Essa é uma frase que já pensei e disse diversas vezes. Após o culto, estou almoçando em casa e penso comigo mesmo: não recebi muito na igreja nessa manhã. O líder de adoração estava usando uma camisa xadrez gritante que mais parecia com uma colcha Amish e um outdoor em neon batidos juntos em um liquidificador e costurados na Renner. Além disso, cantamos aquela música que eu não gosto – aquela que repete o refrão várias e várias vezes, como se fosse uma espécie de canto druida. Quanto ao sermão… bem, definitivamente poderia ter sido melhor. Foi sobre a Bíblia e Jesus e alguma coisa sobre santidade. Mas o pastor definitivamente não prega como o Matt Chandler.
O que eu recebi na igreja?
Você já se fez essa pergunta? Eu suspeito que sim.
Afinal de contas, em nossa cultura do “Você tem um relacionamento pessoal com Jesus Cristo?”, é difícil não ser espiritualmente autocentrado. Nós queremos ter certeza de que estamos sendo alimentados, edificados e conectados quando vamos à igreja. Vivemos em um mundo cheio de críticas e avaliações. Eu amei o camarão com sêmola do “John’s Seafood Shack” e dei cinco estrelas no Yelp! Tive um péssimo atendimento em outro lugar e resolvi contar para todos os meus amigos no Facebook (eu realmente fiz isso recentemente, mas não pergunte sobre essa história, porque eu fico nervoso toda vez que a conto). É fácil lidar com a igreja como mais uma experiência de consumo.
Esse é um pensamento interessante, uma vez que, quando olhamos a Escritura, nós achamos pouquíssimos detalhes sobre as coisas que devemos receber na igreja. Entretanto, achamos diversos detalhes sobre o que devemos levar à igreja.
Em 1 Coríntios 14.26, Paulo descreve como uma reunião deve ser: “Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para edificação”.
Paulo descreve a igreja como um grupo de pessoas se reunindo e doando a si mesmas. Ele esperava que cada um dos coríntios viesse preparado para dar algo, fosse um hino, uma lição, uma revelação, uma palavra em língua ou uma interpretação. Para Paulo, a igreja não era uma expectadora de algum esporte. Tinha de por a mão na massa. Nenhum preguiçoso era aceito. Para Paulo, a questão mais importante não era “O que posso absorver dessa reunião”. O ponto mais crucial era “O que eu posso fazer para edificar os outros?”.
Em Efésios 4.11-12, Paulo diz: “E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo”.
Pode ser tentador pensar que o ministério é algo feito pelos pastores, líderes de adoração e líderes de pequenos grupos. Nós deixamos eles fazerem o trabalho enquanto ficamos sentados, olhando. Mas a passagem de Efésios deixa claro que o ministério é feito por todos os cristãos. Pastores e professores são chamados para armarem os santos para o ministério. Já os santos são chamados para irem ao campo de batalha. A questão mais importante não é “O que estou recebendo desse ministério?”. A questão mais importante é “Qual ministério estou exercendo?”.
John Frame coloca dessa forma:
Adoradores não devem ter uma atitude passiva diante da adoração, assim como fazemos diante de algum entretenimento. Como já vimos, adoração é um serviço sacerdotal. Isso é latreia, “trabalho e serviço”. Portanto, devemos ir à igreja para fazer o seguinte: dar glória a Deus e ministrarmos uns aos outros. Essa perspectiva deve nos deixar menos preocupados com o que iremos “receber” da adoração e nos deixar mais preocupados com o que podemos contribuir para Deus e para nossos irmãos e irmãs.
Obviamente, é importante frequentarmos uma igreja que nos permite experimentar pregações bíblicas, comunhão, sacramentos e todas as outras partes importantes da igreja. Mas se a questão central depois de todo culto é “O que eu recebi hoje”, então estamos fazendo a pergunta errada.
É tempo de nos comprometermos inteiramente.