Na história da Igreja, as doutrinas dela têm sido entendidas e organizadas em sete tópicos ou categorias distintos, porém interligados: Escritura, Deus, Homem, Cristo, Salvação, Igreja e Últimas Coisas. Essas doutrinas distintas, mas inseparavelmente relacionadas, revelam que a doutrina da Trindade é a raiz fundamental de onde todas elas vêm, pela qual elas são reveladas e o fruto para o qual elas apontam (Rm 11.33-36). Nosso conhecimento de toda a criação e, assim, do nosso Criador e Redentor é do início ao fim trinitariano.
A doutrina bíblica da Trindade afirma que Deus é um ser em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo, desde toda a eternidade, e esses três são o mesmo em substância, iguais em poder e glória. Todas as três pessoas da Trindade são igualmente Deus, ou poderíamos dizer que a plenitude de Deus está presente nelas, ou em cada pessoa. O Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus. Nenhum dos três carece de algo que um dos outros tenha. Nenhum deles começou ou deixou de ser quem é (Ex 3.14). A simplicidade de Deus e sua imutabilidade ou impassibilidade são expressas nestas verdades. Ainda assim, apenas Deus Filho tornou-se Homem. Sim, para dizer o mínimo, isso é difícil de entender! Porém, é isso que Deus revela sobre si mesmo por meio de sua palavra escrita e, de fato, em toda a criação. Porém, não teríamos qualquer conhecimento disso simplesmente a partir da criação, por causa de nosso pecado. A obra da Trindade de salvar pecadores fornece esse conhecimento.
Não há deficiência no que Deus faz. Há um verdadeiro conhecimento de Deus revelado por Deus no que ele criou, toda sua unidade e diversidade. Deus revela-se em e por meio de sua criação. Por causa do pecado, contudo, todos os seres humanos suprimem a verdade (Rm 1.18) da revelação de Deus de si mesmo presente na criação. Nosso pecado consiste em nossa incapacidade e indisposição de entender e responder de uma maneira correta a todas as diversas realidades criadas e que existem em um relacionamento particular umas com as outras e conosco (Rm 1.18-32). A falha de admitir e viver corretamente na verdade sobre Deus é culpa nossa. A criação não é deficiente, mas pecadores são.
Sem a decisão divina de ter misericórdia por pecadores humanos, eles não seriam salvos do pecado ou conheceriam Deus como o amoroso Pai, Filho e Espírito Santo. A salvação de pecadores é sua obra triuna pela qual ele revela sua natureza e poder triunos àqueles a quem ele escolhe ter misericórdia. Essas são as pessoas por quem o Pai enviou o Filho, por quem o Filho viveu, morreu, ressuscitou e ascendeu ao céu, para quem o Pai e o Filho enviaram o Espírito Santo, e para quem e a quem o Espírito Santo revela a verdade da salvação por meio de sua aplicação a eles de tudo o que Jesus, o Filho, lhes assegurou para glória eterna do Deus Triuno (João 14-17). Assim, há uma diversidade dentro da obra unificada de salvação realizada por Deus. A obra salvífica de Deus só entendida corretamente em sua natureza trinitariana.
Essa obra trinitariana de salvação acontece na criação de Deus que foi corrompida e escravizada pelo pecado (Gênesis 3; Romanos 8.19-23). Essa obra triuna destrói a obra do diabo (1 Jo 3.8). O Deus Triuno que criou o tempo e o espaço, as próprias realidades que incluem o “domínio histórico”, tem resgatado e continua a resgatar seu povo de sua escravidão em cada era da história, e está resgatando a própria história do pecado. É Deus cumprindo suas promessas pactuais, primeiramente feitas a Adão e Eva em Gênesis 3.15 e historicamente aplicadas e progressivamente reveladas pelo Pai por meio do Filho pelo Espírito Santo enquanto providencialmente governa e guia a história de sua criação.
O Deus Triuno começou sua obra com Adão e Eva, os primeiros homem e mulher, os primeiros marido e mulher, que foram unidos por ele na união pactual do casamento, ele revelou que esse mesmo tipo de relacionamento conjugal pactual é visto em seu relacionamento pactual com sua igreja por meio do relacionamento de Cristo com ela através do Espírito que a salva de seu pecado e será consumado na e através da história. (Gn 1-3; Ef 5.21-33; Apocalipse 19-22).
Em tudo isso, vemos uma unidade dentro de uma vasta diversidade, uma capacidade de distinguir uma realidade da outra e em relação a outra realidade. A própria base ou raiz de todo o conhecimento humano de tudo na criação, e que está inseparavelmente relacionado às doutrinas da fé cristã em toda a sua unidade e diversidade, é a unidade e a distinção entre Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Porém, não teríamos conhecimento desses assuntos se não fosse pela obra do Deus triuno em que o Filho paga a penalidade pelo nosso pecado e nos liberta do poder e da presença do pecado, por meio do poder do Espírito para a glória do Pai. Louvado seja o Deus Triuno!