Muitas vezes tenho escrito sobre o assunto de conhecer e fazer a vontade de Deus. Às vezes, porém, surgem situações particulares em que precisamos de aplicações muito específicas desses princípios gerais. Um leitor do meu site recentemente me perguntou sobre como pensar a respeito de quantos filhos ter. Aqui está o que ele escreveu:
O tema de decidir sobre o tamanho da família e o que é certo para a sua família surgiu entre nós e nossos amigos. Parece que todos pensamos diferente. Em um nível mais básico, sabemos que Deus nos chama para sermos fecundos e multiplicarmos e sabemos que ser pai é uma atitude altruísta, por você dedicar o seu tempo à paternidade. No entanto, grandes famílias não são para todos e podem causar problemas em determinadas situações.
Deixe-me explicar como eu penso a respeito desta questão. A primeira coisa que eu procuro é uma orientação clara e específica da Bíblia. Existe um comando claro na Bíblia que me diz que eu devo ter uma família tão grande quanto possível? E, de forma recíproca, existe uma ordem clara na Bíblia que me diz que eu tenho que limitar o tamanho da minha família? Em meu conhecimento e entendimento não há um comando claro em ambos os casos. Na ausência de mandamentos claros e específicos de Deus, agora estou fora do reino do absolutamente certo e errado, agora estou livre de ser flagrantemente desobediente se eu optar por ter dois filhos ou se eu optar por ter 20 filhos. Mas isso não significa que agora possa fazer o que eu quiser.
Na ausência de mandamentos morais claros, o meu chamado é para agir com sabedoria e de acordo com os princípios bíblicos, por isso a minha próxima atitude é procurar na Bíblia princípios que podem orientar-me ao considerar essa questão. Aqui estão alguns que vêm à mente:
Sede fecundos e multiplicai. Deus criou a vida humana e, como um dos principais papéis do homem, lhe ordenou: “sede fecundo e multiplicai.” Procriar é nosso dever como seres humanos, e nosso dever especial como cristãos é encher a terra com pessoas que conhecem e amam o Senhor. Por isso, é razoável dizer que, como princípio geral, Deus espera que um marido e sua esposa tenham, pelo menos, alguns filhos.
Filhos são uma bênção. A Bíblia é clara que devemos considerar os filhos como uma bênção e não como um fardo. O Salmo 127 nos diz que “Herança do SENHOR são os filhos; o fruto do ventre, seu galardão.” Enquanto nossa cultura vê as crianças como um fardo financeiro, emocional ou psicológico, a Bíblia nos diz que eles são uma bênção e um galardão. Indo além, muitos filhos são uma bênção ainda maior. Deus não impôs condições para o seu comando de sermos frutíferos e multiplicarmos. Ele não disse “multiplique-se até alcançar o número de oito filhos e, chegando nesse ponto, você deve parar.” Ao mesmo tempo, ele não disse “sê frutífero e multiplique até que você tenha ultrapassado pelo menos dois filhos.” Não recebemos regras sobre quantas crianças são adequados aos olhos de Deus. Ouvimos sugestões, porém, que Deus aprova grandes famílias e que muitas crianças representam uma bênção especial. O Salmo 127 continua, “Como flechas na mão do guerreiro, assim os filhos da mocidade. Feliz o homem que enche deles a sua aljava.” Muitos filhos representam muitas bênçãos.
Deus é soberano. Deus é absolutamente soberano, tendo preordenado cada nascimento. Se uma mulher tem uma, sete ou dezessete crianças, Deus decretou o início e o fim de cada gestação. É o Senhor que abre e fecha o útero e ele não comete erros. Cada gravidez tem sido de alguma forma uma parte de seu plano e de sua vontade.
Todos esses são princípios relacionados aos filhos, mas há também princípios relacionados à vida e ao casamento.
A vida é valiosa. A Bíblia toda valoriza a vida humana e nós podemos, assim, ter a confiança de que se a vida de uma mãe está em jogo em uma gravidez, temos de proteger sua vida, mesmo que isso signifique que ela não tenha mais gestações. Isto significa que há pelo menos um caso em que é objetivamente certo e bom limitar o tamanho da família.
Viva com discernimento. 1 Pedro instrui maridos a viver com suas esposas “a vida comum do lar, com discernimento”. Uma maneira de um marido ser compreensivo para com sua esposa é livrá-la da sobrecarga decorrente do número de crianças sob seus cuidados. Algumas mulheres são naturalmente equipadas para lidar com famílias grandes e outras simplesmente não são. O homem e a mulher devem discutir isto e decidir entre eles de que forma eles foram equipados pelo Senhor.
Existem Chamados diferentes. O Senhor chama pessoas diferentes para vidas muito diferentes. Pode ser que um casal que tenha sido chamado para serem missionários em uma nação do terceiro mundo ache que ter 14 ou 15 crianças os tornariam incapazes de cumprir sua vocação. Um casal deve considerar o tamanho da sua família no contexto de como eles estão servindo a Deus e sua igreja.
Uma vez que eu tenha ponderado esses princípios e outros como eles, e depois de já ter trabalhado em aplicá-los na minha vida e no casamento, agora estou livre para agir de acordo com a minha consciência e os meus desejos, sabendo que o Senhor está satisfeito. Agora estou livre para agir da maneira que me traga alegria, desde que eu esteja procurando alegria no Senhor e não uma falsificação fugaz de alegria. Se eu desejo ter uma família enorme, e se minha esposa tem o mesmo desejo, temos total liberdade diante do Senhor para ter muitos filhos conforme Ele nos conceder. Se ter apenas três crianças parece adequado, temos a liberdade de parar aí.
Mas mesmo ao fazer isso, preciso manter-me atento aos princípios estabelecidos em Romanos 14, que se eu não for cuidadoso, poderei estar desprezando ou condenando cristãos que escolheram o oposto do que escolhi. A decisão que eu tomar deve ser o adequado para a minha família, mas não tenho nenhum direito de tomar uma decisão em nome de outra pessoa e, em seguida, desprezá-la ou condená-la.
Como em tantas áreas da vida cristã, o Senhor nos dá a liberdade de escolher quantos filhos teremos. Ele nos dá os princípios que precisamos para saber como viver neste mundo para a sua glória, e tendo feito isso, ele agora nos dá liberdade para aplicar esses princípios de formas muito diferentes de pessoa para pessoa e de casal para casal. E em tudo isso ele é bom.
Texto traduzido por Annelise Schulz | iProdigo.com | Original aqui