Uma segregação totalmente diferente

Mollie Ziegler Hemingway
Mollie Ziegler, jornalista e articulista da Christianity Today

“Que legal! Tem funerais na sua igreja”, ouvi recentemente de um amigo após lhe contar que sobre ter ido ao funeral de um membro da minha igreja.

Meu amigo freqüenta uma daquelas igrejas que se reúnem em um cinema. Desde que ele me falou sobre isso, me pergunto como eles lidam com a logística de batismos, casamentos e funerais.

A verdade é que a totalidade da membresia de sua congregação varia entre jovens adolescentes aos vinte e tantos anos. Batismos são raros, e acontecem em outros lugares. Até onde nos lembramos, nunca houve um funeral. E quando as pessoas casam, alugam igrejas tradicionais para a cerimônia.

Foi isso que aconteceu com outra amiga minha que se casou. Assentos com cheiro de pipoca e piso grudento de refrigerante não é o que ela havia sonhado para o dia de seu casamento. Quando teve filhos, simplesmente parou de freqüentar essa igreja, já que sua família não se encaixava no perfil de jovens solteiros que eram o alvo do ministério. Ela ainda está procurando uma nova igreja.

Por muitos anos, igrejas e cultos voltados para determinadas idades foram vistos com a maneira para alcançar os filhos da classe média. Mais recentemente, muitos desses experimentos de cultos jovens se desligaram de suas igrejas-mãe, acabaram, ou se transformaram em congregações mais tradicionais.

Isso não é totalmente uma surpresa. A preocupação pelas almas dos jovens adultos atingiu o ápice alguns anos após pesquisas mostrarem que esses jovens – mesmo os que haviam sido participantes ativos quando adolescentes – não eram membros regulares de alguma igreja . O fato é que pesquisas já têm apontado para isso por décadas.

“Isso meramente mostra que quando jovens deixam suas casas para irem para a universidade, eles preferem dormir no Domingo de manhã a ir para a igreja”, diz o sociólogo Rodney Stark, da Universidade de Baylor. “É óbvio que eles não se desviaram pelo fato de que mais tarde em suas vidas, quando se casam, e especialmente quando têm filhos, eles se tornam freqüentadores regulares. Isso acontece em todas as gerações”.

Se os jovens adultos estão deixando a igreja para sempre ou apenas por alguns anos, não estou certa de que cultos segregados por faixa etária seja uma boa estratégia. Ninguém se surpreendeu mais do que eu mesma quando continuei freqüentando a igreja após me mudar para mais 2000 milhas de distância da minha família para fazer faculdade. Parte disso se deve ao que aprendi que congregações são famílias que, por definição, incluem pessoas de todas as idades e circunstâncias.

Todos nós aprendemos e nos beneficiamos de cuidar dos idosos, dos doentes, dos que sofrem e dos que estão no fim de suas vidas, assim como podemos aproveitar a vitalidade das crianças, dos adolescentes e dos jovens adultos. Todos temos experiências diferenciadas na vida. Ao vivermos juntos em uma comunidade, todos nos beneficiamos. Alguns conviveram com a Segunda Guerra Mundial de dentro das trincheiras, e outros, ao jogar Call Of Duty no Xbox.

Minha amiga mais querida na igreja Luterana que freqüento é uma viúva de 70 e poucos anos. Aproximamo-nos após seu amado marido morrer após uma longa batalha contra o câncer. Aprendi com Dolores como se sacrificar pelo cônjuge, aproveitar a vida ao máximo, ajudar os necessitados e a cuida de crianças. Se eu fosse parte de uma congregação onde todos fossem da minha idade e vivessem a mesma fase da vida que eu, como eu poderia aprender sobre essas experiências que fazer parte da vida cristã?

Já é ruim o suficiente que muitas igrejas tendem a reunir pessoas da mesma raça ou do mesmo grupo sócio-econômico. Mas segregar a igreja pela faixa etária intencionalmente só piora as coisas. A Escritura nos ensina a não desprezar as experiências e a sabedoria dos mais velhos. Provérbios 16.31 ensina que “o cabelo grisalho é uma coroa de esplendor, e se obtém mediante uma vida justa”.

Esse tipo de culto de uma idade só também priva os crentes mais velhos da oportunidade de melhorar sua paciência ao lidarem com famílias jovens e indisciplinadas. Os idosos da minha igreja ficam agoniados quando os pequeninos que estão começando a andar ficam em pé nos bancos fazendo algazarra ou quando fazem muito barulho. Incluir todas as faixas etárias na vida congregacional ensina todos a viverem juntos em amor e paciência.

O desejo de alcançar jovens adultos – ou qualquer outro grupo demográfico – é nobre, mas devemos evitá-lo quando começa a segregação. Devemos evitar exageros e confiar no Evangelho como criador e preservador da fé das pessoas de todas as idades.

Crescer, envelhecer, e a própria morte, são realidades da vida. Jesus Cristo conquistou a morte e a sepultura por nós. É isso que nós ouvimos nos funerais na minha igreja, e essas Boas Novas, como disse meu amigo, são muito legais.