Nos dois primeiros posts, examinamos a alegação de que dizer que Jesus é o único caminho é algo pouco esclarecido e arrogante. Como se constata, isso é, na verdade, o oposto. O pluralismo religioso que é nada esclarecido e carrega um ar de arrogância. Neste post, iremos examinar a importante ideia de tolerância. O pluralismo religioso é mais tolerante do que o cristianismo?
O pluralismo é verdadeiramente tolerante?
Com bastante frequência as pessoas aderem ao pluralismo religioso porque pensam que ele é mais tolerante do que o cristianismo. Eu serei o primeiro a dizer que precisamos de tolerância, mas o que significa ser tolerante? Ser tolerante é acomodar as diferenças, o que pode ser muito nobre. Eu creio que os cristãos tem de ser um dos tipos mais confortáveis de pessoas, dando a todos a dignidade de acreditar no que quiserem e não forçando suas crenças aos outros através da política e da pregação. Deveríamos, cativantemente, tolerar crenças diferentes. Interessantemente, o pluralismo religioso não permite nenhum tipo de tolerância como essa. Em vez de acomodar as diferenças espirituais, o pluralismo religioso encobre-as. Deixe-me explicar.
A afirmação de que todos os caminhos levam a Deus, na verdade, minimiza as outras religiões, afirmando uma nova assertiva religiosa. Quando alguém diz que todos os caminhos levam ao mesmo Deus, encobre as distinções entre as religiões, jogando todas dentro de um mesmo pote, dizendo: “Veja, elas todas levam-nos ao mesmo Deus, então as diferenças realmente não importam”. Isso não é tolerância, é um jogo de poder. Quando dizem que todas as religiões levam ao mesmo Deus, as distinções e as visões muito diferentes sobre quem Deus e sobre como alcançá-lo no budismo, hinduísmo, cristianismo e islamismo são deixadas de lado em um só golpe poderoso. O Nobre Caminho Óctuplo do budismo, os 5 pilares do islamismo, e o evangelho de Cristo não são tolerados, mas são informados que devem submeter-se à nova assertiva religiosa – todos os caminhos levam a Deus – apesar do fato de que não é isso que aquelas religiões ensinam.
A Religião do Pluralismo
As pessoas gastam anos estudando e praticando seus distintivos religiosos. Dizer que eles realmente não importam é extremamente intolerante. A própria noção de tolerância religiosa assume que há muitas diferenças para tolerar, porém o pluralismo religioso é muito intolerante com essas diferenças! Nesse sentido, o pluralismo religioso é uma religião por si mesma. O pluralismo tem sua própria religião absoluta – todos os caminhos levam a Deus – e exige que as pessoas das outras religiões abracem essa crença, sem qualquer respaldo religioso. Isso é altamente “evangelístico”! O pluralismo religioso é altamente político e “pregador”. No entanto, ele faz isso sob o pretexto da tolerância. É um salto de fé dizer que há muitos caminhos para Deus, não um fato autoevidente. Esse não é ao menos um ato esclarecido, nem tão humilde e tolerante quanto parece.
Retomando o comentário de Stephen Prothero a respeito do pluralismo religioso:
Mas esse sentimento, mesmo que bem intencionado, não é preciso, nem eticamente responsável. Deus não é um.” Ele continua: “Fé na unidade das religiões é apenas isso: fé (talvez até um tipo de fundamentalismo). E o salto que nos leva até lá é um ato de uma imaginação hiperativa.
Esclarecedor, humilde, tolerante?
Como se vê, as razões para aderir-se ao pluralismo religioso – esclarecimento, humildade e tolerância – é um tiro pela culatra. O pluralismo religioso não é esclarecedor, é impreciso; não é humilde, é ferozmente dogmático; e não assim tão tolerante, porque ele, intolerante, encobre as distinções religiosas. Logo, o pluralismo religioso é uma religião, um salto de fé, com base na contradição e é altamente instável. O cristianismo, pelo contrário, deveria respeitar as várias distinções das outras religiões, compará-las, e reconhecer seus diferentes princípios – carma (hinduísmo), iluminação (budismo), submissão (islamismo), e graça (cristianismo). No próximo e último post, irei examinar a reivindicação exclusiva de Jesus e a acusação de que seus ensinamentos são obscurantistas, arrogantes e intolerantes. Em particular, iremos examinar o princípio único da graça.