Se você acompanha meu blog há algum tempo, imagino que saiba que sou fã de O Senhor dos Anéis. Não sou um daqueles fanáticos por Tolkien que vai se ofender se você falar alguma coisa equivocada. Longe disso, sou apenas fã de uma boa história, e todo mundo sabe, eu acho, que em O Senhor dos Anéis, Tolkien escreveu uma belíssima história. Comentei recentemente que tenho lido o livro junto com a minha família eu que, ao fazê-lo, alguns aspectos da história tem me chamado a atenção. Hoje quero falar sobre um desses aspectos.
Uma coisa que separa O Senhor dos Anéis das outras histórias de fantasia que eu já tentei ler é que ele não confunde o mal e o bem. Ele nunca valoriza o mal. Tolkien separa cuidadosamente o bem do mal e evita dissolver as distinções que há entre eles. É sempre fascinante reparar o retrato que Tolkien fez dessas duas forças opostas.
Um aspecto que chamou a muita atenção recentemente é a falta de habilidade do mal para entender o bem, e no sentido contrário, a habilidade do bem para entender o mal. Aqui, Tolkien tocou em um ponto crucial da realidade acerca do bem e do mal.
Como eu imagino que vocês já saibam, o livro inteiro é baseado na longa e perigosa missão de destruir o Anel do Poder. Muitos anos antes do ponto onde a história começa, Sauron criou um anel e nele investiu a maior parte de sua força e sua vontade. Esse anel era sua maior força e possivelmente sua maior fraqueza. Com ele, era quase imbatível; sem ele, ficava enfraquecido; se o anel fosse destruído, Sauron também seria. Por meio de uma série de eventos improváveis, o anel caiu nas mãos de Frodo Bolseiro, um hobbit, a quem foi dada a tarefa de se aventurar até a Montanha da Perdição para destruir o anel. Todas as forças do mal tentam se colocar em seu caminho enquanto ele persegue seu objetivo. E mesmo assim, de alguma forma, ele consegue (perdão por entregar o final da história, mas eu imagino que você já sabia de tudo isso). Como foi possível que Frodo tenha conseguido sucesso em uma missão tão impossível?
Ele consegue porque Sauron, por mais poderoso que fosse, nunca entendeu o que Frodo pretendia fazer. Sauron vê o bem pelas lentes do mal. Ele não consegue imaginar que qualquer pessoa pudesse querer destruiu algo tão poderoso quanto seu anel. Ele parte do pressuposto que qualquer pessoa faria o que ele faria – usar o Anel para dominar todo o mundo. Se ele entendesse o bem, ele saberia que eles tentariam destruir o Anel e, conseqüentemente, destruiriam ele próprio. Ele poderia simplesmente ter cercado a Montanha da Perdição com seus exércitos e interceptar qualquer um que se aproximasse. Mas ao invés disso, ele projetou seus maus pensamentos sobre as forças do bem e concluiu que eles fariam o que ele faria – usar o Anel para obter poder. Assim, em suas ações, suas tentativas de achar e reconquistar o Anel, falhou totalmente. Em seu mal, ele não entendeu nada do bem. E, no fim das contas, é assim que acontece. Como o mal pode entender o bem?
Aqui, Tolkien mostra, de forma ficcional, um fato importante da realidade. O mal não consegue entender o bem. Quando eu converso com um não crente, como tenho feito nas minhas cartas para Luke [NT: série de correspondências entre o autor do texto e um não crente, Luke], eu tenho a confiança de que o entendo melhor do que ele me entende. Por quê? Porque eu fui trazido das trevas para a luz, do mal para o bem. Eu conheci o mal e agora conheço o bem. Pela Bíblia, eu vejo o olhar de Deus sobre o mal e seu entendimento sobre ele. Isso me dá uma nova perspectiva. Mas alguém que nunca se voltou para Cristo só conhece o mal. Ele pode ver o que é bom, mas só pode entendê-lo pelas lentes do mal. Eu consigo entender o que é estar perdido de uma forma que ele não consegue entender o que é ser salvo. Tolkien entendeu perfeitamente isso.
Traduzido por Filipe Schulz | iPródigo