Neste dia, em 1517, Martinho Lutero pregou suas 95 teses na porta da igreja de Wittenberg, o que gerou um dos maiores eventos na história da igreja de Jesus Cristo, a Reforma Protestante. Protestantes (aqueles que protestaram contra a igreja instituída) buscavam uma Reforma (uma mudança na igreja, para que retornasse à essência das Escrituras), algo que mudou a face de toda a igreja cristã desde então. Um foco nas fontes da Escritura trouxe a igreja de volta àquilo que se tornou os cinco pilares de um retorno ao Cristianismo do Novo Testamento. Esses pilares eram:
1) Sola Scriptura – Somente a Escritura
2) Sola Gratia – Somente a Graça
3) Solo Christo – Somente Cristo
4) Sola Fide – Somente pela fé
5) Soli Deo Grloria – Glória Somente a Deus
Enquanto até protestantes dos dias atuais traçam suas origens na Reforma, existem muitos dentro dos círculos batistas que argumentam que os batistas não são parte da Reforma Protestante. Eles veem diferentes origens para os batistas que não a Reforma. Assim, a pergunta deve ser feita: os Batistas são parte da Reforma Protestante?
Visões da origem dos batistas
Existe, para simplificar, quatros visões diferentes das origens batistas (note, por favor, que estou em débito com meu antigo professor de História Eclesiástica, Gerald Priest, do Detroit Baptist Theological Seminary, por apresentar essas verdades a mim). Elas são:
1) Sucessionismo orgânico estrito: Sempre houve uma sucessão de igrejas batistas através da história, começando com a primeira igreja batista em Jerusalém. Dissidentes desde os tempos antigos eram batistas com nomes diferentes.
2) Afinidade anabatista: Os batistas do início do século XVII foram influenciados pelos anabatistas continentais.
3) Afinidade espiritual: Trata-se da continuação dos ensinamentos bíblicos ou um sucessionismo espiritual. Há uma continuidade dos conceitos batistas. Em outras palavras, não há “rastro de sangue”, mas há um perceptível “rastro de verdade”.
4) Separatismo britânico: A denominação batista se iniciou no movimento separatista puritano na Inglaterra do século XVII.
Existe, é claro, misturas entre essas visões diferentes, mas essas são, em essência, as quatro posições normalmente defendidas.
Argumentos históricos para a visão separatista britânica
Este é um assunto gigante e merecia livros inteiros dedicados a ele, mas eu farei referência a uma apresentação recente desse material feita pelo meu antigo professor de História Eclesiástica (clique aqui para mais detalhes). Consulte-o para uma apresentação de argumentos contra os batistas serem derivados da Reforma Protestante. Resumidamente, deixe-me delinear algumas razões históricas A FAVOR de vermos os batistas como derivados da Reforma Protestante (veja o prof. Priest também para argumentos bíblicos a respeito da igreja universal).
1) A igreja de Jesus Cristo existe desde o Pentecostes. Só porque é difícil encontrar historicamente grupos que através do tempo mantiveram um comprometimento puro com a igreja do NT, não significa que eles não existiram. Pelo contrário, a pureza da igreja tem sido mantida pelo corpo universal de crentes, não necessariamente sempre em igrejas locais. Isto ajuda a não tentarmos forçar grupos heréticos dentro de um molde batista só porque eles realizavam o batismo por imersão.
2) A Segunda Confissão Batista Londrina (1688) afirma ambos os aspectos local e universal da igreja, no artigo 26, seções 1 e 2. Uma vez que os batistas afirmam a igreja universal, isto significa que não é necessário que existam manifestações visíveis do corpo universal em corpos locais a cada momento da história da igreja.
3) Só porque os anabatistas (que não vieram realmente da Reforma Protestante) e batistas praticam uma forma de batismo semelhante isto não os torna iguais. Existem diferenças importantes, como o pacifismo, a não participação no governo, a recusa em se fazer juramentos, entre outros, que criam uma distinção real entre os dois grupos.
4) Só porque os batistas não vieram diretamente da Igreja Católica Romana, não significa que eles não são parte da Reforma Protestante. Eles vieram do Separatismo Puritano Britânico (o que pode ser demonstrado historicamente) e, portanto, uma vez que estes têm sua origem na Reforma, nós também temos.
5) A Primeira e a Segunda Confissões de Fé Londrinas mencionam que elas não são anabatistas. A Confissão ou Declaração de Fé dos Batistas Gerais diz a mesma coisa.
6) John Smyth inaugurou a prática de batizar o crente entre seus seguidores Separatistas em 1609. Depois de repudiar seu batismo¹, e a tentativa de unir sua igreja com a comunidade Menonita, Thomas Helwys, John Murton e seus seguidores rejeitaram Smyth e retornaram para a Inglaterra, fundando a primeira igreja Batista Geral, em 1611.
7) No século XVII, quando alguém defendia uma visão sucessionista das origens batistas, era visto sob suspeita e isto soava muito como catolicismo romano.
8 ) Existiam muitas variedades de anabatistas no século XVII, e nem todas elas bíblicas. Hoje, muitos anabatistas não têm comunhão com os batistas.
Isso foi um pouco breve, mas é bom para termos uma visão histórica mais ampla de algo, e usá-la como ponto de partida para que outros possam investigar a questão por si mesmos. Em conclusão, deve ser dito que, quais sejam suas origens, os Batistas têm procurado derivar sua teologia e prática do Novo Testamento, e somente do Novo Testamento. E mais, quando analisada a evidência histórica, parece primariamente verdadeiro que os Batistas não vieram de uma longa linha de grupos se sucedendo, nem dos anabatistas diretamente (pode ter acontecido alguma influência), mas dos Separatistas Puritanos Britânicos. E estes têm sua origem na Reforma Protestante. Então, portanto, os batistas são parte da Reforma Protestante.
Se você é batista, neste dia (Dia da Reforma) anime-se e alegre-se com o que Deus fez na história para resgatar as verdades da Escritura e trazê-las de volta à Igreja, e agradeça a Deus o privilégio de ser parte desta Reforma.
Feliz Dia da Reforma!
¹ John Smyth batizou a si mesmo (N.T.)
Traduzido por Josaías Jr