[O post a seguir é parte de uma série abordando as questões mais comuns sobre como a crucificação de Cristo e a ressurreição de Cristo se relacionam entre si nas Escrituras.]
Pergunta 4: No livro de Atos parece haver uma ênfase maior na ressurreição de Cristo do que na cruz. Não deveríamos seguir o exemplo da igreja primitiva e enfatizar a ressurreição acima da cruz?
Intérpretes do livro de Atos há muito reconhecem a centralidade da ressurreição – ou melhor, a exaltação de Cristo por meio de sua ressurreição e ascenção – na apresentação de Lucas. (Tanto é que, de fato, alguns estudiosos tem questonado se Lucas sequer tem uma teologia da expiação!)
Enquanto é verdade que a ressurreição é proeminente em Atos, estes textos podem ser entendidos dentro de um contexto maior do livro. Dessa forma, vemos os apóstolos vez por outra em situações evangelísticas e apologéticas. Quando alguém está proclamando a mensagem de um messias crucificado – particularmente poucos anos após a sua morte – a ressurreição (e, nos escritos de Lucas, a ascenção) torna-se o ponto apologético fundamental para dar suporte às reivindicações de Jesus. Aqui, então, encontramos o foco central da teologia do livro de Atos: é por meio da exaltação de Jesus que Deus confirma seu status como Senhor e salvador. Longe de marginalizar a cruz, este foco autentica a sua realidade.
Este mesmo ponto é defendido por Mark Deifrid: “Ao colocar o foco na ressurreição de Jesus e em sua exaltação, Lucas nos dá uma apologia para as reivindicações do evangelho, dando apoio ao invés de diminuir a compreensão da morte de Jesus como um sacrifício vicário.” [Dictionary of the Later New Testament and Its Developments (IVP, 1997), 272].
Portanto, uma ênfase na ressurreição é exatamene o que deveríamos esperar encontrar em tal contexto, e está em consonância com o propósito geral de Lucas ao escrever sua obra em dois volumes: garantir aos seus leitores que o fundamento da fé que eles tem é seguro. (Lucas 1:1-4)
Traduzido por Daniel TC | iPródigo | Original aqui.