religiosas de uma forma nova e criativa. Era proclamar a palavra de Deus. Independentemente da forma que se proclamava, o conteúdo era a o evangelho de Jesus…”. Curiosamente, a Segunda Confissão Helvética usa palavras diferentes para, talvez, transmitir a mesma coisa. “A pregação da palavra de Deus é a palavra de Deus. Portanto, quando essa palavra é agora pregada na igreja por pregadores legalmente chamados, nós acreditamos que a própria palavra de Deus está sendo proclamada…”.
Você acredita nisso? Pergunto-me se sim. Espero que um olhar de cima do púlpito esclareça o porquê dessa minha dúvida.
Alguns de vocês dormem durante o sermão. Eu gostaria de concluir que vocês possuem alguma condição de saúde causando isso, mas minha investigação inicial revela informações contrárias. A verdade é que vocês são ocupados. Ocupados com as atividades das crianças; com o emprego; com o lazer, o qual deixam vocês acordados até tarde no sábado; e com uma série de outros compromissos que vocês assumem. Não é à toa que estão caindo de sono na igreja. Ela consome o restante da energia e da atenção de vocês, que é quase zero. Talvez uma reflexão e uma implementação dessa área do Diretório de Culto Público possa ajudar.
Com o fim de santificar o dia, é necessário que [o povo] se prepare para a sua chegada. Elas devem atender as suas necessidades ordinárias de antemão, para que não comprometam a separação do Dia do Descanso para o Senhor. É aconselhável que cada indivíduo e família preparem-se para a comunhão com Deus em suas ordenanças públicas. Portanto, eles devem fazer isso lendo as Escrituras, fazendo meditação santa e orando, especialmente para que Deus abençoe o ministro da Palavra e dos sacramentos
Outros de vocês gostam de conversar no Facebook e no Twitter durante o sermão. Estou surpreso que a consciência de vocês não os incomode. Eu, talvez, esteja igualmente surpreso por ninguém em volta tentar impedi-los disso. Talvez não percebam, mas eu percebo. Claro, vocês vão dizer que estão simplesmente lendo suas Bíblias no seus iPhones. Às vezes, isso pode ser verdade, mas em seus Twitters e Facebooks constam postagens da hora do meu sermão, o que me dá razão de acreditar de que vocês estão fazendo algo a mais do que lendo a Bíblia. Será que o Twitter e o Facebook não podem esperar? Deus está falando. Vocês estão ouvindo?
Eu poderia fazer essa mesma pergunta, mas de uma perspectiva diferente, para outro grupo. Eu sei que há ávidos anotadores na congregação. Sou grato pela a atenção de vocês. Talvez anotar os ajude a manter o foco. Mas espero que vocês saibam que a ministração da palavra é muito mais do que informação. Não é um exercício de sala de aula. Deus realmente ministra a vocês por meio do pregador da palavra. É isso, ele está continuamente remodelando os seus corações à imagem do Filho. Vocês percebem isso, ou vocês achavam que o sermão é simplesmente mais uma forma de se obter conhecimento e falar aos outros sobre o que vocês sabem sobre a Bíblia?
Essas são algumas das coisas que eu percebi de cima do púlpito. Entretanto, se isso é tudo que eu vejo, eu deveria ficar em um estado constante de desencorajamento.
Muitos de vocês sentados à beira de seus assentos antecipando a progressão do sermão ponto a ponto. Eu posso dizer, por suas expressões faciais e linguagem corporal, que vocês estão sedentos para ouvirem o evangelho. De fato, baseado em conversas que tive com vocês, vocês vivem de domingo a domingo. Vocês abraçaram o quanto puderam as palavras da escritura mencionadas em Hebreus 12.18. Vocês reconhecem a magnitude do que acontece a cada Dia do Senhor. Obrigado. Vocês me encorajam como ministro da palavra de Deus.
Pais, eu sei que pode ser difícil manter uma criança pequena na adoração do Dia do Senhor. Elas se mexem, falam e incomodam, mas vocês as mantêm ao seu lado. Eu sei que é uma batalha. Obrigado por resistirem às dificuldades de se ter uma criança no culto. Eles pertencem a nós. Por favor, não se sintam obrigados a saírem do culto a cada pequeno barulho que elas fazem. Elas são crianças; nós já esperamos por isso. Se as pessoas se virarem para olhar de forma insatisfeita, ignorem! O problema é delas, não seu. Deus fala com as crianças o mesmo tanto que ele fala com adultos. Enquanto você resiste a essas dificuldades, descanse certo de que isso não será para sempre. Conforme elas envelhecerem, você terá de se preocupar cada vez menos, durante o culto, com elas.
Vocês veem o que eu vejo? Já que muitos não possuem a visão de cima do púlpito, eu quis compartilhar algumas coisas que eu percebo.
*Esse texto não é direcionado a nenhuma igreja em particular. Em vez disso, ele é uma coleção de observações que ministros compartilharam comigo com o passar do tempo.
Traduzido por Victor Bimbato | Reforma21.org | Original aqui