Seus olhos são bons? (2)

por Paul Washer

(a primeira parte deste post pode ser lida aqui)

O Aviso de Cristo

“Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam”

Neste versículo, Jesus está chamando para uma decisão radical por parte de seus discípulos a se arrependerem do materialismo mundano e dirigirem seus corações para Deus e Seu reino. Embora a Bíblia não classifique a riqueza como boa nem como ruim, ela nos avisa que o amor à riqueza é um grande mal (I Timóteo 6:10) e que a busca e o acúmulo de riqueza só nos levam à perda e vergonha no dia do juízo (Tiago 5:2-3).

Independentemente dos avisos que percorrem toda a Bíblia, parece que o desejo por riqueza é quem mais compete com Deus pelos corações dos homens. É irônico que, embora a maior parte das pessoas gaste a maior parte do tempo “valorizando tesouros”, pouquíssimos deles realmente já “possuíram tesouros”. E aqueles raros indivíduos que realmente obtiveram seus tesouros aqui na terra rapidamente se cansaram desses tesouros depois que os conquistaram. Não é uma grande tolice trocar os gloriosos presentes de Deus por tesouros terrenos que nós raramente conseguimos obter, e se por acaso nós conseguimos, nós rapidamente enjoamos deles?

Diga uma coisa neste mundo que seja altamente cobiçada pelos homens e nós podemos avaliar rapidamente seu verdadeiro valor com uma pergunta simples: “Isso é eterno?”. Se for, vale a pena ser obtido ainda que isso custe todas as outras coisas. Se não for, seu valor é equivalente ao do pó que isso vai virar. Buscar por tal coisa é um desperdício patético de vida humana.

A Admoestação de Cristo

“mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam;”

As Escrituras não falam contra tesouros ou a busca de tesouros, mas ela fala contra o desperdício insensato da vida que Deus nos deu na vã perseguição de coisas que não têm valor eterno e nunca poderiam saciar o desejo infinito do coração por eternidade. Em Isaías 55:2, a Bíblia balança perplexa sua cabeça para os hoens que buscam pelo temporal à custa do que é eterno:

“Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que não satisfaz?”

Nada, exceto a pessoa e a vontade de Deus, pode preencher o homem. O único tesouro que vale a pena ter é aquele que é eterno e vem de Deus. Tal tesouro é encontrado apenas ao se fazer a Sua vontade, vivendo para Sua glória e buscando o Seu Reino. Deus não prometeu cuidar de nós? Ele não prometeu suprir nossas necessidades? Ele não se mostrou capaz e disposto a encher Seus filhos de bênçãos e não lhes reter nada de bom? Por que, então, nós colocamos nossas buscas terrenas à frente da busca de Deus e à frente das buscas de Deus? Nossa única obrigação é também nosso único meio de verdadeiramente viver uma vida abundante e satisfatória – “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça” (Mateus 6:33). Céu e terra passarão, os produtos inferiores deste mundo serão queimados no fogo como feno, madeira e palha (I Coríntios 3:12-15). No entanto, o homem que faz a vontade de Deus permanece para sempre e suas obras durarão para a eternidade (I João 2:17). Não haverá arrependimento no céu por se ter vivido “demais” para o reino de Deus, mas nós podemos garantir que haverá grandes arrependimentos por ter vivido “tão pouco”.

A Verdade Inegável

“porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.”

De vez em quando nas Escrituras, somos confrontados por certas declarações que abrem nossos corações e revelam a verdade sobre nosso caráter e nossos desejos. O versículo acima é uma dessas declarações. Independentemente da frequência ou da força com que declaramos que Deus e seu Reino são nosso maior desejo, o verdadeiro desejo de nossas vidas pode ser revelada pela menor e mais simples das perguntas: onde está nosso coração? O que ocupa nossos pensamentos acima de todas as outras coisas? O que almejamos? Podemos dizer de verdade que Deus e Seu Reino são nossa paixão?

E se um estranho que não conhecesse nossa confissão cristã observasse nossas vidas e lesse nossos pensamentos? Ele estaria convencido de que Deus e Seu Reino são nossas duas maiores prioridades? Ele escutaria uma conversa quase constante sobre as misericórdias de Deus e o avanço de Seu Reino?

Ele nos ouviria orar com paixão pelas nações não evangelizadas? Ele nos veria passando noites em claro porque o Nome de Deus não é altamente estimado entre todos os povos, porque Seu Reino ainda não cobriu toda a Terra, ou porque Sua vondade não é obedecida ou sequer conhecida pela grande maioria dos homens?

Se fôssemos honestos, seríamos forçados a admitir que ele nos ouviria falar sobre casas e terras, carros e brinquedos, recreação e hobbies. Ele nos veria obcecados com preocupações mundanas, vontades e prazeres. Ele ouviria muito pouco sobre Deus em nossa conversa diária, veria pouca atividade dirigida ao avanço do Reino, e pensaria que seria absurdo se alegássemos que nosso tesouro está no céu!

(Conclusão amanhã na Parte 3.)

Traduzido por Daniel TC | iPródigo | Texto original aqui.