“Então, Jó se levantou, rasgou o seu manto, rapou a cabeça e lançou-se em terra e adorou; e disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o SENHOR o deu e o SENHOR o tomou; bendito seja o nome do SENHOR! Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma.” Jó 1.20-22
As palavras finais do primeiro capítulo de Jó são extremamente poderosas, especialmente se consideradas à luz do capítulo inteiro. É evidente que Jó é um homem muito abençoado e muito piedoso. Nesse contexto, Deus permite um massacre de aflição. Em um breve período de tempo a família de Jó e sua propriedade foi atacada por saqueadores, fogo e um vendaval. Seus filhos estavam mortos e seu negócio, destruído. Aqui no final do capítulo ele está lamentando seu dia trágico.
Mesmo assim, ele não apenas não pecou contra Deus ou culpou Deus pelo o que estava errado, ele persistiu glorificando a Deus.
Como e por que isso aconteceu?
Creio que a resposta está nas primeiras palavras do livro:
“Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal.” Jó 1.1
O que ele fez?
“Decorrido o turno de dias de seus banquetes, chamava Jó a seus filhos e os santificava; levantava-se de madrugada e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles, pois dizia: Talvez tenham pecado os meus filhos e blasfemado contra Deus em seu coração. Assim o fazia Jó continuamente.” Jó 1.5
O autor argumenta para dizer que Jó continuamente oferecia sacrifícios em nome de seus filhos. Sua vida era caracterizada por viver perto das brasas de sacrifício. O holocausto (Lev. 1) era oferecido como uma consagração de vida a Deus. A oferta deveria ser completamente consumida no altar. Portanto, a pessoa deveria ser completamente consumida por uma vida para e em Deus (muitos pensam que é isso que Paulo tinha em mente com Romanos 12.1-2).
Meu ponto aqui é simplesmente este: Jó viveu sem um senso de que tinha direitos, mas sim em um estado de graça. Deus dá. Jó é necessitado. É assim que funciona. Jó viveu apegado ao sacrifício e dependendo de Deus que aceita as ofertas. Como Deus era seu presente supremo, todo o resto poderia ser tomado dele e, mesmo assim, ainda continuaria bendizendo a Deus.
Esse é o peso que esse capítulo tem sobre nós. A única forma de você bendizer a Deus em qualquer circunstância é entendendo que Deus deve ser mais estimado do que qualquer coisa ou qualquer um. Quando entendemos que circunstâncias, pessoas e coisas são oportunidades de louvar a Deus, nós não iremos invertê-las e amaldiçoar a Deus quando as coisas vão “mal”. Além disso, também temos que compreender que nossas vidas devem ser vividas perto das brasas, queimando como sacrifícios para Deus em resposta ao sacrifício supremo que Ele nos ofereceu. Uma vez que, como Jó, conseguirmos estabelecer essa questão da benevolência de Deus e da nossa pecaminosidade, então todo o resto irá ocupar o seu devido lugar. O apóstolo Paulo argumenta usando a mesma lógica:
“Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como não nos dará também com ele todas as coisas?” Rm. 8.32
Por causa da nossa grande necessidade e das grandes dádivas de Deus, nós podemos adorá-lo em qualquer circunstância. A chave para lembrar disso é viver perto do sacrifício, que é perto da cruz, relembrando a benevolência de Deus e a nossa carência. Isso coloca tudo em foco e, simultaneamente, nos provê força para hoje.
Perdão pelo pecado e paz que resiste,
Tua preciosa presença para animar e para guiar;
Força para hoje e esperança viva para amanhã,
Possuo todas as bênçãos, com dez mil que já recebi! *
*Tradução livre do cântico Great is Thy Faithfulness, cantado em português como “O Deus Fiel”, porém com outra tradução.