Como o Evangelho pode ser Boas Novas para os gays?

Sam Allberry

Iríamos almoçar juntos, e eu estava orando feito louco. Meu amigo estava em um relacionamento sério com uma pessoa do mesmo sexo há quase 15 anos. Ele estava interessado em Jesus; atraído por seu ensino e mensagem. Mas ele queira saber como tornar-se um cristão afetaria seu estilo de vida gay.

Eu tinha explicado, tão cuidadosa e graciosamente quando podia, que Jesus preservou e expandiu a posição bíblica sobre sexualidade, que o único contexto para atividade sexual é o casamento heterossexual. Seguir Jesus significaria procurar viver sob sua palavra, nesta área assim como em qualquer outra.

Ele ficou quieto por um momento, então me olhou nos olhos e fez a pergunta de um bilhão de dólares: “O que seria valioso a ponto de abandonar meu parceiro?”.

Seu olhar permaneceu sobre mim por um momento, enquanto meu cérebro corria atrás de uma resposta. Havia a eternidade, é claro. Havia céu e inferno. Mas eu estava ciente de que essas realidades pareceriam estranhas e intangíveis a ele. De qualquer forma, certamente seguir Jesus é valioso mesmo nesta vida. Ele estava perguntando sobre a vida aqui-e-agora, então orei para que Deus me levasse a um versículo aqui-e-agora da Bíblia. Eu queria que meu amigo soubesse que seguir a Jesus realmente vale a pena – vale na vida porvir, mas também vale nesta vida, não menos para aqueles que têm sentimentos homossexuais. Sim, haveria uma horda de dificuldades e batalhas: desejos não realizados, a perturbação de uma tentação indesejada, e as lutas de uma longa vida de solteiro.

Mas eu queria que ele soubesse que seguir Jesus é mais que valioso, mesmo com tudo o que implica para os gays. Eu também queria dizer-lhe que eu tinha compreendido isso não apenas estudando a Bíblia e ouvindo os outros, mas também pela minha experiência.

Mais graça, não menos

Homossexualidade é uma questão que tenho lidado por toda a minha vida cristã. Demorou muito para admitir para mim mesmo, mais para admitir aos outros, e ainda mais para ver algum dos bons propósitos de Deus em tudo isso. Aconteceram todos os tipos de altos e baixos. Mas essa batalha não é isenta de bênçãos, como Paulo descobriu com seu próprio e persistente espinho na carne. Lutar com sexualidade tem sido uma oportunidade para experimentar mais da graça de Deus, não menos.

Somente em alguns meses recentes, senti-me compelido a ser mais aberto nesta questão. Por muitos anos, eu não tinha intenção de falar publicamente sobre isso. Estou ciente de que levantá-la aqui pode levar a uma série de respostas – algumas receptivas, algumas menos. Mas, pelos últimos anos, tem crescentemente me preocupado que, quando se trata de nossos parentes e amigos gays, muitos de nós, cristãos crentes na Bíblia, estão perdendo a confiança no Evangelho. Nós nem sempre estamos convencidos de que ele é realmente boas novas para os gays. Nem sempre estamos seguros de que podemos realmente esperar que eles vivam pelo que a Bíblia diz.

Enquanto minha mente corria naquele almoço, Deus me deu um vesículo para compartilhar com meu amigo. Ele demonstra precisamente por que seguir Jesus vale a pena, nesta vida, e mesmo quando temos de desistir de coisas que nunca poderíamos imaginar viver sem:

E Pedro começou a dizer-lhe: Eis que nós tudo deixamos, e te seguimos. E Jesus, respondendo, disse: Em verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou campos, por amor de mim e do evangelho, que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, com perseguições; e no século futuro a vida eterna.  (Marcos 10.28-30)

Seguir Jesus envolve deixar coisas para trás e abrir mão delas. Para os gays, envolve deixar para trás um estilo de vida gay.

A Clara Palavra de Deus

A Bíblia é consistente em proibir a prática homossexual. O próprio Jesus condena a “imoralidade sexual” (Marcos 7.21, NVI, por exemplo). Embora Jesus não mencione diretamente a atividade homossexual, ele a inclui. A palavra grega que traduzimos como “imoralidade sexual” (porneia, de onde tiramos a palavra pornografia) é um termo geral para qualquer atividade sexual fora do casamento heterossexual.

Paulo é mais específico, referindo-se diretamente à prática homossexual em três passagens. Em Romanos 1.24-27, tanto a atividade homossexual quanto o lesbianismo são apresentadas como exemplos de comportamento “antinatural” que resulta de afastar-se de Deus. Em 1 Co 6.9-10 (Almeida21), “os que se submetem a práticas homossexuais e os que as procuram”estão listados entre aqueles cujo comportamento resultará em sua exclusão do reino de Deus. A palavra que Paulo usa traduz-se literalmente como “homens que deitam-se com homens” e aparece novamente em 1 Timóteo 1.10 (que a tradução inglesa NIV, de 1984, infelizmente traduz como “pervertidos”).

É simplesmente impossível defender relacionamentos gays com base na Bíblia. As tentativas de alguns líderes inevitavelmente envolvem distorcer alguns textos e ignorar outros. A Palavra de Deus é, de fato, clara. A Bíblia consistentemente proíbe qualquer atividade sexual fora do casamento.

Como alguém que experimenta sentimentos homossexuais, essa não é sempre uma palavra fácil de ouvir. Algumas vezes, tem sido doloroso concordar com o que a Bíblia diz. Houveram tempos de desejos e tentações críticos – épocas em que eu estive “apaixonado”. Ainda assim, a Escritura mostra que esses desejos distorcem aquilo para o qual Deus me criou.

Retornos extraordinários

Embora tenhamos muito a deixar para trás, nunca somos deixados de mãos vazias. Aquilo que damos, Jesus substitui, de maneira piedosa e em maior medida. Ninguém que abre mão ficará sem receber, e os retornos são extraordinários – cem vezes. O que desistimos por Jesus não se compara com o que ele dá de volta. Se os custos são grandes, as recompensas são ainda maiores, mesmo nesta vida. Para mim, elas incluem amizades maravilhosamente profundas que Deus me deu, com muitos irmãos e irmãs; as oportunidades da vida de solteiro; o privilégio de um ministério abrangente; e a comunidade e família de uma igreja maravilhosa. Mas, maior que qualquer uma dessas coisas é a oportunidade que qualquer situação complexa e difícil nos traz: aprender a suficiência total de Cristo – aprender que a plenitude de vida e alegria está nele e em seu serviço, e em nenhum outro lugar.

Há muito mais a dizer sobre isso, mas o ponto central é este: Quando você pensa que seguir Jesus será um negócio ruim para alguém, você chama Jesus de mentiroso. Discipulado nem sempre é fácil. Deixar algo estimado para trás é profundamente difícil. Mas Jesus sempre é digno disso.