Essa semana bombou na internet um vídeo (se não viu, não veja, não é necessário se submeter a isso) sobre um tal “rei do camarote”. Deixando de lado a discussão (que surgiu depois) sobre autenticidade, o vídeo mostra um cidadão expondo suas opiniões sobre como gastar muito (muito) dinheiro para se destacar na balada, entre outras bobagens. Vou falar sobre isso abordando a parte óbvia (que a maioria do pessoal concorda) e a parte sutil (que me faz tropeçar).

O óbvio

Quando falamos de ostentação, ser rico e mostrar por meio do que você veste, de como fala, se destacar por fazer parte de uma camada mais elevada (…) da sociedade, estamos falando do mal uso dos recursos que Deus nos deu. E estamos falando também de orgulho e idolatria. São coisas fáceis de perceber.  Vamos a alguns textos pra lembrar algumas daquelas verdades bíblicas importantes sobre dinheiro.

Ser rico não é pecado, e somos ensinados a trabalhar pra ter o suficiente para ajudar outras pessoas, nesse texto aqui:

Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado. (Efésios 4.28)

Entretanto, não podemos servir ao Senhor e às riquezas (Mateus 6.24) e a avareza é idolatria (Colossenses 3.5). Além disso, apesar de possuir riquezas não ser pecado, querer ser rico leva, necessariamente, ao pecado:

Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição (1 Timóteo 6.7)

Dito isso, é óbvio que os reis e rainhas do camarote, as pessoas VIPs que querem ser ricas, que querem mostrar que são ricas, que querem o louvor dos homens, cujas vidas giram ao redor do vil metal, sim, é óbvio que essas pessoas estão vivendo errado. Precisam se arrepender.

Ainda bem que esse não é o nosso problema, né?

O Sutil

E então, olhamos pra o pessoal que faz funk ostentação (é, tem um cara do trabalho que me mostrou isso – não precisa procurar por aí! – trata-se de um “estilo” “musical” que gira em torno de “tirar onda” e “mostrar que tem carrão, mulheres e dinheiro”, e não é nada novo, tem muita música que trata a vida assim, faz tempo. ) e pro resto das pessoas que gostam de ostentar, observamos as vidas erradas deles e pensamos “puxa, graças a Deus que não somos como eles”. O que me lembra outros textos:

Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um fariseu, e o outro, publicano. (Lucas 18.10~)

como está escrito: Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. (Romanos 3.10-12)

entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza, filhos da ira, como também os demais. (Efésios 2.3)

Concluindo

Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para vossa alma. (Mateus 11.29)

Embora eu não seja tentado (bem, pelo menos eu acho que não sou tentado) a ficar mostrando meu Clio azul 2004 (meu desde 2008) pra os que não têm carro ficarem invejando (o recalque bate no para-choque estragado e…), eu certamente sou tentado a acreditar que sou, em essência, melhor do que o pessoal que ostenta. Pior: eu também tenho que lutar contra o temor do homem (que move o rei do camarote e os funkeiros-ostentação) toda vez que abro meu facebook, quando escrevo aqui no blog, quando interajo com meus irmãos…

Ao menos podemos ter certeza de que teremos o coração transformado, abandonaremos as velhas paixões da carne e nos tornaremos mais parecidos com Cristo. Temos certeza disso porque aquele que poderia ostentar poder e glória se humilhou derramando seu sangue pendurado em um pedaço de madeira, e naquela cruz ele pagou pelo meu orgulho, pela minha arrogância.

Que o Senhor Jesus tenha misericórdia de meu coração orgulhoso e cheio de justiça própria e me ensine a ser humilde de verdade.