5 erros de diagnóstico

Jim Stitzinger
Jim Stitzinger

No pronto-socorro, são tomadas decisões de vida e morte frequentemente sob extrema pressão e pouquíssima informação disponível. Quando os sintomas se apresentam, um observador treinado, com discernimento, consegue diagnosticar o problema. Acertando, o tratamento prossegue. Errando, nem o melhor plano de saúde será capaz de ajudar.

Mas se o diagnóstico dos problemas espirituais? Só Deus é onisciente e tem uma visão completa e imparcial do coração humano (1 Samuel 16.7). Como crentes, nosso discernimento deve ser orientado pelo pensamento bíblico, conforme Sua Palavra expõe e corrige os problemas do coração (Mateus 7.20; Hebreus 4.12-13). Muito mais poderia ser dito, mas aqui estão cinco sintomas que os pastores regularmente cometem erros ao diagnosticar:

1. Remorso diagnosticado como arrependimento

O remorso é a reação às consequências humanas e temporais do pecado. Ele surge da culpa e normalmente tenta acabar com o pecado por algum tempo. Remorso puro e simples não querer nenhum poder sobrenatural. Remorso não é arrependimento. Arrependimento verdadeiro é a obra sobrenatural de Deus de santificação dos nossos corações! Tanto para eliminar o pecado quanto para um retorno à retidão (2 Coríntios 7.10-11). É o abandonar o ego conforme o Espírito opera em nós para eliminar pensamentos, palavras e ações pecaminosas e opera para nos levar de volta à justiça (Colossenses 3.1-11), dando frutos (Gálatas 5.22-23). Nem a culpa nem a ira de Deus são apagadas pelo remorso, e a disciplina perdura até que o crente é trazido ao arrependimento (Hebreus 12.6).

2. Ambição egoísta diagnosticada como direcionamento de Deus

Existe um mundo de diferença entre querer fazer algo e presumir que há aí um mandamento divino. A santificação, o que envolve todo o processo, é a vontade declarada de Deus (Romanos 12.2; 1 Tessalonicenses 4.3). Antes de “ir até a lua por Cristo”, abandone suas ambições egoístas (Filipenses 2.3) e presunções (Tiago 4.13-16). Uma coisa é buscar humildemente o direcionamento de Deus e andar pela fé, confiando nEle para dirigir seus passos (Provérbios 3.5-6; 16.9). Outra, muito diferente, é presumir que a bênção e a unção de Deus estão sobre você. Saul fez isso, e olha no que deu (1 Samuel 15.9-11). É melhor ir com Tiago nessa (Tiago 4.15).

3. Rebeldia diagnosticada como seca espiritual

Uma vida cristã poderosa está cheia e é movida pelo Espírito Santo produzindo Seu fruto em nós (Gálatas 5.22-23). Com Seu amor constante (Romanos 8.35-39), Ele promete “nunca nos deixar, nunca nos abandonar” (Hebreus 13.5). Como o Pai ama Seu Filho, Cristo disse, “Como o Pai me amou, assim eu os amei; permaneçam no meu amor. Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como tenho obedecido aos mandamentos de meu Pai e em seu amor permaneço.” (João 15.9-10).

A obediência de Cristo era a chave para a intimidade de permanecer no amor do Pai. Cristo diz que isso também é verdade para nós. Rebele-se, e a intimidade será obstruída (Salmo 66.18) e o Espírito se entristece (Efésios 4.30). Seja nosso pecado o de falhar em confiar no caráter de Deus (Romanos 8.28) ou o de auto-justiça orgulhosa, tentando alcança a santificação por nossas próprias regras, nunca devemos esperar comunhão no amor do Pai quando abusamos de Sua misericórdia!

Quando uma fase de “seca espiritual” aparece, mergulhe na Palavra de Deus, volte sua mente para a pessoa e a obra de Cristo (Colossenses 3.16). Se seu coração luta com isso, confesse em oração o pecado de buscar intimidade com Cristo por outros meios além do quais Ele mesmo revelou. A justiça própria do nosso coração sempre vai buscar um caminho mais fácil para atingir a santidade, e emoções fortes são, frequentemente, aliados na luta contra o pecado. Submeta sua vontade aos mandamentos amorosos de Cristo e, em fé, confie em Seu Espírito para fazer Sua obra transformadora.

