Legal demais para o Natal

Tim Kimberley
Tim Kimberley

Estamos em espírito de Natal aqui na Credo House. Nós temos aqui a, provavelmente, maior árvore falsa de Natal, decorada ao máximo. Não estou brincando, ela tem mais de 6 metros de altura! Estamos servindo todo tipo de drinks de café relacionados à época. Nosso frappuccino de São Nicolas é um dos mais vendidos. Outro dia eu estava saboreando nossa gemada com café com leite, ouvindo as músicas natalinas reverberando no ambiente, assistindo alguns desenhos natalinos na nossa maior TV de tela plana, quando um dos nossos baristas chegou, para começar seu turno. Esse é, provavelmente, o mais hipster dos nossos baristas. Eu amo esse cara.

Ele veio até mim com um olhar que eu nunca tinha visto antes. Imagino que foi um olhar parecido com o de Jesus quando disse “Até quando estarei com vocês? Até quando terei que suportá-los?” (Mateus 17.17). Ele veio e me surpreendeu com sua pergunta. Ele disse “nós realmente vamos ficar tocando músicas natalinas durante todo o mês?”.

Tenho que admitir que isso me surpreendeu um pouco. Respondi “provavelmente”. Mais uma vez, recebi o olhar “até quando terei que suportá-los?”. Rapidamente, minha mente se encheu de memórias de outros momentos da minha vida em que encontrei esses rabugentos com o natal. E todos nós somos rabugentos com o natal em potencial. Aqui estão algumas formas em que podemos ser “legais demais” para o Natal:

1. Únicos demais para o Natal

Creio que o nosso barista se encaixa nessa categoria. Ninguém quer se sentir apenas como um número de CPF de 11 dígitos. Dentre as 7 bilhões de pessoas do planeta, cada um de nós que se sentir valorizado por nosso valor individual. É muito fácil começar a pensar “se outras pessoas gostam, eu não gosto”. Se todo mundo gosta de certo artista musical, eu vou achar uma banda independente que ninguém nunca ouviu. Se todo mundo ama certo time, vou me afastar por ser único demais para me rebaixar a ser parte da massa. Se todo mundo se veste de certa forma, vou me diferenciar por meio de um guarda-roupa mais eclético. Eu quero que as pessoas se lembrem da minha contribuição única para o mundo.

As pessoas desse grupo quase sempre pensam “eu sou único e preciso permanecer assim em todas as áreas da minha vida”. Se milhões de pessoas amam o Natal, eu não. fora, me deixa em paz. Sou legal demais para o Natal.

O problema com essa mentalidade é Jesus. Jesus é o único Único. Você conhece outros Deus-homens? Você conhece mais alguém que te convida para ser adotado na família de Deus? Você conhece mais alguém que te conclama a abrir mão de sua vida para viver a dEle, e isso vai ser a melhor decisão da sua vida? Se você quer se diferenciar, siga o único Deus-homem que já pisou nesse planeta. O Natal é a única época do ano que a vinda de Jesus toma, apropriadamente, o centro do palco. Não seja “único demais” para o Natal.

2. Maduro demais para o Natal

Se não tomarmos cuidado, vamos todos começar a achar que o Natal é só para crianças. Sim, estou planejando levar meus três filhos para sentar no colo do Papai Noel. Você sabia que nesse fim de semana ele estará no shopping Quail Springs em Oklahoma City? Meus filhos estão tão empolgados que mal conseguem enxergar direito.

Minha filha de dois anos grita toda vez que estamos dirigindo a noite e ela vê uma casa enfeitada com as luzes de Natal. Ela grita “Luzinhas! Papai! Luzinhas! Papai!” com toda força, até que eu olhe pra ela e para as “luzinhas”. Cinco segundos depois, passamos por outra casa e começa tudo de novo.

Eu posso ficar meio calejado por conta da exuberância dos meus filhos com o Natal. Claro, eu também ficava animado assim quando era pequeno. Minha inocência, entretanto, se foi. Agora eu sei quanto custam todos aqueles presentes. Estou ficando velho demais para o natal.

Não vamos ficar presos nesse pensamento. Sim, eu não sou tão inocente quanto meus filhos. Uma casa enfeitada com luzes não me faz gritar. Eu sei, entretanto, das verdadeiras trevas desse mundo, mais que a minha filha de dois anos. Eu sei como é se sentir como se seu mundo não tivesse luz alguma. Eu deveria apreciar a Luz do Mundo mais do que meus filhos. Deus encheu minha vizinhança de casas cheias de luzes. Por 30 dias, vou passar por elas e ser lembrado do brilho da luz de Jesus. Minha adoração não é tão externa quanto os gritos da pequena Gracie, mas deveria ser mais profunda e cheia de mais alegria duradoura. Não seja velho demais para o Natal.

