“O deus desta era cegou o entendimento dos descrentes, para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” 2 Coríntios 4.4
O que significa dizer que os descrentes ficaram cegos do entendimento? Bem, alguns versos antes, Paulo usou essa mesma linguagem para descrever os israelitas nos dias de Moisés, e mesmo os Judeus até os dias de hoje. Em 2 Coríntios 3.13-16 ele diz: “Não somos como Moisés, que colocava um véu sobre a face para que os israelitas não contemplassem o resplendor que se desvanecia. Na verdade a mente deles se fechou, pois até hoje o mesmo véu permanece quando é lida a antiga aliança. Não foi retirado, porque é somente em Cristo que ele é removido. De fato, até o dia de hoje, quando Moisés é lido, um véu cobre os seus corações. Mas quando alguém se converte ao Senhor, o véu é retirado.” Note o paralelo entre as mentes endurecidas e o coração encoberto. Ambos estão comunicando a mesma realidade do verso 4: a essência da morte espiritual é a cegueira espiritual – rejeitar o que é mais precioso por ser cego para o seu valor. O significado de alguém estar morto em suas transgressões e pecados (Efésios 2.4) é que os olhos de seu coração ficaram cegos, então ele não podem ver a luz do evangelho da glória de Cristo.
A Escritura frequentemente fala da luz como uma metáfora da vida espiritual, e trevas como uma metáfora para morte espiritual e descrença (ceticismo) (João 12.46, 1 Pedro 2.9, Efésios 5.8, Atos 26.18). E não só isso, mas há também um paralelo consistente entre visão e vida espiritual (1 João 3.6, João 6.40, Hebreus 11.27).
Assim, quando Paulo fala que o deus deste mundo cegou as mentes dos descrentes, ele está dizendo que aqueles que não acreditam estão espiritualmente mortos. A natureza da morte espiritual é a cegueira espiritual. Estar morto em transgressões e pecados é ser incapaz de ver a glória de Cristo, que é a imagem de Deus.
Imagine isso
Imagine comigo esta mais miserável tragédia. Todas as pessoas no mundo – saibam elas disso ou não – são culpadas diante de um Deus santo. Todos pecaram e, portanto, ficaram aquém da perfeição de Seu glorioso padrão de justiça. Assim, são incapazes de fazer aquilo para que foram realmente criados: primariamente, desfrutar de uma relação e uma comunhão com seu glorioso Criador. Eles estão condenados a desperdiçar suas vidas.
Mas, em gloriosa graça e amor, Deus envia Cristo para viver a vida perfeita que eles deveriam ter vivido, mas nunca poderiam viver; e morrer a horrível, eterna morte que eles deveriam ter morrido, e então a pena que receberam seria paga por um substituto; de tal modo que, se eles simplesmente abandonarem qualquer alegação de justiça própria e confiarem inteiramente em Cristo somente, por sua justiça diante de Deus, podem ter o relacionamento restaurado com seu glorioso Criador que Ele lhes designou a ter – que Ele designou para ser o mais satisfatório, agradável, emocionante relacionamentos em que já nos envolvemos!
Assim, contar a essas pessoas essas notícias mais fantásticas no mundo – as melhores notícias que alguém poderia dar! – e eles falarem algo como “Ehh, quero dizer, isso é realmente maravilhoso para você. De verdade! É ótimo para você. Apenas não é para mim”.
Essa é a natureza miserável da morte espiritual. Pessoas podem olhar diretamente para a glória de Cristo – sejam eles autoridades judaicas no Antigo Oriente testemunhando milagres ou americanos do século XXI lendo suas Bíblias – e ele podem permanecer inteiramente indiferentes. Jesus parece tolo. Ou ele parece uma muleta mítica, psicológica, inventada para pessoas fracas. Ou ele é apenas entediante. Porque a menos que nasçamos de novo – a menos que Deus brilhe em nossos corações para dar a Luz do conhecimento da glória de Deu na face de Cristo (2 Coríntios 4.6) – nossas mentes permanecem cegas, e não podemos ver Cristo como Ele é.
As Implicações para o Ministério Cristão
Queridos amigos, esse é o problema no mundo. Isso é o que foi deixado na terra para a Igreja solucionar. Na raiz, o problema do mundo não é que as pessoas têm casamentos ruins ou relações pessoais rompidas. Não é que não se sintam confortáveis e relaxadas na igreja. Não é que cristãos não gostam das mesmas músicas que eles ouvem, não se vestem da mesma forma ou não usam a mesma língua. Não é que estejam falhando em experimentar as condições “típicas do Reino” em suas vidas. Não é que eles nunca tiveram evidência suficiente de veracidade das alegações do Cristianismo. E certamente não é que eles não estejam vivendo o melhor de suas vidas agora e não tenham uma casa com sete quartos e três carros na garagem.
O problema do mundo é que as pessoas estão cegas para a glória.
Então isso significa que a missão da Igreja é resolver esse problema. Seja com o que for que a Igreja se vê apta para se envolver, isso deve ser controlado pela proposta de erradicar a cegueira do mundo para a glória de Jesus Cristo. Se estamos comprometidos em algum programa, algum ministério, alguma estratégia que não está trabalhando para solucionar esses problema, temos que deixar de lado. A Igreja não trata de solucionar os relacionamentos do mundo, fazendo o mundo se sentir entretido, confortável, aceito, ou melhorar a qualidade dessa vida enquanto negligencia a qualidade de vida que será deles na eternidade. Talvez esses sejam efeitos, ou conseqüências, do Evangelho. Mas a Igreja está encarregada de ser instrumento para abrir os olhos cegos, para que aqueles que estão sob poder do mal possam vir enxergar o tesouro da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.
Paulo introduz como fazer isso no verso 5. Fica para a próxima.