Infernal

Tim Challies
Tim Challies

[Nota do editor: o seguinte artigo foi inspirado por uma matéria da revista norte-americana The New Yorker, que apresentava um perfil de Rob Bell. A matéria não está disponível para não-assinantes, mas recentemente a revista brasileira Veja também publicou uma entrevista com esse autor, sobre seu livro O Amor Vence. Assim, consideramos que valia a pena publicar as reflexões de Tim Challies por aqui. No fim do post há uma lista de recursos relacionados.]

O artigo escrito por Kelefa Sanneh, intitulado “The Hell-Raiser” [N.T.: algo como o “agitador do inferno”] retrata Rob Bell como um líder cristão que se encontra à procura de uma “fé mais perdoadora”. Russell Moore habilmente sumarizou o artigo e algumas das observações marcantes de seu autor, incluindo esta: “Por toda a história dos EUA, os movimentos eclesiásticos de maior sucesso não têm sido aqueles que se atualizaram à cultura contemporânea, mas aqueles que eram confiantes o bastante para colocar-se contra ela”. 

Eu sempre fico alarmando quando leio sobre líderes cristãos que destroem seus ministérios com uma falha moral grosseria ou uma falha teológica grosseira. Quando leio sobre homens cujas vidas, famílias e ministérios foram despedaçados por um desses tipos de desastres, sempre me pergunto como eles chegaram lá. Nenhum tipo de falha surge em um instante ou sem uma longa história de pequenos pecados e escolhas tolas, com muitos pecados de comissão e pecados de omissão.

O líder que é pego num quarto de hotel com uma mulher que não é sua esposa, o teólogo que é descoberto circulando pela internet tentando arrumar um encontro sexual com um menor, o pastor que é preso por pedir os serviços de uma prostituta – cada um desses homens um dia amou sua esposa. Cada um deses homens um dia prometeu a si mesmo e aos outros que permaneceria fiel a ela, e pediu a Deus que acalmasse seus olhos e coração errantes. Cada um deles foi sincero. Todavia, eles caíram.

Começou com uma briga não resolvida? Começou com horas de trabalho que eram longas demais e negligência dos pequenos sinais de amor e apreço? De alguma forma, por meses e anos, ele afastou-se de sua esposa, deixou de se apaixonar por ela e apaixonou-se por si mesmo e seus próprios desejos e paixões. E então ele seguiu esses desejos, partiu o coração dela e destruiu seu ministério.

Da mesma forma, a falha teológica grosseira não surge de repente. O homem que apostata, que rejeita as doutrinas centrais da fé – doutrinas que outrora ele afirmou e celebrou – vem tomando uma longa série de decisões pecaminosas. O líder que nega a doutrina da Trindade, o teólogo que determina que Jesus possivelmente não poderia ter nascido de uma virgem, o pastor que nega a existência do inferno – cada um desses homens outrora apegou-se a essas mesmas doutrinas. Houve um tempo quando eles acreditavam em cada uma dessas coisas e estavam convencidos de que morreriam por elas. Cada um deles foi sincero. Todavia, eles caíram.

Começou ao tornar-se um cristão profissional em vez de um homem que comungava diariamente com Deus? Começou com a permissão para que a dúvida se tornasse uma virtude e a fé se tornasse uma obrigação? Começou com um desejo de ler os livros errados, escutar os pregadores errados? De alguma forma, por meses e anos, ele afastou-se da verdade, ele começou a crer e assim ensinar as mentiras. E então ele seguiu essas mentiras, as celebrou e destruiu seu ministério.

Eu me encontro refletindo sobre as palavras de Jesus em Mateus 7: “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela. E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem”. O caminho para um casamento e permanece forte e cheio de vida, o caminho para uma fé que permanece verdadeira e pura – cada um desses é um caminho apertado e a jornada é dura. Cada tipo de tentação rodeia esse caminho – tentações de lascívia, conforto, prazer, popularidade e adulação. Elas estão todas lá, todas clamando por atenção, todas prometendo vida e paz, todas parecendo tão atrativas, tão fáceis.

Não é surpresa, então, que a Bíblia normalmente retrate a vida cristã como uma vida de batalha, como alguém vestindo toda a armadura de Deus, “para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes” (Efésios 6.13). Essa vida é um campo de batalha. Somente o cristão tolo, o líder tolo, recusa-se a tirar proveito completo da armadura que Deus fornece.

Leituras adicionais sobre Rob Bell, inferno e O Amor Vence

A torre de babel de Rob Bell – por Misael Nascimento

O Inferno em que Rob Bell se Meteu – por Augustus Nicodemus

Rob Bell e o “evangelho” sem julgamento – por Trevin Wax

Rob Bell: Universalista? – por Filipe Niel

Rob Bell – Uma paródia – vídeo humorístico produzido por Credenda Agenda

Como pensar: dois caminhos – por Dan J. Phillips

Falando do Inferno a essa e à próxima geração: parte 1 | parte 2 por Ligon Duncan