“Honra Teu Pai e Tua Mãe” para adultos

Mollie Ziegler
Mollie Ziegler

Ou “Como não ser um fílho inútil”

Porque será que nós atacamos pais inoperantes que falham ao deixar de educar seus filhos pequenos, mas deixamos passar os filhos adultos que não cuidam de seus pais idosos?

Talvez seja porque cuidar de crianças – independente do número de fraldas a serem trocadas – é uma experiência feliz, enquanto envelhecer envolve certa tristeza e indignidade veladas.

Talvez tenha algo a ver com a nossa falta de vontade de confrontar a morte. Usamos eufemismos (como “falecer”) para evitar a realidade do fim de nossa vida física. Somos bombardeados com propagandas que nos mostram que tomar tal pílula vai aliviar todos os problemas das juntas, enquanto aquele plano de previdência privada nos permitirá cavalgar cavalos e escalar montanhas quando estivermos em nossos anos grisalhos. As propagandas vendem uma esperança de mobilidade e liberdade contrariando a certeza do envelhecimento do corpo.

A mídia proclama melhoras em nossa expectativa de vida (agora acima dos 78 anos, contra 47 de um século atrás) e nos tratamentos de saúde (conseguimos driblar o câncer, a pneumonia e os efeitos da diabetes – doenças que significavam morte certa para nossos ancestrais). Ainda assim, enfrentamos períodos de incapacitação cada vez mais longos, os quais nossos predecessores jamais sonhariam.

Com uma sociedade envelhecida vêm os problemas. Os custos da previdência social e do sistema de saúde são cada vez maiores, os asilos estão superlotados e é difícil encontrar bons enfermeiros especializados em idosos que não estejam sobrecarregados.

A geração que está cuidando de seus pais idosos está enfrentando algo que seus ancestrais nunca viram. São parte de famílias cada vez menores e menos estáveis. Provavelmente moram longe de seus pais – às vezes, a milhares de quilômetros. E o tempo que se passa cuidado de membros mais velhos da família passou de alguns anos difíceis para décadas de complicações. Mesmo as famílias mais fortes serão levadas ao extremo ao tentarem cumprir o mandamento de honrar pai e mãe. Então o que você faz?

Você cuida dos seus pais.

Nunca foi fácil. Há uma razão para o clamor do salmista: “Não me rejeites na minha velhice; não me abandones quando se vão as minhas forças”. A velhice é quase sempre um período de deterioração física e mental, de dor e perdas, de medo e solidão. Assistir seus parentes se tornarem doentes crônicos ou senis é uma dor insuportável para seus filhos adultos.

Cristãos devem pensar biblicamente ao encarar esse período tão complicado:

  • Pare de usar uma linguagem que acoberta a morte. O mundo secular não tem respostas para o pós-morte, então tenta tirar a morte do campo de visão – para dentro de hospitais e sob cuidado de médicos, enfermeiras e funerárias. O cristão sabe que a morte é parte da caminhada da vida. Enquanto “caminhamos pelo vale da sombra da morte”, Cristo prometeu estar presente para nos confortar.
  • Se seus pais são cristãos, ajude-os a planejar o funeral deles para que seja o testemunho mais claro possível da obra de cristo na cruz. O que é mais importante: que as pessoas se reúnam para ouvir sobre o tempo que seu pai gastou acampando ou contando boas piadas, ou sobre perdão de pecados?
  • Ajude seus pais a gravarem orações simples para conforto em tempos de dor e de morte. Um pastor certa vez me disse que um membro de sua igreja que teve câncer de pulmão costumava orar apenas “Senhor, tenha misericórdia; Jesus, tenha misericórdia de mim; Senhor, tenha misericórdia”. Outra pessoa aprendeu o Salmo 23 tão bem que ele se tornou parte de seu vocabulário. Ela era capaz de lembrar-se dele mesmo quando era difícil de concentrar-se em outras coisas.
  • Mantenha em mente o valor individual. Cristãos acreditam que nosso valor começa no útero e não acaba até que retornemos aos braços do Pai. Quando muitas pessoas determinam que o valor esteja no que você pode fazer ou contribuir, é fácil considerar os mais velhos como inúteis. Mas é nosso Pai que está no céu que determina quem tem valor. A identidade de alguém não muda por conta da idade.

Por fim, cuidar dos nossos pais nos lembra que o mandamento de honrar e amar os mais velhos nunca acaba, ao nos dar a oportunidade de amar os outros como Cristo nos amou.

Um amigo me contou que dava banho em seu avô. “Sendo o típico adolescente egoísta que eu era, não fiquei muito empolgado com a idéia”, me disse. Mas rapidamente se lembrou da humildade de Cristo para conosco.

“Isso não era nada, se comparado ao que Jesus fez por mim – não era nada se comparado ao que os meus pais e avós fizeram por mim. Essa era minha vocação como filho e como neto”, concluiu.

Essa é a nossa vocação também.

Traduzido por Filipe Schulz | iPródigo