A chave para entender a transfiguração está no entendimento de seu paralelo: a crucificação. Há poucos contrastes mais belos na palavra de Deus do que o contraste entre a transfiguração (Mateus 17.1-9) e os eventos acerca da crucificação (Mateus 27.33-54).
No monte Hermon, Jesus se revela em glória (17.2); entretanto, Jesus foi crucificado em vergonha no monte do Gólgota (27.33), fora de Jerusalém.
Na transfiguração, as vestes de Cristo “tornaram-se brancas como a luz” (17.2). Mas no Gólgota, os soldados romanos dividiram suas roupas entre si por meio de sortes (27.25).
Na montanha, Jesus tinha ao seu lado Moisés e Elias, simbolizando a lei e os profetas, com quem ele fala (17.3). Mas na cruz, os dois criminosos ao seu lado lhe diziam impropérios (27.44). Que contraste entre a linguagem usada em cada ocasião!
Uma nuvem brilhante pairava sobre Jesus e aqueles na montanha com ele (17.5). No monte, a escuridão – uma praga no Egito (Êxodo10.21-22) – cobriram a terra (27.45).
Na montanha, Deus declarou publicamente, “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi” (17.5). Na cruz, Jesus clamou “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (27.46). No fim, o centurião ainda afirma, surpreendentemente: “Verdadeiramente este era Filho de Deus” (27.54).
Pedro estava empolgado com os eventos da montanha: “Senhor, bom é estarmos aqui” (17.4). Mas onde ele estava quando Jesus foi crucificado? Estava escondido, sabendo que já tinha negado Jesus três vezes. “Bom é estar longe daqui”?
O que tudo isso nos diz? Não há glória sem a vergonha. O caminho da glória passa pelo sofrimento (Romanos 8.18). Não há outro caminho para aqueles que pertencem a Cristo.