O ano é aproximadamente 640 a.C. Judá não está em boa forma. Após alguns bons anos com o rei Ezequias, a nação foi ladeira abaixo em um longo caminho debaixo do domínio de 55 anos sob o perverso Manassés. Os dois anos seguintes submissos ao rei Amom não foram melhores: “Fez o que era mau perante o Senhor, como fizera Manassés, seu pai. Andou em todo o caminho em que andara seu pai, serviu os ídolos a que ele servira e os adorou.” (2 Reis 21. 20-21)
O país tinha uma aparência sombria. O povo de Deus estava definhando. Não havia muito pelo que se alegrar.
Mas Deus, por meio da obra surpreendente e soberana de Seu Espírito, trouxe reforma e soprou um fôlego de nova vida em seu povo. A renovação dada por Deus a Judá, assim como todo avivamento verdadeiro, foi marcada por várias características distintivas. Deixe-me mencionar cinco delas.
A primeira e mais importante marca é a redescoberta da Palavra de Deus (2 Reis 22.1-2, 8-10)
Você pode imaginar essa cena? Alguém da organização da sua igreja vem da sala de caldeiras, “Pastor, o senhor não irá acreditar nisso. Eu achei uma Bíblia lá embaixo! Lembre-se de centenas de anos atrás quando costumávamos ler a Bíblia. Bem, eu achei uma! E eu tenho que te falar, acho que estamos numa enrascada. Eu estive olhando os mandamentos de Deus para nós, e estamos bem distantes”. Isso foi basicamente o que aconteceu nos dias de Josias.
Foi a redescoberta do livro da lei que desencadeou o avivamento naquela terra.
- 2 Reis 22.13 -“Ide e consultai o Senhor por mim, pelo povo e por todo o Judá, acerca das palavras deste livro que se achou; porque grande é o furor do Senhor que se acendeu contra nós, porquanto nossos pais não deram ouvidos às palavras deste livro, para fazerem segundo tudo quanto de nós está escrito.”
- 2 Reis 23.3 – “O rei se pôs em pé junto à coluna e fez aliança ante o Senhor, para o seguitem, guardarem os seus mandamentos, os seus testemunhos e os seus estatutos, de todo o coração e de toda a alma, cumprindo as palavras desta aliança, que estavam escritas naquele livro; e todo o povo anuiu a esta aliança.”
- 2 Reis 23.24-25 – “Aboliu também Josias os médiuns, os feiticeiros, os ídelos do lar, os ídelos e todas as abominações que se viam na terra de Judá e em Jerusalém, pra cumprir as palavras da lei, que estavam escritas no livro que o sacerdote Hilquias acharana Casa do Senhor. Antes dele, não houve rei que lhe fosse semelhante, que se convertesse ao Senhor de todo o seu coração e de toda a sua alma, e de todas as suas forças, segundo toda a Lei de Moisés; e, depois dele, nunca se levantou outro igual.”
Do começo ao fim, a obra poderosa de Deus foi por meio, e de acordo, com Seu livro. O que isso nos diz? O que precisamos fazer? “Me fale logo o que é”, Josias disse. “Nós vamos ser o povo do livro”.
O avivamento verdadeiro é sempre saturado da Bíblia. Avivamento não é simplesmente uma renovação do fervor por coisas espirituais. Os budistas têm fervor por coisas espirituais. Oprah e Tom Cruise têm fome por coisas espirituais. O avivamento forjado por Deus traz um fervor pela Bíblia, que nós devemos viver, sentir, cantar, orar, trabalhar e adorar de acordo com a Palavra de Deus.
Em nossos dias, a Bíblia não será achada enquanto reforma-se o templo, mas quando o Espírito soprar, a autoridade da Bíblia será redescoberta. Pastores irão pregar com maior unção enquanto eles pregam linha por linha da Bíblia. O ministro irá pleitear com pecadores como um moribundo falando para moribundos. Maridos irão lavar suas esposas com a Palavra de Deus. Pais irão instruir seus filhos na verdade. Nos meios sociais, as conversas irão se mover de esportes e tempo para discussões sobre as Escrituras. Pessoas de todas as idades irão ter fome de ler, memorizar, e estudar a Bíblia. Elas irão amar ouvir a pregação do evangelho. Elas irão amar ler bons livros. Haverá renovo de confiança, desejo e obediência a cada pingo e a cada título da Escritura. É assim que um avivamento começa, e, sem essa primeira marca, você tem apenas um mero entusiasmo.
A segunda marca do verdadeiro avivamento é um senso restaurado do temor do Senhor (2 Reis 22.11-17)
Aqui está uma coisa para acrescentar a sua lista de oração: “Senhor, me ajude a temê-Lo mais do que temo as pessoas”. Se vamos fazer algo realmente útil, devemos aprender a amar mais o favor de Deus do que o louvor dos homens. Nós devemos temer Sua ira implacável mais do que temer sermos envergonhados.
Você pode ouvir o coração de Josias no verso 13? “Porque grande é o furor do Senhor que se acendeu contra nós. Ele não irá olhar de forma leve para o pecado e nossos pecados foram grandes. Nós provocamos a ira dEle”. Josias está profundamente abalado. O livro que eles acharam era Deuteronômio – o livro da lei, que continha os Dez Mandamentos, e todas as regras codificadas para o povo de Deus. Esse era o pergaminho que Josias estava apenas ouvindo falar, permeado de passagens como essas:
- Deuteronômio 17.18-19 – “Também, quando se assentar no trono do seu reino, escreverá para si um traslado desta lei num livro, do que está diante dos levitas sacerdores. E o terá consigo e nele lerá todos os dias da sua vida, para que aprenda a temer o Senhor, seu Deus, a fim de guardar todas as palavras desta lei e estes estatutos, para os cumprir.”