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3. Esperto demais para o Natal

Essas são as pessoas que farão de tudo para que você se sinta bobo por comemorar o Natal. Você sabia que Jesus não nasceu realmente no dia 25 de Dezembro? Você sabia que o Natal apenas substituiu uma festa pagã? Vai lá, se você quer ser mais um bobão que comemora o Natal com os pagãos.

Imagine alguém prostrado, rosto em terra, perante Deus, no dia 25 de Dezembro. Eles mal compreendem que o Criador adentrou a criação. É difícil de entender que Ele tenha deixado o paraíso para se tornar um ser com problemas intestinais. Mal se pode alcançar a realidade da morte na cruz para resgatar minha alma para Deus. Eles oram “Jesus, obrigado por ter vindo nesse dia! Obrigado por ter escolhido, nesse dia, intervir na história!”.

Você acha que Deus chamaria o anjo Gabriel e diria “Vem cá, Gabriel, olha isso: esses idiotas pensam que tudo isso ocorreu no dia 25 de Dezembro. Que piada”. Tenho certeza que o Senhor não se importa de ver adoração pelo mundo inteiro no dia 25 de Dezembro.

4. Cristão demais para o Natal

Esse pensamento, infelizmente, é muito comum. Se não tivermos muito cuidado, nós, que andamos diariamente com o Senhor, ficaremos com raiva daqueles que só vêm à igreja nessa época do ano. Talvez comecemos a odiar o Natal porque a nossa vaga tradicional do estacionamento foi ocupada por algum cristão submarino. É o tipo de cristão que só vem à superfície no Natal e na Páscoa.

Nós também começamos a odiar o Natal por causa do papai Noel. Conforme tenho estudado o Concílio de Nicéia nos últimos anos, passei a amar São Nicolau1. E chego a ser grato pela proeminência do papai Noel durante essa época do ano. Por quê? Porque ele pode ser redimido facilmente. São Nicolau amou tanto Jesus que secretamente dava presentes para as crianças pobres de sua cidade. Qualquer pai é capaz de transformar essa história em um momento de ensino para seus filhos.

São Nicolau também foi um seguidor passional de Cristo. Você sabia que o papai Noel esteve no Concílio de Nicéia? Enquanto Ário tentava fazer com que todos acreditassem que Jesus era apenas uma criatura, São Nicolau cria firmemente que ele era o Criador. E se irritou com a irreverência de Ário a ponto de lhe dar um tapa na boca! Por 30 dias, estamos cercados por esse grande mentor. Como você pode odiar o papai Noel? Faça dele uma oportunidade de ensinar seus filhos, e assim você terá 30 dias de excelente Cristologia. Agora, com o coelhinho da páscoa, é outra história…

Não seja “cristão demais” para o Natal.

5. Machucado demais para o Natal

Muitas pessoas, justificavelmente, pensar estar machucadas demais para o Natal. Conselheiros bíblicos concordarão que há um pico nas visitas aos seus escritórios durante a temporada de festas. Para muitas pessoas, o Natal é uma época dolorida.

Eu não estou simplesmente ignorando suas mágoas. Eu só quero te lembrar de algumas verdades. Foi pelas feridas de Jesus que fomos sarados. Jesus é a única solução disponível para a raça humana para acabar com toda dor. Ele perguntou à humanidade: “Vocês estão cansados e sobrecarregados?”. Quando a resposta é sim, ele responde “vinde a mim, e eu os aliviarei”. Se o Natal é um período doloroso, minha oração por você é que essa época seja um mês inteiro de reafirmação da esperança que pode ser encontrada em meio à dor.

Por favor, não seja legal, único, maduro, esperto, cristão ou machucado demais para o Natal.

1 Uma das possíveis explicações das origens da figura do papai Noel aponta para Nicolau, bispo de Myra (antiga província na atual Turquia), mais tarde canonizado pela igreja Católica. Sua participação no Concílio de Nicéia (e seu embate com Ário) são histórias que não são amplamente aceitas no meio acadêmico. Apesar disso, nós do iPródigo gostamos do texto como um todo e julgamos que valia a pena publicá-lo, apesar desse ponto. Deixamos aqui essas explicações, agradecemos a compreensão, e se você souber algo que possa esclarecer melhor esse ponto, sinta-se a vontade para colaborar nos comentários.