Nota do tradutor: Para entender essa série, clique aqui. Ou acompanhe as entrevistas nesse link.
Ainda haverá outro post nessa série, de um jovem rapaz que ainda está solteiro, e um post final meu. Então, a nossa viagem casta não acabou ainda.
Mike Wilson é um seminarista na Nova Zelândia. Ele ama cricket e sua mulher, com quem é recém-casado.
P: Você era virgem até se casar. Isso aconteceu com quantos anos?
Eu tinha 25 quando eu casei com minha esposa.
P: Se um homem [cristão] não é virgem quando se casa, o quanto isso pode ser um problema?
É algo sério em um sentido muito real. O pecado é visto na cultura popular como simplesmente uma quebra de regras quase sempre arbitrárias – no entanto, o entendimento cristão do pecado é como uma força desencadeada sobre o mundo que divide e destrói. O pecado mancha nossa pessoa, fere-nos e afeta nossa habilidade de refletir a glória e a graça de Deus, mas mais do que isso, afeta nossos relacionamentos com outros e com Deus. O pecado sexual é especialmente prejudicial nesse sentido pois prejudica diretamente nossos relacionamentos com outros.
P: Eu tenho notado que as pessoas dificilmente acreditam que um jovem pode permanecer virgem por opção. Isso é, o sexo seria impossível de ser resistido por muito tempo. Eu tenho certeza que foi muito difícil, mas o quanto foi, realmente? Que tipo de luta é essa?
Descobri que esse era um assunto complicado no ensino médio. E, realmente, parecia ser um problema para certos grupos – os populares. Eu circulei à beira da maioria dos grupos e nunca pertenci a algum, embora tivesse amigos na maioria. Não me lembro de alguma vez experimentar zombaria por causa do meu celibato, mas eu acho que, em retrospectiva, as crianças populares estavam, provavelmente, todas ocupadas dando tapinhas nas costas uns dos outros por suas atividades sexuais.
Quando adulto, descobri que a reação é uma mistura de vergonha e descrença. Porém, como as minhas paixões se encontram na esfera da liderança na igreja e no ensino teológico, a ética cristã sexual sempre foi, em grande parte, a norma para os que estão ao meu redor (e, certamente, para aqueles cujas vozes confio o bastante para falar em minha vida). No entanto, eu também trabalho como assistente de apoio para pessoas com deficiências intelectuais e, então, uma grande parte da minha semana é gasta com os colegas que tem diferentes opiniões em quase tudo. Nesse ambiente, a reação mais comum após saber que estava esperando até o casamento era que eu tinha cometido um grande erro, pois depois do casamento o sexo para. Como propaganda para o sexo casual, acho que esse argumento é uma porcaria.
Com referência ao tipo de luta que o celibato era, bem, lutei contra o fascínio da pornografia, quando era jovem. A pornografia mente para você e diz que é inofensiva, que não machuca ninguém. Porém, talvez a maior mentira seja a que contamos a nós mesmos: que não somos o que fazemos. Temos uma imagem em nossa cabeça de quem somos e é isso que somos, e as coisas que fazemos vai, às vezes, refletir aquela imagem e, às vezes, não, mas a imagem idealizada é o que importa. Quando confrontamos essa mentira e percebemos que as coisas que fizemos emanam de nós e formam quem somos, é assustador, e não temos lugar para nos escondermos. Quando eu percebi isso, eu percebi que havia somente uma mulher com quem eu queria ter sexo: minha esposa.
P: Quão bom foi pra você permanecer virgem até se casar ?
Não nascemos como pessoas totalmente formadas. Desenvolvemo-nos aos nossos primeiros anos e começamos a moldar para nós uma figura de quem podemos nos tornar. Se nos apegarmos demais a uma, ou mais pessoas, enquanto crescemos (em relacionamentos que são sexuais ou mesmo apenas excessivamente íntimos), é minha experiência, que começamos a formar nossa identidade como um pessoa-em-relacionamento. Claro que, como criaturas que devem refletir a trindade social, nascemos para desejar união com outros, o que é muito bom, porém, se desenvolvemos a nossa identidade em relacionamento com outros não aprendemos como ficar sozinhos. Nossa identidade, então, existe fora de nós – amarrada em outra pessoa, ou na ideia do casal – não temos que entender quem somos porque estamos sempre nos identificando com quem eles são e com quem nós somos com eles. Ao permanecer virgem até o casamento, acredito que entrei nessa união com minha esposa como uma pessoa mais completa e mais autoconsciente do que poderia ter sido se eu tivesse tido a “ajuda” de outros na formação de quem sou.
Se você ainda não tinha respondido a essa questão, como você diria que isso influenciou o seu casamento e a sua vida sexual?
Sexo casual é uma “fruta proibida” – ele é desejável (e talvez mais porque dizem que é intocável), ele promete muitas coisas, porém, entrega muito menos. Sexo dentro dos limites do casamento, livre de experiências passadas contaminadas, é uma chance de explorar você mesmo e o outro em confiança e intimidade – e minha experiência é que isso somente cresce com o tempo! Que essa jornada vai começar e terminar para mim com apenas a minha esposa significa que eu não preciso ter medo de ser vulnerável – não preciso fingir que tenho todas as respostas. Significa que isso é tudo exploração – isso não é um terreno que caminhei antes – e sei que nunca vou esgotar os mistérios dela.