Segundo a Bíblia, um dos argumentos apologéticos mais poderosos para a fé cristã é a própria humanidade. As Escrituras nos dizem que a maravilha do corpo humano aponta para a criatividade e genialidade do Deus Criador de uma forma que deve evocar medo e temor (Sl 139.14). O exercício humano de domínio sobre a ordem criada reflete o reinado de Deus sobre o universo (Gn 1.26), um reinado que se realiza plenamente na mediação de Jesus Cristo (Ef 1.10). O homem é criado homem e mulher, à imagem de Deus para uma união de uma só carne resultando em frutos, uma união que prefigura a realidade da relação Cristo / Igreja (Ef 5.22-33).
A Bíblia nos diz que a consciência humana atesta o conteúdo e a inerrância da lei do Criador. Embora os seres humanos procurassem definir o bem e o mal para além da autoridade da Palavra de Deus (Tg 4.17), Deus mesmo assim plantou dentro de todos os filhos de Adão um testemunho dos Seus padrões de bem e mal. O fato de que os seres humanos caídos reconhecem quaisquer padrões de moralidade, indica que há um código transcendente da lei, em algum lugar acima apenas da construção de regras sociais e de limites (Rm 2.12-16). Além disso, como o apóstolo Paulo mostrou, essa consciência aponta para além de si mesmo, aponta para um dia de ajuste de contas. Quando os seres humanos fazem escolhas morais – ou fazem escolhas imorais usando argumentos morais -, eles estão, na verdade, reconhecendo que eles sabem de um dia em que Deus julgará todos os segredos do coração (Rm 2.16).
Independentemente de quantas vezes os seres humanos caídos buscam classificar-se como meramente bio-lógicos, eles entendem a partir de sua racionalidade comum, moralidade e busca de sentido que este não é o caso. Não importa quantas vezes darwinistas, por exemplo, falem de seres humanos como mais um tipo de animal, e não importa quantas vezes alguns psicólogos expliquem nosso comportamento com base em mecanismos evolutivos, os seres humanos sabem que não é assim. Sabemos que há algo de distintivo sobre nós, é por isso que a Bíblia nos chama a apelar para as mentes e as consciências dos incrédulos, mesmo que as mentes sejam cegas (2 Co 4.4) e as consciências estejam muitas vezes insensíveis (1 Tm 4.2).
Portanto, o testemunho bíblico sobre os seres humanos está em forte contraste com outros sistemas de crença. Ao contrário de algumas religiões orientais, a Bíblia não apresenta a vida de um ser humano como um ciclo de encarnações, nem afirma, como faz o mormonismo, a preexistência de espíritos humanos desencarnados. Ao contrário de muitas religiões da natureza e as várias formas pagãs de culto, a Bíblia não apresenta a humanidade como parte da “força da vida” maior da natureza. Ao contrário do Islã, a Bíblia afirma a liberdade e a responsabilidade dos seres humanos como criaturas morais diante de um Deus cuja imagem elas refletem. Ao contrário de muitas teorias psicológicas, a Bíblia não reduz motivações ou ações humanas às interações dos desejos inconscientes, padrões habituais, ou a queima de neurônios. Ao contrário do marxismo e capitalismo libertário, a Bíblia apresenta os anseios do coração humano como algo muito além do material. Ao contrário do gnosticismo ou feminismo, os propósitos criativos de Deus são vistos na bondade e na permanência da diferenciação sexual, no mesmo valor dos sexos como portadores da imagem (Gn 2.27), e na proteção e liderança sacrificiais de homens, como pais de família e líderes de tribos (1 Coríntios 11.3). Em contraste com os sistemas de crenças rivais, a Bíblia apresenta o ser humano como distinto da natureza. Eles são chamados para governar (Sl 8.5-8), livres para agir de acordo com suas naturezas (Js 24.15), responsáveis por ações antes do tribunal de Cristo (Ap 20.12-13), e criados para a conformidade com a imagem de Jesus como co-herdeiros de uma criação nova e gloriosa (Rm 8.17,29). A doutrina da imagem de Deus concede valor para toda a vida humana, independentemente de sua vulnerabilidade ou estágio de desenvolvimento (Gn 9.6), e ele está em eterna hostilidade a qualquer forma de intolerância racial ou Estado-nação idólatra. (Atos 17.25-27).
A veracidade da Bíblia sobre a depravação humana contrasta fortemente com sistemas de crenças que são mais otimistas sobre a natureza humana, como o mormonismo, a Cientologia, ou secularismo. O pecado humano é uma questão apologética visto que uma moldura cristão explica como pessoas educadas, racionais, e amorosas podem ter crueldade e ódio e serem violentas. O ensino bíblico sobre o pecado também responde o que pode ser o responsável mais persistente contra a veracidade do cristianismo: a hipocrisia cristã.
Da mesma forma, a prevalência das religiões e ideologias mundanas, que muitas vezes é usada como uma oposição ao cristianismo, na verdade, serve como um argumento apologético para reivindicações cristãs. A Bíblia nos diz que o instinto universal para adorar e interpretar a realidade se baseia na revelação de Deus e que a supressão universal desta verdade leva a idolatrias diversas (Rm 1.18-32). Não devemos nos surpreender, então, que, literalmente, toda civilização humana na história teve alguma prática de culto, e também que as seitas, religiões do mundo, e mesmo ideologias seculares muitas vezes imitem alguns aspectos da verdade cristã. Também não devemos nos surpreender, como o antigo livro de Eclesiastes ilustra, quando a busca humana por gratificação sensual, abundância material ou o exercício do poder além dos propósitos do Criador leva ao desespero.