Se você está caminhando em direção à santificação se arrependendo de seus pecados, submetendo sua vontade aos mandamentos de Deus e abraçando tudo aquilo que Sua providência lhe dá, descanse tranquilo sabendo que Ele está trabalhando em você tudo o que ele pretende nesse momento. Deixe a santificação nas mãos dAquele que tem o poder para realizá-la.

4. Frequência diagnosticada como santidade

Ocupar um lugar em um banco é um medido de santidade tanto quanto vestir um uniforme te faz jogador de um time. Mesmo assim, é fácil achar que estar presente significa estar preparado para a adoração corporativa.

Cultos de adoração pública, para os crentes, são inegociáveis e deveriam ser parte do seu padrão de vida. Entretanto, uma frequência impecável não é, nem de longe, necessariamente uma marca de santidade. Às vezes é um disfarce para uma consciência pesada. Da mesma forma, uma frequência irregular não é necessariamente um sintoma de pecado.

Antes de dar o tiro de misericórdia na frequência, pergunte. Considere algumas questões:

  1. Há algum conflito que precisa ser resolvido (caronas, trabalho, etc)?
  2. A reunião é um obstáculo para o ministério e deveria ser mudada ou cancelada?
  3. Há algo de maior importância espiritual que requer atenção?
  4. Sim, há um problema pessoal, do seu coração, sendo exposto.

Busque identificar problemas no seu coração. Não assuma que frequência é igual a santidade. Não assuma que ausência é igual a pecado. Se a santidade fosse medida pela frequência, Judas teria passado com nota 10.

5. Disciplina diagnosticada como perseguição

A Escritura garante que nosso Pai, que nos ama, disciplina Seus filhos (Hebreus 12.6). Mas tratar as consequências do pecado como “perseguição” só ajuda a cultivar uma cegueira espiritual.

Quando o pecado provoca ou leva outra pessoa a pecar em retribuição, isso não é perseguição. Não importa a intensidade ou a longevidade, é parte das muitas consequências do pecado (1 Pedro 2.20). Essas consequências agem como dolorosos lembretes na profunda ofensa a Deus que é o nosso pecado (Salmo 5.5), o preço que Ele pagou para perdoar esse pecado (2 Coríntios 5.21) e o quão dependentes nós somos de Sua força para aguentar o que for que aconteça como parte de sua obra de humildade em nossas vidas. Quando assumimos a responsabilidade pelas consequências dos nossos pecados, somos capazes de enxergar como as mais severas delas são usadas por Deus para nos levar à santidade (Hebreus 12.5-11).

Perseguição é algo totalmente diferente. É o ódio que o mundo dirige à sua semelhança com Cristo. Ela varia de insulto, mentiras e calúnias a ameaças e ataques físicos (Mateus 5.11-12). De qualquer forma, é o veneno do mundo contra a obra de Deus em e através de um crente (João 15.18-21). A perseguição gera perseverança (Tiago 1.2-3, 12). Consequências de pecado produzem justiça (Hebreus 12.11). Jó foi perseguido (Jó 1), Davi foi punido (2 Samuel 12.13-14).

O Apóstolo Paulo nos urge a “advertir os ociosos, confortar os desanimados, auxiliar os fracos e sermos pacientes com todos” (1 Tessalonicenses 5.14). Erre no diagnóstico de uma questão e você pode acabar confortando os ociosos, auxiliando os desanimados, advertindo os fracos e não sendo paciente com ninguém!

Nós vamos errar. Nossa carne é fraca (Romanos 7.18), nossa humanidade limita nosso conhecimento (Salmo 139.2) e precisamos nos guardar da presunção (Provérbios 18.13). Ainda assim, sabemos que o Espírito Santo está trabalhando o tempo todo para santificar cada filho de Deus (João 17.17). Sua Palavra sonda nossos corações (Hebreus 4.12-13) e Seu amor verdadeiramente cobre todos os nossos pecados (Colossenses 2.13-14, Romanos 5.8). O diagnóstico dEle é sempre certo e preciso, e por meio de Sua Palavra, Ele nos dá supervisão e poder 24 horas por dia para a santificação da noiva de Cristo (Efésios 5.25-29; 6.17).