- Deuteronômio 4.23-24 – “Guardai-vos não vos esqueçais da aliança do Senhor, vosso Deus, feita convosco, e vos façais alguma imagem esculpida, semelhança de alguma coisa que o Senhor, vosso Deus, vos proibiu. Porque o Senhor, teu Deus, é fogo que consome, é Deus zeloso.”
Josias levou a Palavra de Deus a sério porque ele leva Deus a sério. Ele entendeu que o temor ao Senhor é o princípio da sabedoria. Quando o avivamento chega, Deus se aproxima e ficamos maravilhados.
A terceira marca do verdadeiro avivamento é um retorno a Deus por meio de arrependimento e confissão (2 Reis 22.18-20)
Um coração quebrantado e um espírito contrito Deus não rejeitará. Arrependimento não é simplesmente dizer “estou arrependido”. Não é murmurar “Eu cometi um erro. Ninguém é perfeito”. Não é nem mesmo ficar com vergonha quando é pego no flagra. O verdadeiro arrependimento é uma reviravolta, é virar as costas para a feiura do pecado e correr para Deus para obter misericórdia. A verdadeira confissão é chegar perante o Deus santo e dizer com Davi, de forma humilhada e envergonhada, “Eu sou o homem”. É clamar de coração: “Deus meu, Deus meu, por que tu me aceitaste?”. Quando o Espírito de Deus cai, consciências são alfinetadas e pecadores convictos confessam seus pecados.
A quarta marca do verdadeiro avivamento é renovado compromisso e responsabilidade espirituais (2 Reis 23.1-3)
Isso é o que o povo de Deus fazia no Antigo Testamento. Eles estavam sempre renovando a aliança – no deserto, na terra prometida, na volta ao exílio. Quando Deus trouxe avivamento, seu povo começou a dizer uns para os outros “É hora de acertarmos isso, hora de reiterarmos o compromisso”. Havia mais do que apenas uma experiência individual de renovo. Havia um compromisso público e corporativo com Deus. Esse é um compromisso público e corporativo com Deus. Em 16 de março de 1742, a congregação de Jonathan Edwards firmou uma aliança. Todos na igreja que tinham mais de 15 anos fizeram promessas.
- “Em todas conversas e relações com nosso próximo, teremos respeito estrito às regras de honestidade, justiça e retidão”
- “E, além disso, nós prometemos que não iremos nos permitir sermos traiçoeiros”
- “E prometemos ser bem cuidadosos evitando fazer qualquer coisa com espírito de vingança para o nosso próximo”
- “E se qualquer um de nós tiver um antigo e secreto rancor contra alguém, não iremos nos agradar com isso, e nos esforçar ao máximo para arrancá-lo pela raiz, clamando a Deus por Seu auxílio”
- “E aqueles de nós que são jovens prometem nunca permitir que qualquer diversão, passatempo, reuniões ou companhias de pessoas jovens roubem a glória de Deus e a honra que a Ele é devida”
- “E, além disso, nós prometemos que vamos, estritamente, evitar todas as liberdades e familiaridades em companhia daquilo que desperta um desejo que nós não podemos, em nossa consciência, pensar que seria aprovado pelo infinitamente puro e santo olhar de Deus”
- “E agora nós aparecemos perante Deus, dependendo de sua divina graça e assistência, solenamente devotamos nossas vidas por completo, para serem laboriosamente gastas nos assuntos da religião”.
Compromisso corporativo renovado é uma marca de genuíno avivamento.
E, finalmente, o verdadeiro avivamento é marcado pela reforma da verdadeira piedade (2 Reis 23.21-25)
Quando o avivamento chega em uma igreja ou comunidade, a piedade é reformada. As pessoas começam viver aquilo que professam. Ao invés de uma mistura com os contextos culturais delas, o povo de Deus se destaca. Eles se voltam para Deus e reformam seus caminhos. Eles perseguem fidelidade à Palavra, não as paixões do mundo.
Reforma da piedade verdadeira envolve duas coisas: uma ruptura decisiva com os caminhos pecaminosos do passado e um anseio de obedecer a Palavra de Deus no presente. Você vê ambos no reino de Josias. Os santuários, altares, lugares altos e falsos deuses foram destruídos; e a Páscoa é reinstituída. Isso é aquilo para o que Deus chama em Deuteronômio 18. E Josias faz isso: sem desculpas, sem atrasos, apenas uma rápida obediência. Deus cultivou um novo ódio do pecado e uma nova fome por retidão.
Então, o que verdadeiro avivamento? Não é reavivalismo, não é individualismo, não é emocionalismo, nem idealismo. Verdadeiro avivamento é marcado por uma redescoberta da Palavra de Deus, um senso restaurado do temor ao Senhor, um retorno a Deus por meio de arrependimento e confissões, um renovado compromisso e responsabilidade espirituais e, finalmente, uma reforma da verdadeira piedade.
Se esse é o anseio do seu coração, pastores, continuem pregando; e todos, comecem a orar.